quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Inundações em Tete deixam rasto de destruição, mortes e desabamentos

MOÇAMBIQUE

Está interrompida a circulação rodoviária entre Moatize e Tete, centro de Moçambique, devido às inundações que deitaram abaixo parte da ponte sobre o rio Rovubwe. Morreram pelo menos dez pessoas e há muitos desalojados.

No total, as inundações provocadas pela tempestade tropical Ana já fizeram pelo menos 10 mortos em Moçambique. Em Tete, as cheias provocaram a morte de pelo menos sete pessoas, desalojaram mais de 300 famílias e inundaram vários bairros da cidade no centro do país.

Entretanto, foi hoje encontrado sem vida, na zona baixa de Benga, o administrador do distrito de Tete, José Maria Mandere, vítima da fúria da tempestade. Mandere integrava a comitiva do governador de Tete, Domingos Viola, que estava no terreno a avaliar o impacto do mau tempo na província.

Em entrevista à DW África na segunda-feira, o governador de Tete disse que mais de duas mil pessoas poderão ser afetadas pelas inundações só na cidade de Tete. "A situação é péssima. Nunca tivemos uma situação idêntica na nossa cidade. Dois ou três bairros estão inundados devido à fúria das águas do rio Rovubue", lamenta.

Uma comissão multisetorial foi criada para apoiar no resgate das pessoas. Júlio Calengo, membro desta equipa, descreve o cenário vivido na cidade de Tete: "Muitas casas estão por baixo das águas e as famílias estão na estrada sentadas. É muito triste e preocupante aquela situação. Acredito que até amanhã será possível saber o grau dos danos causados pelas cheias."

Retirar as famílias das zonas de risco

Até ao final do dia desta terça-feira (25.01), pelo menos 200 famílias já tinha sido retiradas das zonas de risco nos bairro Chingodzi, para a Escola Industrial de Matundo, segundo confirmoU à DW África Júlio Calengo.

"Temos crianças, idosos. E a nossa preocupação é ter cobertores, vestuários para as crianças e alimentação garantida para estas pessoas", diz.

Domingos Viola garante que há mantimentos apenas para as próximas horas e lamenta que parte das famílias afetadas pelas inundações no Bairro Chingodzi já tinham sido reassentadas depois das cheias de 2019.

"Significa que temos de ser mais persistentes e colocar estas pessoas em locais mais seguros, para que as mesmas não voltem a sofrer pelos mesmos fenómenos nos próximos tempos", explica.

A Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos alerta que a cidade de Tete ainda está numa situação de risco, segundo explica Agostinho Vilanculos numa entrevista à STV, parceira da DW.

"Neste momento estamos com um nível muito alto na Bacia do Rovubwe e já ultrapassou o alerta em quase quatro metros e continuamos a receber a precipitação acima de 100 milímetros em 24 horas e isso é preocupante", afirmou.

Ponte nova parcialmente destruída

A fúrias das águas derrubou uma parte da recém-inaugurada ponte sobre o rio Rovubwe, ligando as cidades de Tete e Moatize.

A infraestrutura teria ficado danificada nas cheias provocadas pelo ciclone Idai em 2019. E a reabilitação custou ao Estado moçambicano cerca de 4 milhões de dólares.

Neste momento, está cortada ligação rodoviária entre as cidades de Tete e Moatize, distritos de Mutarara e Doa até o Malawi, via estrada N7. A passagem pela ponte Kassuende sobre o rio Zambeze também está interdita por causa das águas que galgaram a estrada.

Na tarde desta terça-feira (25.01), sete pessoas que faziam parte da comitiva do governador de Tete, Domingos Viola, e do edil da cidade, César de Carvalho ,que fazia a monitora da situação das cheias, foram arrastadas quando tentavam passar pela submersa próximo da ponte Kassuende.

Amós Fernando | Deutsche Welle

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