quarta-feira, 14 de julho de 2021

Os “sábios” portugueses e a rebaldaria do pseudo-combate covid-19*

Positivo à mesa 3

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

Estas últimas medidas de combate à covid parecem mesmo terem sido inventadas pelo ministro Eduardo Cabrita. Tal e qual. Afinal, apresentação de um autoteste negativo para ir a um restaurante ou a um hotel no fim-de-semana faz algum sentido? Portanto, milhões de portugueses vão trabalhar para fábricas, escritórios ou oficinas, ao supermercado, às lojas, usam transportes públicos, e não são obrigados a testar. Mas já para ir almoçar fora necessitam de teste? E os cafés que servem refeições estão abrangidos? Parece que não... E porquê?! O vírus só circula nos restaurantes e apenas ao sábado e ao domingo? E feriados, não se esqueçam dos feriados! Muito importante. Jantar fora à quinta-feira é menos arriscado, já sabem.

Entretanto, esclareceram que quem fica na esplanada sem teste pode usar a casa de banho. Ufa! Entre escarafunchar narinas à porta dos estabelecimentos, salivações e WC"s interditados, o cenário, que já era distópico, estava a ficar além de escatológico. Seja como for, está ainda por esclarecer como serão os locais para descartar todo o material covid, os preços dos testes, a protecção de dados (ou isso agora já não interessa nada?), a comprovação. A sério que será um chefe de sala a fiscalizar o seu esquema vacinal? E a testagem, a quem caberá? Ao cozinheiro? O gerente ficará informado se o cliente que quer um bife esteve ou não doente com covid nos últimos seis meses? Enfim, a única coisa que o governo conseguiu concretizar foram as coimas. Sempre as coimas. O importante é a repressão, até porque hoje os restaurantes, amanhã as empresas ou os hospitais (estes testes são um teste, certo?).

Já que muitos alojamentos locais usem auto check-in, impossibilitando qualquer controlo, que as medidas sejam apresentadas à última hora, não dando tempo de adaptação, ou que ninguém saiba como proceder perante um desses testes positivos apresentados ao empregado de mesa, parece não interessar nada a António Costa. Para o Executivo, o que importa é parecer que se faz alguma coisa e exercitar o músculo totalitário, até porque ninguém será responsabilizado pela ilegalidade, pelo falhanço e pelo absurdo, como, de resto, ainda agora sucedeu com o inconstitucional cerco a Lisboa, que demonstrou ser também uma colossal palhaçada. Finalmente, conseguiram calar o Presidente da República. É obra.

Costa antecipa mil milhões de dívida do tempo de Passos Coelho

Governo paga mais cedo dívida à troika e alivia encargos de 2024

O Estado português foi ontem aos mercados e pagou mais cedo (recomprou, três anos antes da data de vencimento) uma parte significativa de uma Obrigação do Tesouro (OT) a dez anos (cerca de 25% do total em dívida, quase mil milhões de euros), denominada em dólares, emitida pelo anterior governo PSD-CDS, de Pedro Passos Coelho, e cuja taxa de juro associada é muito elevada para os padrões atuais.

As taxas de Portugal nesta era do governo PS de António Costa continuam perto de mínimos históricos, mas sobretudo graças à ação sem precedentes do Banco Central Europeu (BCE). Aliás, todos os países do euro estão a beneficiar há anos desses enormes programas de compras que fazem baixar o custo da dívida pública.

A OT emitida em setembro de 2014, que na altura representou um endividamento de quase 3,8 mil milhões de euros (ao câmbio atual) tem uma taxa de juro de 5,125%, mas atualmente Portugal consegue ir aos mercados e pagar apenas 0,3% por títulos equivalentes. As poupanças com juros decorrentes desta operação conduzida pela agência da dívida pública portuguesa (IGCP) são óbvias.

VARA, O INJUSTIÇADO


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Profetas do vírus anunciam a próxima pandemia

O exercício Ciber Polygon tem a participação de dezenas de países e funciona como uma resposta «em tempo real a um ataque direccionado contra a cadeia de suprimentos num ecossistema corporativo».

José Goulão* | AbrilAbril | opinião

Na sexta-feira, 9 de Julho, entidades que integram a comunidade dos profetas do vírus que anunciaram o SARS-CoV-2 em Outubro de 2019, cerca de dois meses antes de ser detectado na China, realizam uma simulação designada Cyber Polygon do que consideram ser a próxima pandemia, uma ciberpandemia com tal dimensão que, comparativamente, faria a crise da Covid-19 parecer um «pequeno distúrbio». Quem o diz é o chefe do Fórum Económico Mundial (WEF na sigla inglesa), Klaus Schwab, ardente defensor do aproveitamento destas convulsões como «janelas de oportunidade» para proceder ao «novo reinício», o Great Reset do capitalismo.

Escassos dias antes desta operação Cyber Polygon, isto é, no fim-de-semana de 4 de Julho, aconteceu o «maior ciberataque de sempre», segundo numerosas fontes e analistas: hackers supostamente de um gangue conhecido como REvil piratearam os sistemas informáticos de mais de mil empresas e individualidades em pelo menos 17 países do mundo, atingindo áreas como os serviços financeiros, de abastecimento, de viagens e lazer, sectores públicos, comerciais e energéticos. Estamos então perante uma curiosa coincidência astral, que permite aos participantes na magna simulação desta sexta-feira trabalharem a «quente», beneficiando de um oportuno exercício de «fogos reais» em curso.

As coincidências não ficam por aqui. Há um ano, a 8 de Julho de 2020, o Fórum Económico Mundial e respectivos associados na arte de anteciparem catástrofes virais que deixam o mundo literalmente em estado de sítio promoveram um outro exercício de ciberpandemia. Nessa altura, como veio a perceber-se pouco tempo depois, estava em andamento outro ciberataque transnacional que teve como epicentro a empresa norte-americana de tecnologia de informação SolarWinds, gestora de redes de alguns dos principais grupos mundiais, e atingiu, segundo os queixosos, gigantes empresariais como a Microsoft e a Cisco e os Departamentos de Segurança Interna, do Tesouro e áreas da Defesa dos Estados Unidos. E também, muito significativamente, a USAID, a «agência de desenvolvimento internacional» teleguiada pela CIA em processos de golpes brandos praticados a partir de Washington.

Na ocasião, o Cyber Command norte-americano confessou-se «apanhado de surpresa». Igualmente surpreendente é o facto de o grande ataque de há dias não ter gerado qualquer incómodo nos mercados globais, uma vez que as principais praças financeiras do mundo e também o ouro, o petróleo e o dólar registaram serenas subidas entre 0,45 e 1,85% na segunda-feira. Estarão os grandes santuários do capitalismo global imunes aos «maiores ciberataques de sempre»?

Existe neste contexto, porém, uma certeza nada intrigante para porta-vozes oficiais, analistas e especialistas, jornalistas e outros agentes da comunicação social corporativa: os autores das malfeitorias que fazem convergir os profetas dos vírus, sejam eles biológicos ou informáticos, nos exercícios que antecipam catástrofes são «os russos». Para todos os efeitos, os serviços de inteligência externa, SVR, por conta própria ou através de hackers arregimentados sob as suas ordens. Escasseiam as provas mas abundam as certezas, como é próprio dos dogmas. O CEO da Fire Eye, uma das empresas que se dizem atingidas, garante que os indícios «são mais consistentes com a espionagem e comportamentos próprios da Rússia».

Donald Trump ainda culpou a China, mas o seu sucessor, Joseph Biden, está tão seguro das responsabilidades de Moscovo que expulsou diplomatas russos e impôs novas sanções ao país como resposta ao ataque de 2020 à SolarWinds.

Os gananciosos e os reacionários

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

1. Não era difícil adivinhar que, no que diz respeito às vacinas contra a covid-19, a solidariedade dos ricos não passaria o teste do algodão.

A campanha avançou a toda a velocidade no bloco europeu, no Reino Unido ou nos Estados Unidos, para citar os mais ricos e poderosos, ou seja, os que açambarcaram a fatia de leão. Já se sabia que o resto do Mundo teria de esperar (com a exceção da China e da Rússia, que têm capacidade científica e recursos para se desembaraçarem sozinhas).

Mas o desequilíbrio vai acentuar-se. Faz caminho a ideia de que é necessário avançar já com uma terceira dose. A Pfizer está em campanha entre os que têm dinheiro para pagar mais caro. E há países, como o Reino Unido, a poucas semanas de a começar a aplicar. Segundo o alerta mais recente, quatro países vão gastar 800 milhões de vacinas com uma população já vacinada.

É "ganância", diz o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde. Não querem só uma fatia do bolo, querem o bolo todo, acrescenta outro responsável da OMS. É tudo isso, mas é também miséria moral e desumanidade. E nenhum de nós, os que vivemos no mundo rico, pode fazer de conta que nada tem a ver com isso. Somos nós que escolhemos estes líderes políticos de baixo calibre.

2. Já não há retórica ideológica em que se possam abrigar. O regime cubano é profundamente reacionário, como prova a linguagem e a violência usada contra os milhares de cidadãos que se têm manifestado pacificamente nas ruas, durante os últimos dias. Nuns casos, será gente que protesta porque a sobrevivência diária é um martírio, noutros, gente que decidiu rebelar-se contra a repressão política. São estes os novos revolucionários.

Quando a revolta estava a nascer, o presidente cubano ainda admitia que entre a multidão havia "revolucionários equivocados". Nos dias seguintes, já só sobravam "mercenários" a soldo dos americanos, "delinquentes" e "indecentes".

O problema é que nem a linguagem dura nem a força bruta serão, a prazo, suficientes para manter Miguel Díaz-Canel e a elite reacionária que o suporta. O novo lema "Pátria e vida" tem mais atualidade e força do que o decrépito "Pátria ou morte".

*Diretor-adjunto

O IMPERIALISMO AMERICANO PRECISA DE IMPOSTOS

Octávio Serrano* | opinião

Seria um grande golpe no neoliberalismo global vigente; aplicar uma taxa global de IRC sobre as multinacionais; independentemente, do sitio onde operassem, ou tivessem as suas sedes! Pensará o cidadão comum: muito bem! Até que enfim que vai existir alguma justiça fiscal!

Mas os dirigentes do G7, estarão assim tão preocupados em justiça fiscal para o Mundo, ou os seus objectivos reais serão outros?

Na verdade o neoliberalismo triunfante que há mais de trinta anos se abateu sobre o Mundo, revelou aspectos profundamente nefastos para as economias capitalistas; alguns; a subalternização e enfraquecimento dos Estados; uma concentração de riqueza ineficiente e injusta; um excesso de endividamento do Estado e dos consumidores; uma descentralização produtiva perigosa, das economias mais importantes para as economias em vias de desenvolvimento; o crescimento de potências económicas, financeiras e militares, que colocam em causa o domínio do imperialismo americano sobre o Mundo; a falência do capitalismo de base social e económico; a limitação progressiva do consumo, em fazer crescer as economias; a incapacidade dos Estados, intervirem sobre as crises provocadas pelo sistema capitalista; e emissão massiva de credito, pelos principais Bancos Centrais, que mais não fazem do que segurar pelas pontas, economias em dificuldades, e contribuir para o enriquecimento galopante dos grandes empórios financeiros do Mundo.

Sabe-se que o Estado Americano, tem uma divida publica astronómica; e que os seus déficits são enormes, além de recorrentes; que a continuação da politica de financiamento recorrendo é emissão de divida publica, tem os seus limites; assim como é limitada, a capacidade de um Estado encolher os seus gastos até ao ponto de colocar em causa a sua própria existência, baseada no lema do chamado “bem publico”; seja o que for, o que isso queira dizer! Qualquer Estado, mesmo o Americano, que aposte no endividamento sem limite, corre o risco de entrar em “default” financeiro; a emissão de moeda e de credito pelos Bancos Centrais, será sempre uma medida paliativa; pois na altura, em que os juros da divida se tornarem incomportáveis, o risco de não retorno a uma divida sustentável, será inevitável!

Cuba: Revolução colorida apoiada pelos EUA ou protestos legítimos inspirados no COVID?

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | OneWorld

As consequências internas da crise econômica global causada pela resposta descoordenada do mundo ao COVID-19 estão sendo exploradas como um disfarce para a realização de uma tentativa de Revolução da Cor apoiada pelos EUA em Cuba, o que significa que, embora alguns manifestantes possam ter queixas legítimas, como a maioria dos seus pares em todo o mundo durante este período difícil, também há, sem dúvida, alguns que estão ativamente tentando tirar vantagem disso para derrubar seu governo.

Cuba está de volta ao noticiário depois que protestos estouraram inesperadamente na capital. Os participantes afirmam que estão se manifestando em resposta à deterioração das condições socioeconômicas causada pela resposta de seu governo ao COVID-19, enquanto o governo os acusa de fazer parte de um complô apoiado pelos EUA para realizar uma Revolução da Cor. A verdade, como sempre, provavelmente está em algum lugar no meio, já que a situação é muito mais complicada do que qualquer um dos lados a retrata. Também piorou com as autoridades americanas, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Biden, que pressionaram seus colegas cubanos por razões políticas de interesse próprio.

Os desafios socioeconômicos de décadas da nação insular são o resultado direto da política de sanções unilaterais dos Estados Unidos, que também ameaça impor as chamadas “sanções secundárias” contra uma ampla gama de entidades estrangeiras que possam decidir fazer negócios em Cuba. O povo cubano, liderado pelo partido comunista de seu país, perseverou corajosamente neste momento difícil, mas o número ainda é impossível de ignorar. Os observadores também não podem descartar o impacto psicológico de longo prazo da perniciosa campanha de guerra de informação dos EUA em moldar as percepções dos jovens sobre seu futuro.

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