Martinho Júnior, Luanda | complementado com texto de Artur Queiroz
Agora tudo nos vai surgindo de forma convulsiva e em alguns casos até por vezes “aliciadora”, mas com um conta-quilómetros e um “timing” próprios, de forma aberta ou em circuito fechado, desde a propaganda sobre o 27 de Maio de 1977 indexada ao sopro inteligente dos do golpe de estado do 25 de Novembro de 1975 em Lisboa, até ao eco das vozes dos “queimadores de bruxas” nas fogueiras da Jamba de tão bárbara memória!
Os etno-nacionalismos e os seus mentores europeus estão a fazer tudo para cumprir a sua quota-parte diligente e velada nos “jogos africanos”, em mais uma cada vez mais indiciada tentativa de tomada de poder em Angola aproveitando as eleições gerais de 2022, enquanto a mão do “hegemon” continua, via RDC e aproveitando as antigas redes de tráfico semeadas por Mobutu e Savimbi, a instalar islâmicos por toda a imensa região dos diamantes aluviais do centro-nordeste (Kwanza, Cuango e Cassai), a maior a céu aberto do mundo, reforçando com isso o seu poderio em todos os circuitos comerciais locais (a nível de bairro, comunal, municipal e provincial).
A situação em Cafunfo, sob o rótulo do Movimento do Protectorado Português Lunda-Tchokwe é já uma emanação dessa tenebrosa articulação já antes alertada, que se está a paulatinamente a arquitectar no centro-nordeste, que surge em sintonia com o resto: desde o jogo de inteligência de potências coloniais europeias (particularmente o jogo que passa por Lisboa e Bruxelas), ao jogo dos “costas que estão a dar à costa” e ao dos “gatos” que se pretendem esconder quando todo o corpo está visível à luz do dia!
Foi para isto que serviu o 31 de Maio de 1991 em Bicesse, a outra face da moeda que pôs fim à República Popular de Angola, ao Partido do Trabalho, à convulsão intestina dentro da Segurança do Estado, às FAPLA… e é por isso que na “transversal” de algumas das instituições mais decisivas do próprio estado a atmosfera que se vai indiciando é de desagregação, por que muitos procuram dividir e dividir para alguma vez tentarem reinar, ou na aparência fazerem “terceiras bandeiras” reinar!
É próprio duma “democracia representativa e multipartidária” e do ambiente de capitalismo selvagem que se foi instalando quando penetrou depois do choque de 1992/2002, a terapia neoliberal!