Martinho Júnior, Luanda
A SUL DO MEDITERRÂNEO, NO MAGREBE E MAIS A SUL NA TRANSVERSAL DO SAHEL, O AFRICOM DESDOBRA-SE DISSEMINANDO ACTIVIDADES NO PARALELO MARROCOS-ISRAEL!
A reaplicação da doutrina Rumsfeld/Cebrowski (destruição de estruturas estatais em países com as maiores reservas energéticas do Sul Global, a fim de implantar caos, fundamentalismo religioso e desagregação num processo “eterno”), está a alastrar do Médio Oriente Alargado para África. (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/03/18/de-donde-parte-del-caos-y-el-terrorismo-impuesto-por-la-iii-guerra-mundial/; https://estrategiaglobal.org/2020/06/29/como-washington-pensa-que-ira-vencer/).
O exercício de Donald Trump provocou um relativo hiato nessa aplicação, a contragosto do Pentágono e da CIA que sempre foram resistentes ao Presidente e foram alimentando práticas conspirativas continuando as aptidões que correspondiam aos interesses da aristocracia financeira mundial do “hegemon”!… (https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/11/thierry-meyssan-as-insoluveis.html).
Agora, enquanto no Médio Oriente Alargado existe uma relativa diminuição de intensidade operativa em função desse hiato e face à pressão directa de emergentes como a China, a Rússia, os componentes da Ásia Central e o Irão, ainda que o sionismo de Israel tenha vindo fortalecer o CENTCOM do Pentágono, em África, inaugurada a entrada em acção da administração de Obama III, Joe Biden, a tendência é para a aplicação dessa doutrina prevalecer numa escala nunca antes experimentada, tirando sobretudo partido do eixo Rabat-Jerusalém e das iniciativas da FrançAfrique no Sahel envolvendo estados vulneráveis como os da Mauritânia, do Mali, do Chade, do Níger e do Burkina Fasso, alguns que ocupam a cauda dos sucessivos Relatórios Anuais sobre os Índices de Desenvolvimento Humano! (https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idh-global.html; https://news.un.org/pt/story/2020/05/1714192; https://frenteantiimperialista.org/blog/2021/03/11/fin-de-la-otan-en-siria/).
No Sahel o jogo cruza do Atlântico ao Índico, do Senegal à Somália e desse paralelo expande-se com cada vez maior intensidade na direcção sul! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/10/06/cinturon-de-caos-en-el-paralelo-del-sahel/).
Se com Israel sionista o grande sacrifício é o do povo palestino, com o Reino de Marrocos é o povo saaraui e em ambos os casos o resultado é mais colonialismo e mais “apartheid”, sem limites, nem contemplações, quando urge civilização neste tão barbarizado e feudal século XXI!
Tal como há dez anos o “hegemon” e seus vassalos atacavam a Líbia e a Síria para salvar os reis (das monarquias arábicas sobretudo), reforça-se o colonialismo no noroeste de África, a fim de salvar a monarquia de Mohamed VIº, um tentáculo apto a saquear as riquezas do Sahara! (http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/salvar-os-reis.html; )
Os fins justificam os meios!... (http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/castas-das-arabias.html; https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/09/17/desde-aquel-11-de-septiembre-de-1973/; http://pagina--um.blogspot.com/2011/03/iraque-iraque-75-anos-depois.html).
01- Há 235 anos, em 1786, o então Sultanato de Marrocos e os Estados Unidos recém-independentes, firmaram um Tratado de Amizade que prevalece até nossos dias. (https://en.wikipedia.org/wiki/Moroccan%E2%80%93American_Treaty_of_Friendship).
Naquela altura o Sultão Muhammad III, or Sidi Muhammad ibn Abdallah, depois de vários anos de intercâmbio clandestino e inteligente, formalizou esse Tratado que da parte dos Estados Unidos mereceu a assinatura de dois diplomatas que estavam em funções na Europa: Thomas Jefferson e John Adams.
Marrocos havia apoiado os esforços para a independência dos Estados Unidos face ao colonialismo imperialista da Coroa de Sua Majestade Britânica e foi o primeiro país a reconhecer a independência dos Estados Unidos. (https://en.wikipedia.org/wiki/Morocco%E2%80%93United_States_relations).
Sem dúvida que foi uma iniciativa progressista para a época, numa altura em que as revoluções em prol da independência se sucediam nas colónias europeias da América e a Revolução Francesa marcava os tempos e os modos de liberdade na Europa e a partir dela. (https://es.wikipedia.org/wiki/Descolonizaci%C3%B3n_de_Am%C3%A9rica; https://sobrehistoria.com/america-latina-en-el-siglo-xix/; https://www.unprofesor.com/ciencias-sociales/antecedentes-de-la-independencia-de-las-13-colonias-3232.html).
Essa tendência chegaria a influenciar em meados do século XX, a política externa de Marrocos ao apoiar a luta de libertação em África contra o colonialismo, que só foi alterada quando de novo se fizeram sentir as influências dos interesses e conveniências dos Estados Unidos (apoio a Mobutu no então Zaíre e à FNLA angolana na década de 70).