segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

ESTÃO A NEGAR VACINAS COVID-19 ÀS NAÇÕES MAIS POBRES

As nações mais pobres estão tendo as vacinas negadas, e a Grã-Bretanha deve assumir grande parte da culpa

# Publicado em português do Brasil

Espírito Lara* | The Guardian | opinião

O surgimento da Omicron não é nenhuma surpresa, já que as promessas quebradas dos países mais ricos levam a baixas taxas de vacinação - e mutação do vírus

O mundo é refém do que se chama “ um ciclo de pânico e abandono ”. A variante Omicron, enquanto esperamos por esclarecimentos sobre suas muitas incógnitas, desencadeou a última crise desse pânico. Mas é um pânico nascido diretamente da insularidade egoísta: como as nações ricas acumularam vacinas excedentes o suficiente para inocular toda a sua população muitas vezes, nos países de baixa renda apenas uma pequena porcentagem recebeu até mesmo uma única dose.

Mesmo com os ambiciosos programas de reforço, ainda há muitas doses não utilizadas nos armazéns das nações ocidentais. Portanto, não há necessidade de escolher entre vacinar países de baixa renda ou oferecer reforços em nações ricas: ainda podemos fazer as duas coisas. Uma nova análise da empresa de dados Airfinity conclui que, mesmo com as políticas de reforço levadas em consideração, no G7 e na UE ainda haverá cerca de 1,4 bilhão de doses excedentes até o final de março de 2022. É quase criminoso que não estejam sendo urgentemente transportado por via aérea para países necessitados.

Três breves explosões de liderança das principais economias neste ano representaram muito pouco: em junho, a cúpula do G7 na Cornualha prometeu 1 bilhão de doses (muito menos do que o necessário e ainda não entregue seis meses depois); então, em setembro, a cúpula de vacinas “global” de Joe Biden provou ser uma entrevista coletiva para anunciar um negócio de 500 milhões de vacinas da Pfizer, com Boris Johnson pulando o evento inteiramente; e em outubro o G20 de Roma terminou sem solução para a paralisante desigualdade de acesso.

A Grã-Bretanha deve arcar com grande parte da culpa. No espaço de seis meses, o primeiro-ministro deixou de exortar outros líderes do G7 a "vacinar o mundo" na Cornualha para entregar uma proporção menor de doses prometidas do que qualquer uma delas ( apenas 10% das doses de 100m foram entregues) .

Se o Labour não apoia os trabalhadores, os sindicatos não apoiam o Labour

O Unite, o maior sindicato no Reino Unido, anunciou que vai deixar de apoiar financeiramente o Labour. Já a juventude do Labour prometeu não voltar a fazer campanha por candidatos que furem um piquete de greve.

A reformulação do gabinete-sombra do Labour (Partido Trabalhista Britânico), comandada, esta semana, pelo seu actual líder, Keir Stammer, marcou mais um passo na progressiva aproximação à direita do partido. A extinção do cargo de ministro-sombra para os direitos trabalhistas não deixa muitas dúvidas sobre as novas prioridades da direcção do partido: a economia, não os trabalhadores.

Embora o sindicato vá continuar a pagar as quotas da sua afiliação ao Labour, Sharon Graham, recém-eleita secretária-geral do sindicato Unite, com mais de 1.4 milhões de afiliados, não tem dúvidas de que o resto do «dinheiro do fundo político [usado pelo sindicato para financiar campanhas eleitorais], devia estar a ser melhor utilizado».

«Westminster não é o centro de tudo, há outras formas de fazer com que as coisas aconteçam, marcar o passo» de políticas laborais e sociais, que a direcção do Labour, se quiser, deve acompanhar. O fundo político será agora realocado para grandes campanhas, nacionais, regionais e locais, que beneficiem, directamente, os trabalhadores.

Portugal | O SEGUNDO ASSASSINATO DE IHOR HOMENYUK

Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

Tive alguma simpatia por Eduardo Cabrita quando, nos tempos da troika, pôs um secretário de Estado na linha, desligando-lhe o microfone porque, evidentemente, no Parlamento há regras a cumprir e mandam os deputados e não o Governo. Como ministro, não gostei da sua atuação, sempre com cara de zangado com o mundo e cometendo diversos erros, quanto mais não fosse de comunicação, ao longo destes anos, em que se tornou o bombo da festa, principalmente dos partidos da Direita.

Demitiu-se, agora, invocando as razões erradas. É evidente que, sobre o acidente, embrulhou-se em afirmações infelizes. Mas um acidente rodoviário é isso mesmo: um acidente. Que, infelizmente, como acontece diariamente em Portugal, vitimou uma pessoa, destruindo uma família e ensombrando a vida de quem esteve envolvido no mesmo. Mas só o estilo CMTV (que contagiou a Direita e os órgãos de comunicação social que preferem as audiências à seriedade) pode transformar este acidente na reivindicação da demissão de um ministro. Não apenas porque, de facto, foi um acidente, independentemente do incumprimento do Código da Estrada (se fosse na Alemanha, esse código teria sido cumprido). Mas, principalmente, porque ao defenderem esta demissão por esta causa estão a desonrar a memória de um cidadão ucraniano - Ihor Homenyuk - torturado até à morte por serviços tutelados por Cabrita. Aí, sim, exigia-se a sua demissão. Não por ser o responsável direto por este inqualificável ato, mas porque seria a melhor forma de mostrar que comportamentos destes não são toleráveis. Sairia com honra. Tendo continuado, sai pela porta pequena. A mesma onde estão todos aqueles que, na altura, tiveram tímidas reações e, agora, se puseram em bicos de pés....

*Engenheiro

Portugal soma mais 2.216 casos e 14 óbitos por Covid-19

Direção-Geral de Saúde divulgou os dados mais recentes da pandemia. Portugal soma hoje mais 2.216 casos e 14 mortes por Covid-19, segundo os dados divulgados pela Direção-Geral de Saúde.

Com estes números, falamos de um aumento de 0,19% no que diz respeito aos casos e 0,08% nos óbitos.

O país passa assim a acumular 1.169.003 contágios e 18.551 óbitos desde o início da pandemia

Hoje é possível ainda verificar um aumento do número de internados, mais 37 em enfermaria face a este domingo e mais um em Unidades de Cuidados Intensivos.

Lisboa e Vale do Tejo regista quatro dos 14 óbitos - é a segunda região com mais novos casos (662), logo a seguir ao Norte com 683 novos casos. O Centro regista duas mortes, e 480 contágios. Norte reporta esta segunda-feira três mortes, o Algarve 218 casos e cinco mortes e o Alentejo 50 novos casos mas nenhuma morte. 

Nas regiões autónomas, os Açores diagnosticaram mais 17 contágios e a Madeira 106.

A apontar ainda a recuperação de mais 1.408 pessoas.

Notícias ao Minuto 

Portugal | PERDOA-LHES QUE NÓS NÃO

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

Pode a máfia russa investigar o tráfico de mulheres? E os cartéis mexicanos poderão nomear comissões para investigar o narcotráfico? Não se trata, pelo contrário, de competência da polícia de investigação criminal? Os investigados escolhem os investigadores? E ainda lhes pagam? Que sentido faz? A igreja católica em Portugal vai então apurar décadas de abusos sexuais perpetrados na sua própria instituição e, claro, para isso seleccionou pessoas de bem, com prestígio, bons currículos e toda a credibilidade. Pois claro. Faria agora algum sentido o criminoso recrutar para investigar a sua própria casa gente sem mérito? A igreja escolhe e escolhe bem, paga-lhes e lava tudo. O orçamento será curto, a equipa reduzida e o prazo de um ano bem pequeno (tudo muito insuficiente quando comparado com França ou Austrália, por exemplo) mas se, no final, apenas se confessarem dois ou três peões do xadrez e se tudo souber a pouco, de quem será a responsabilidade? Certamente, da meia dúzia de técnicos independentes e irrepreensíveis que precisam de toda a sorte deste mundo. E do outro.

Jamais o crime organizado poderia constituir uma comissão independente para investigar colarinhos brancos, evidentemente. Reparem que se uma associação criminosa desse uma fatia dos seus enormes lucros à polícia judiciária para a investigar (poupando o já delapidado erário público), isso seria melhor do que ser o próprio crime organizado a investigar-se a si mesmo mas, ainda assim, suspeito e comprometido. Por isso, a rica Igreja Católica certamente não fará uma doação à PJ para analisar os crimes de colarinho preto mas ainda menos sentido faz que seja a Conferência Episcopal Portuguesa a determinar e a bancar a investigação a si própria, posto que não é lacre de imparcialidade alguma. Bem antes pelo contrário. Já agora, os 21 arquivos de cada uma das dioceses católicas (é aí que estão os documentos relevantes) estão sob a alçada dos Bispos, muitos dos quais estão contra este processo. Como se não bastasse, a Igreja Católica ainda não tornou obrigatória a denúncia às autoridades civis dos casos de abuso sexual e continuam a ser os bispos a fazer essa gestão. Ainda acredita? Fé?

Em matéria criminal, e ainda por cima tratando-se da integridade e dos direitos das crianças, há instituições para os garantir. Instituições essas a que a Igreja não pode nem deve sobrepor-se. Recorde-se, como aliás foi de novo sublinhado pela PJ esta semana, e como é óbvio, que as queixas nunca foram oriundas da própria igreja, partido sempre das vítimas e, noutros casos, surgindo de denúncias da imprensa ou por pressão política. Trata-se de uma instituição com dois mil anos, com muito poder e pouco escrutínio, onde o abuso está, infelizmente, intricado na sua própria orgânica, tanto que se revelou paraíso para predadores enquanto se proclamava dona da moral pública. Assim, a República Portuguesa devia chamar para si a responsabilidade de apurar todos os factos, não abrindo qualquer precedente. Hoje é a igreja que se investiga a si mesma, amanhã quem será? Um clube de futebol? Um banco? Os crimes prescrevem e os pecados não, mas nós precisamos de verdade e não de um milagre. Tomara que chegue. Oxalá.

*Psicóloga clínica. Escreve de acordo com a antiga ortografia

HOJE | Ministros da UE vão adotar posição conjunta sobre "salários mínimos"

Na União Europeia, os salários mínimos variam entre pouco mais de 300 euros na Bulgária, até mais de 2100 no Luxemburgo.

Os ministros europeus com as pastas do Trabalho e da Segurança Social reúnem-se esta segunda-feira em Bruxelas. A Transparência salarial e impacto da inteligência artificial sobre o mercado de trabalho são alguns dos temas em discussão.

Os ministros deverão ainda adotar uma posição conjunta sobre a diretiva dos salários mínimos na União Europeia. Bruxelas apresentou a proposta há pouco mais de um ano, com o objetivo de "assegurar a todos os trabalhadores europeus" um padrão mínimo salarial, que garanta "condições de vida adequadas".

Na União Europeia, os salários mínimos variam entre pouco mais de 300 euros na Bulgária, até mais de 2100 no Luxemburgo.

BIDEN E PUTIN REUNEM-SE NA TERÇA-FEIRA COM A UCRÂNIA NA AGENDA

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo norte-americano, Joe Biden, deverão reunir-se por videoconferência na terça-feira, avançou o Kremlin, numa altura em que aumentam as tensões entre a Rússia e os EUA sobre a Ucrânia.

“Confirmamos" que este encontro terá lugar na terça-feira, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência de notícias Interfax. A agência Ria Novosti precisou que a reunião decorrerá "à noite" (na Rússia) e que a sua duração "será determinada pelos próprios presidentes".

O anúncio deste encontro, que estará a ser preparado há vários dias por Moscovo e Washington, acontece numa altura de grande tensão entre a Rússia e os países ocidentais devido ao crescente número de tropas russas concentradas na fronteira com a Ucrânia, no que é interpretado como um sinal de uma invasão iminente daquele país.

Moscovo tem vindo, contudo, repetidamente a negar qualquer intenção neste sentido e acusa os países ocidentais de aumentarem as "provocações", em particular efetuando exercícios militares no Mar Negro, um espaço que a Rússia considera seu.

UCRÂNIA, O RASTILHO DA EUROPA

José Goulão* | AbrilAbril | opinião

Entre a riqueza armamentista e a miséria social, este país a funcionar como base militar da NATO transformou-se num rastilho de guerra, talvez o mais inquietante, susceptível de incendiar a Europa e o mundo.

administração colonial formada pelos Estados Unidos e a União Europeia que desde 2014 gere a Ucrânia, com apoio em entidades nazis saudosas de Hitler, criou a maior plataforma de guerra e de provocação que ameaça toda a Europa ao mesmo tempo que transformou o país num espaço de miséria.

Desde 2014 que, à luz do golpe da Praça Maidan dado em nome «da democracia», que Washington e Bruxelas vêm militarizando a Ucrânia recorrendo, sem rebuço nem vergonha, a uma máfia política mergulhada em corrupção e em traficâncias neoliberais; criando assim condições para conduzir uma guerra interna contra as populações russófonas da região do Donbass e desenvolvendo uma atmosfera de hostilidade contra a Rússia e a Bielorrússia propícia às manobras agressivas e provocatórias da NATO.

Nas operações internas tem-se distinguido, pela crueldade exercida contra as populações civis, o instrumento de mão do regime, a Guarda Nacional, corpo criado a partir do golpe de 2014 integrando estruturas retintamente nazis, como é o caso do batalhão Azov. Notícias vindas regularmente a público, mas que não cabem nos pacotes propagandísticos da comunicação social corporativa, dão conta de que estes grupos hitlerianos frequentam as acções de formação ministradas por altos quadros militares norte-americanos e europeus em situação de reserva mas realmente integrados nas estruturas da NATO.

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