quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Portugal | EMPRESÁRIO APOIANTE DE VENTURA TEM OFFSHORE NO PANAMÁ

Carlos Barbot criou em 2002 uma offshore no Panamá para movimentar contas no Banque Privée Espírito Santo, na Suíça. Num almoço com Ventura, em 2020, juntamente com outros empresários, elogiou a prestação do partido de extrema-direita. 

A offshore Foundation Harvel foi incorporada no Panamá em 2002 e, em 2005, a offshore deu poderes ao CEO da Tintas Barbot para abrir e movimentar duas contas na Compagnie Bancaire Espírito Santo, na Suíça, mais tarde renomeada Banque Privée Espírito Santo. Desde 2004, esta offshore tem como único elemento do seu conselho de fundação outra offshore, a Finatlantic Management Services S.A..

A informação foi avançada este sábado na edição semanal do Expresso, numa curta nota onde o jornal não estabelece a relação de Carlos Barbot com André Ventura, confirmada em 2020 pela Visão.

Em junho de 2020, vários empresários almoçam com André Ventura na Quinta do Barruncho para, segundo confirmou a revista Visão, se discutir o financiamento do Chega. Na iniciativa, organizada por João Maria Bravo, estiveram vários empresários, entre os quais Miguel Félix da Costa, Paulo Côrte-Real Mirpuri, João Pedro Gomes, Francisco Sá Nogueira, Francisco Cruz Martins e Carlos Barbot.

FEDELHOS

Henrique Monteiro | HenriCartoon

IL exige divulgação de pareceres científicos sobre decisão da vacinação de crianças

PORTUGAL

A Iniciativa Liberal quer que sejam tornados públicos os pareceres dos peritos que aconselharam a DGS na questão das vacinas contra a Covid-19, para crianças entre os cinco e os 11 anos.

Iniciativa Liberal exige que sejam divulgados na íntegra os pareceres dos especialistas ouvidos pela Direção-Geral da Saúde, que levaram à decisão favorável à vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos. É uma ação que o partido diz ser "indispensável" para combater a "desinformação" e a "especulação".

Considerando que se trata de "uma matéria de enorme sensibilidade, com dimensões éticas que devem ser devidamente salvaguardas e em que é fundamental que as famílias disponham de todos os dados necessários para que possam tomar uma decisão informada sobre os benefícios e os riscos da vacinação", a IL afirma ser "absolutamente inaceitável" que a DGS tenha tomado uma decisão sem dar conta do que foram as avaliações científicas que a justificaram.

O partido considera que se trata de uma "estratégia errada, violadora dos direitos elementares das famílias", que "deve ser de imediato revertida", por parte da DGS.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou nesta terça-feira a recomendação da vacinação de todas as crianças entre os cinco e os 11 anos. As crianças com doenças consideradas de risco para a Covid-19 terão prioridade.

"A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, com prioridade para as crianças com doenças consideradas de risco para Covid-19 grave. A vacina a utilizar será a Comirnaty® [produzida pela Pfizer/BioNTech], que tem parecer positivo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para a formulação pediátrica, à data", anunciou a DGS em comunicado.

TSF

LEIA TUDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19 AQUI -- TSF

A UNIÃO EUROPEIA NÃO TEM VERGONHA?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Aliou Candé, um rapaz de 28 anos, saiu da Guiné-Bissau a pedir boleia nas estradas para tentar emigrar para a Europa. Acabou, um ano e meio depois, abatido a tiro numa prisão secreta na Líbia. A cadeia, uma entre 15 semelhantes instaladas naquele país, gerida por milícias tribais (não há um verdadeiro governo na Líbia), é paga pela União Europeia e serve para esconder da Europa o problema das migrações.

A reportagem publicada a 28 de novembro pela revista New Yorker (clik)- uma das instituições jornalísticas mais prestigiadas nos Estados Unidos da América - parece ter sido ignorada pelos media europeus, mas é uma acusação terrível para o Velho Continente.

A conclusão inevitável é esta: os dirigentes europeus têm na boca a defesa dos direitos humanos, mas nos atos promovem as violações mais desumanas, sem piedade, procurando apenas garantir que os seus eleitorados não tenham conhecimento disso.

Os imigrantes que tentam entrar pelo Mediterrâneo na Europa, amontoados em botes de borracha, correm o risco de serem apanhados pela Guarda Costeira da Líbia. Não se trata de um exército do Estado líbio - na verdade quase não há Estado organizado naquele país. Segundo a reportagem, trata-se de uma organização paramilitar, ligada às milícias que ali pululam, que a União Europeia equipou e treinou não só para capturar imigrantes, mas também para sabotar as organizações humanitárias que procuram fazer o resgaste dos que correm perigo de vida.

BCE preocupado com sinais de "exuberância" nos mercados financeiros

O BCE defende que a situação requer "vigilância" e vai reforçar a supervisão dos bancos para ver se estão protegidos face a este risco.

É um dos riscos que os bancos enfrentam para 2022-2024. A subida registada nas bolsas e em diferentes tipos de ativos financeiros está a preocupar o Banco Central Europeu (BCE), que vai reforçar a supervisão junto dos bancos para verificar se estão devidamente protegidos contra este risco. O aviso foi feito ontem pelo BCE no seu relatório com as prioridades de supervisão para 2022-2024.

"Sinais de exuberância do mercado exigem vigilância contínua", alertaram ontem responsáveis do BCE, que assinam um artigo publicado no site da instituição relativo às conclusões do relatório. No artigo, Andrea Enria, presidente do Conselho de Supervisão do BCE, e Mario Quagliariello, diretor de Estratégia de Supervisão e Risco, salientam que "os níveis sem precedentes de apoio público prolongaram o ambiente de taxas de juro baixas e aumentaram significativamente a liquidez do sistema. Isso tem levado os participantes do mercado a adotarem uma atitude complacente, que está a tornar-se cada vez mais evidente". Frisam que "as condições de financiamento são benignas, os spreads soberanos e corporativos são baixos e os diferenciais de spread estão mais comprimidos do que antes da pandemia", além de que "as avaliações de ações também são altas".

Afastamo-nos - e Boris Johnson está adquirindo mais poder. Onde está a oposição?

# Publicado em português do Brasil

George Monbiot* | The Guardian | opinião

O governo está adicionando emendas aterrorizantes ao projeto de lei de policiamento, colocando o Reino Unido no caminho da ditadura

Sempre que você assiste a um documentário sobre a trajetória de um ditador até o poder, chega um momento em que você pensa: “Por que as pessoas não fizeram alguma coisa? Eles poderiam tê-lo impedido enquanto ainda havia tempo. ” Agora chegamos neste momento. À medida que Boris Johnson atribui ainda mais poderes aos projetos de lei , polícia, crime, sentença e tribunais , uma nação vagamente democrática está caminhando para a autocracia.

Já foi ruim o suficiente quando escrevi sobre essa legislação na semana passada . Depois que o projeto de lei passou pelo parlamento e pôde ser devidamente debatido, o governo sofreu uma série de emendas aterrorizantes. Ao restringir o direito de protesto, já representava a legislação mais opressora apresentada por um governo deste país desde o fim da segunda guerra mundial.

Mas agora é ainda pior. Numa carta privada aos membros da Câmara dos Lordes, o governo afirma que pretende “introduzir um novo delito de interferir com o funcionamento de infraestruturas essenciais, como a rede rodoviária estratégica, ferrovias, portos marítimos, aeroportos, refinarias de petróleo e impressão prensas, com pena máxima de 12 meses de prisão, multa ilimitada ou ambas ”.

Na leva anterior de emendas pós-debate, o projeto buscava, entre outras medidas, criminalizar qualquer protesto que pudesse interferir na construção de uma nova infraestrutura. Esta alteração mais recente se aplicará à infraestrutura existente, potencialmente banindo todos os protestos, piquetes ou qualquer outro tipo de ação efetivos em locais “como” estradas, ferrovias, portos, aeroportos, refinarias de petróleo e impressoras. A infra-estrutura nomeada é ruim o suficiente, limitando muito o escopo do protesto, mas o que significa “tal como”? Bem, se as impressoras são consideradas infraestrutura fundamental - uma oferta ao império Murdoch, cujas impressoras foram alvejadas pela Rebelião da Extinção - isso pode se aplicar a qualquer empresa ou local do governo, bem como a quaisquer espaços públicos.

OS PLANOS DO NOVO GOVERNO ALEMÃO

Aumento do salário mínimo, legalização da maconha, construção de novas habitações, busca por fontes limpas de energia. Novo governo alemão formado por social-democratas, verdes e liberais assume com uma agenda ambiciosa.

Aumento do salário mínimo, legalização da maconha, construção de novas habitações, busca por fontes limpas de energia. Novo governo alemão formado por social-democratas, verdes e liberais assume com uma agenda ambiciosa.

O novo governo alemão que assume nesta quarta-feira (08/12), sob a liderança do social-democrata Olaf Scholz, encerrando a era Angela Merkel, delineou planos ambiciosos nas áreas ambiental, migratória e habitacional.

Scholz assume com a missão de lidar com a quarta pandemia de coronavírus e de modernizar a infraestrutura do país. Seu governo será formado por uma coalizão tripartite entre o Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão).

Ideologicamente, verdes e social-democratas têm mais pontos em comum, especialmente na área social, já os liberais alemães têm uma visão mais pró-mercado.

Os partidos negociaram por oito semanas para chegar a um acordo comum e estabelecer uma divisão nos ministérios. O documento resultante tem 177 páginas, e prevê conciliar diferentes visões e também transformar em prática o que os partidos têm em comum.

Dessa forma, a Alemanha será governada pela primeira vez em nível federal por uma "coalizão semáforo" – em alusão às cores dos partidos social-democrata (vermelho), liberal (amarelo) e verde.

Brasil | Moro terá dificuldade para falar sobre corrupção, diz presidente do PT

# Publicado em português do Brasil

“O Moro virou o queridinho da mídia. Obviamente, o único instrumento de discurso e de ação que o Moro tem é essa coisa do combate à corrupção, esse disco arranhado que ele fica falando o tempo inteiro, mas ele vai ter que explicar por que ele foi considerado um juiz parcial, por que ele foi considerado um juiz incompetente, por que ele armou um processo contra o presidente Lula”, afirmou Hoffmann.

Correio do Brasil, com BdF – de Brasília

A presença do ex-juiz suspeito Sergio Moro (Podemos) na trama política nacional tende a levantar, mais uma vez, a pauta sobre corrupção na campanha eleitoral do ano que vem. Para a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), no entanto, essa não será uma tarefa das mais fáceis para o ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL).

— O Moro virou o queridinho da mídia. Obviamente, o único instrumento de discurso e de ação que o Moro tem é essa coisa do combate à corrupção, esse disco arranhado que ele fica falando o tempo inteiro, mas ele vai ter que explicar por que ele foi considerado um juiz parcial, por que ele foi considerado um juiz incompetente, por que ele armou um processo contra o presidente Lula, articulou com delatores, articulou com o Ministério Público — afirmou a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) ao site de notícias Brasil de Fato (BdF), nesta terça-feira.

Hoffmann acredita que o antipetismo, germinado por anos em discursos pautados pela mídia e por partidos de oposição, que caracterizaram o Partido dos Trabalhadores como uma organização criminosa, foi desmontado com a derrubada dos processos judiciais contra o ex-presidente Lula.

LULA: CIDADÃO BRASILEIRO EM BUSCA DE DIREITOS

#Publicado em português do Brasil

Lula. Sem subtítulo. Todo o mundo o conhece. Entretanto, sua nova biografia, escrita por Fernando Morais, inova ao iniciar pela atual linha de chegada. Esta é uma nova linha de partida, para disputar a eleição presidencial de 2022, no ano do bicentenário da Independência do Brasil – e este país retomar o Estado de Direito democrático.

Este foi interrompido desde quando, há duas eleições atrás, o derrotado no segundo turno, representante da autoconsiderada “elite” brasileira, não aceitou o legítimo resultado. O herdeiro de casta dos oligarcas governantes se sentiu ultrajado por ela ter sido vencida pela quarta vez consecutiva.

Talvez a casta tenha se sentido humilhada pela derrota frente a uma legítima socialdemocracia – e não sua sigla oportunista com marca referente ao Estado de Bem-Estar Social na Europa. Um ajuntamento elitista não a representa, caso não tenha líderes da casta dos trabalhadores, organizados em sindicatos, aliada à casta dos intelectuais.

Um autêntico Partido dos Trabalhadores já existia desde 1980. E a perspectiva era, seguindo o curso natural da identidade popular com seu maior líder, depois da reeleição da Presidenta, se seguir mais oito anos com eleição e reeleição do Lula.

O golpismo tornou cúmplices, julgados perante a História, todos seus apoiadores. Envolveu a Casta dos Sábios-Jornalistas, fazendo mal-uso partidarizado da escrita ou do microfone, instrumentos do Poder Midiático, dotado da lógica de negociante dos “donos de jornal”: neoliberalismo, conservadorismo sem pluralismo no debate público, golpismo, etc. Ela é aliada contumaz do Poder Econômico da Casta dos Mercadores com sua lógica de mercado: liberalismo, empreendedorismo, competitividade, eficiência, eficácia – e outras “palavrinhas-mágicas”, usadas e abusadas.

Sob alegação risível – “contabilidade criativa” – o golpe de Estado recebeu uma roupagem de legalismo por ter sido dado no Congresso Nacional. Em regime presidencialista, Congresso não é Parlamento. Neste, quando se constitui uma maioria em coalizão partidária, é legítima e esperada a mudança do Primeiro Ministro.

BOLSONARO NO ESPELHO DE HITLER

# Publicado em português do Brasil

Bolsonaro alarga o conceito de raça, ao abrigar sob a marquise do racismo os negros, a misoginia contra a mulher, a lgbtfobia contra a autonomia das sexualidades, o estigma social contra os pobres e imigrantes e a discriminação contra manifestações que confrontam o fundamentalismo católico ou evangélico. Embora seja inaceitável, compreende-se que o pária abjeto tenha destruído os avanços institucionais do Estado, reconhecidos pelos governos progressistas. Hitler substituiu a luta de classes pela antissemita luta de raças e, ao escrever Mein Kampf, na prisão, delineou um movimento que assumiu a forma radical de uma cosmovisão alternativa ao social-bolchevismo.

O Mito bolsonarista equivale ao Führer hitlerista, sinônimo de “verdade” na interpretação de Hannah Arendt, em Origens do Totalitarismo (Companhia de Bolso). Em ambos os casos, a função e o encarregado se confundem. As duas personalidades são representativas de um irracionalismo de raiz. A potência na configuração dos respectivos líderes extraiu a aura carismática das entranhas de um mal-estar sociocultural.

No Brasil, ao mesclar o ressentimento imaginário da classe média por - aparentemente - descer na hierarquia social, em função das políticas de promoção social que possibilitaram a uma dependente de empregada doméstica estudar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), como no filme Que Horas Ela Volta, de Anna Muylaert. Situação agravada pela subjetivação das pesadas estruturas remanescentes da sociedade colonial-escravista na consciência dos setores privilegiados. Na Alemanha, ao mesclar o ressentimento após a Primeira Guerra dada a derrota seguida da paz humilhante com a tendência totalitária para uma sociedade holística. O Terceiro Reich não confirmou um destino. Aprofundou o antidemocratismo preexistente.

André Singer alerta para o cuidado com “analogias entre épocas”, pois “precisam ser tomadas cum grano salis”. Com a justa ressalva, comparou a mobilização comemorativa da Independência aquém-mar com a Marcha sobre Roma, organizada para pressionar com sucesso o rei Vittorio Emanuele a nomear Il Dulce primeiro-ministro da Itália. O enfoque, em tela, coteja a experiência do Nationalsozialische Deutsche. O fracasso do Sete de Setembro em Brasília reatualiza o putsch de Munique. Que as similitudes cessem por aí. Não raro, tragédias debutam com fiascos no teatro político.

Mais lidas da semana