sábado, 15 de janeiro de 2022

UM FORAGIDO NA CNN PORTUGAL

Artur Queiroz*, Luanda

Portugal tem um canal CNN que emite num português impregnado de inglês e vende horas e horas de descontracção e estupidez natural. Como tudo o que vem do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA), a ideologia balança entre a extrema-direita de cabeça rapada e os restos esclerosados do fascismo salazarista. 

Pelo meio vendem banha da cobra, entretenimento untuosamente pornográfico, comentários à moda do zé das iscas dos subúrbios e muito snobismo eclesiástico. Foi neste bordel zoológico que se refugiou Adalberto da Costa Júnior, quando o Bróder King lhe comunicou que não conseguiu reproduzir no distrito urbano de Benfica o terror de Cafunfo.

Adalberto é um homem previdente por isso vale por dois, enquanto os outros chefes da UNITA, todos juntos, valem pouco mais do que meio galo negro. Vai daí fugiu para o seu país, porque todos os operacionais da golpada do dia 10 de Janeiro dizem às autoridades que foi ele e o Nelito Ekuikui que mandaram. Anda a polícia procurando os autores morais e afinal também há mandantes dos crimes de rua.

Mal chegou ao seu país, os jornalistas de investigação da CNN foram descobri-lo debaixo da cama de um senhor que teve um acidente de aviação na Jamba por causa do excesso de marfim, droga e diamantes. A senhora ministra interina das polícias garantiu-lhe protecção até aos estúdios do canal mundialmente falido e aí vai disto: - Tudo good brother Junior?

- Já ganhei as eleições! Todas as sondagens me dão a vitória.

- Brother Junior well. Alone ou acompanhado?

-  A ampla frente patriótica já tem a PRAJÁ e o Bloco mas está aberta a todos, temos muito. Até temos dirigentes do emepêélhiá

- O MPLA, brother africâner?

- Sim, o emepêélhiá está perdido.

- Brother Junior como fugiu de Luanda, na roda do avião?

- Estou aqui a dar uma entrevista. Já ganhei as eleições. Em Angola há censura absoluta. Levo três anos de dirigente da UNITA e nenhum órgão público me entrevistou. Censura absoluta.

Calma, calma, não vou transcrever a entrevista toda. Só a parte que interessa. Já está.

Adalberto da Costa Júnior, o engenheiro à civil, é um mentiroso compulsivo mas agora está um verdadeiro chéché guevara. Vamos às sondagens. Ele diz que todas lhe dão a vitória nas eleições. Quais sondagens? Quem fez essas sondagens? Onde foram publicadas as fichas técnicas dessas sondagens? A resposta a todas estas perguntas é zero. Só o Clube Kwacha (Club K) as conhece, logo não existem. Mas nunca revelou a ficha técnica o que faz delas ainda mais inexistentes. ´

Um dirigente político chega à capital do seu país e diz à CNN Portugal que todas as sondagens lhe dão a vitória. Como essas pesquisas de opinião não existem, perde toda a credibilidade mesmo dando o desconto de estar chéché. E ter escapado por pouco à polícia, quando as autoridades souberam que foi o mandante dos crimes de rua no dia 10 de Janeiro. 

Atenção! O crime mais grave foi a tentativa de queimar vivos dois jornalistas na rebelião de Benfica! Adalberto queria dois em um: Recriar o golpe de Cafunfo e as fogueiras da Jamba. Falhou. Está foragido à Justiça.

Os Media públicos fazem censura absoluta, diz Adalberto. Porque ainda não o entrevistaram. Lá vou perder o meu tempo de férias. Senhor engenheiro à civil, Adalberto da Costa Júnior! Os jornalistas só fazem entrevistas quando existe um vazio de informação sobre uma pessoa, uma instituição, um tema, um acontecimento extraordinário. Fora disso, estamos a falar de fretes. Em Angola toda a gente sabe tudo do senhor chefe interno da UNITA. Não faz sentido recorrer a entrevistas.

O senhor João Lourenço, líder do MPLA, até agora não foi entrevistado pelos Media públicos e privados. O Presidente da República (João Lourenço) está no final do seu mandato e até agora ninguém o entrevistou. Como entendeu que existiam vazios de informação que ele podia preencher, chamou cinco órgãos de comunicação social e respondeu a duas perguntas colocadas por cada um. 

O senhor engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior vai ter dificuldades de fazer o mesmo. Porque anda há anos gritando que os Media públicos fazem ”censura absoluta” e assim não vai lá. Ai somos censores? Então vai falar com os teus jornalistas livres. Seria chover no molhado porque esses todos os dias lhe fazem perguntas: Chefe, quando vem o dinheiro?

Estou de férias. Deixem-me descansar.

* Jornalista

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