quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Guiné-Bissau | PAIGC: "Estão a convocar o povo para o caos, mas vamos dizer não"

O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, Domingos Simões Pereira, diz ser preciso continuar a defender a verdade e a justiça perante "provocações" do regime.

O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, afirmou esta quarta-feira (09.02) que é preciso continuar a defender a verdade e a justiça na Guiné-Bissau e pediu calma às pessoas.

"Não podemos ter medo de continuar a defender a verdade e a justiça na Guiné-Bissau. Vejo no rosto das pessoas. Vejo que estão prontas a explodir de tanta raiva, sei que estão dispostas a reagir às provocações, mas sei que temos responsabilidades acrescidas para lhes dizer que não é o caminho", afirmou Domingos Simões Pereira.

O líder do PAIGC falava na sede do partido, em Bissau, durante um encontro com militantes dos partidos do Espaço de Concertação Democrático. "Talvez este seja o momento, mas temos o dever de apelar à calma porque este regime vai acabar por afogar-se na porcaria criada por si mesmo", disse, falando em crioulo para a audiência.

Manobras contra o congresso do PAIGC

Domingos Simões Pereira denunciou que estão a ser feitas manobras para impedir a realização do X congresso do partido, previsto decorrer entre 17 e 20 deste mês.

"Estão a fazer as manobras para impedir a realização do nosso congresso. O estado de alerta de que falam já existia, mas na altura não impediu que o PRS [Partido de Renovação Social] realizasse o seu congresso, não impediu a que assistíssemos a uma coisa nova no mundo: uma visita de Estado, talvez a República de Biombo", ironizou.

O líder do PAIGC referia-se à visita feita à região de Biombo pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, que foi denominada "visita de Estado".

Contra a missão da CEDEAO

"Ouvimos falar da vinda de uma força da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] para a Guiné-Bissau, quando aqui ao lado, em outros países, ocorreram golpes de Estado. O que é que essa força vem fazer na Guiné-Bissau?", questionou Simões Pereira, respondendo que forças daquela natureza só são enviadas quando as "forças armadas não conseguem assumir as suas responsabilidades".

Para Domingos Simões Pereira, há "movimentações estranhas", sobretudo, quando se ouve "o vizinho do lado [Senegal] a anunciar que vai iniciar a exploração de petróleo e gás", recordando um artigo do antigo chefe da diplomacia senegalesa Cheick Tidiande, que defendia a criação de uma entidade única, com uma única direção, entre o Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau e Guiné-Conacri.

Ainda em relação à deslocação de uma missão de apoio à estabilização do país, anunciada a semana passada pela CEDEAO na sequência da tentativa de golpe de Estado, o líder do PAIGC avisou que é preciso que o Parlamento se pronuncie sobre o assunto.

"Enquanto o Parlamento da Guiné-Bissau não se pronunciar de forma soberana em nome do povo da Guiné-Bissau vamos dizer não a qualquer força internacional na Guiné-Bissau", frisou.

O líder do PAIGC denunciou também que há jornalistas e comentadores a serem ameaçados e que a polícia está a deter pessoas em "plena luz do dia" sem qualquer mandado legal. "Estão a convocar o povo para o caos, para a desordem, mas nós vamos dizer não a tudo isso", vincou.

Deutsche Welle | Lusa

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