MOÇAMBIQUE
No julgamento das dívidas ocultas, o arquiteto Mahomed Fekih confirmou ao Tribunal de Maputo ter recebido três milhões de dólares sob ordens do réu António Carlos do Rosário para construir uma casa e dois hotéis em Tete.
O Tribunal Judicial de Maputo ouviu nesta segunda-feira (14.02) o declarante Mahomed Fekih, arquiteto da empresa Walid Construções que executou uma casa e dois hotéis de António Carlos do Rosário, antigo dirigente dos serviços secretos moçambicanos e presidente das três empresas públicas - ProIndicus, Ematum e MAM - usadas como pretexto para contração das dívidas.
A partir da Argélia, numa vídeoconferência, o declarante confirmou ter recebido pelo trabalho três milhões de dólares vindos da Logistic para a empresa Walid Construções a mando do réu António Carlos do Rosário.
Segundo o declarante, o contrato de empreitada com António Carlos do Rosário "foi verbal". Questionado pelo Ministério Público, o arquiteto explicou: "Foi um acordo tácito porque já vínhamos trabalhando."
Mohamed Fekih confrmou igualmente à procuradora Ana Sheila ter recebido vários pagamentos da Privinvest autorizados por António Carlos do Rosário em momentos separados.
"Quem o orientou a escrever
na fatura? São duas faturas que enviou para o senhor Jean Boustani", o
negociador da empresa de estaleiros navais Privinvest, com sede
Declarante desmente "martelanço"
O declarante confirmou ainda os e-mails trocados com António Carlos do Rosário, que o réu classificou como "martelanço".
E porque António Carlos do Rosário disse que os e-mails eram forjados, o Ministério Público perguntou ao declarante qual seria a necessidade de forjar os referidos e-mails.
"Não tenho interesse nenhum em forjar os documentos que eu enviei porque tinha de justificar trabalhos que foram feitos pela empresa. Mesmo que os documentos tenham sido forjados, o que não é verdade, mas, os edifícios estão lá. O próprio cliente sabe que ninguém forjou nada", frisou o arquiteto.
Na próxima quinta-feira (17.02) será ouvido o antigo Presidente Armando Guebuza, na qualidade de declarante.
Romeu da Silva | Deutsche Welle
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