segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Jerónimo de Sousa acusa PS de ter forçado rutura para “satisfazer” grande capital

PORTUGAL

Líder dos comunistas fala em “chantagem” dos socialistas para não dar resposta aos problemas que a situação do país exige

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusa o PS de ter forçado uma rutura com os comunistas no Orçamento do Estado para 2022 para satisfazer as “exigências do grande capital”.

 “A chantagem que o PS fez antes para não dar resposta aos problemas que a situação do país exige, apesar de dispor de recursos financeiros e orçamentais, confirma a sua opção de dar satisfação às persistentes exigências do grande capital que reclamavam a rutura com qualquer solução de convergência com o PCP e a CDU. Com a maioria absoluta que obteve, o PS fica agora com mais condições para cumprir esse papel”, acusou Jerónimo de Sousa.

O dirigente comunista falava na Sessão Pública “PCP – Contigo todos os dias”, que hoje se realizou durante a tarde na Escola Carolina Micaela, no Porto.

“Ainda mal estavam contados os votos e aí tínhamos os representantes dos grandes interesses económicos, do grande capital monopolista a cantar louvores à maioria absoluta do PS, à tão ambicionada e amplamente proclamada necessidade de estabilidade, vista como indispensável à progressão dos seus negócios, ao mesmo tempo que se apressavam a indicar o caminho a seguir e apresentar as suas exigências”, disse Jerónimo de Sousa.

Segundo o líder comunista, “todos em conjunto no Conselho Nacional das Confederações Patronais reclamaram as sempre eternas e inacabadas reformas estruturais e um imediato acordo de competitividade e rendimentos, questionando a valorização dos salários, mesmo as limitadas propostas de Salário Mínimo projetadas pelo Governo para as calendas”.

“Aí estão a reclamar mais dinheiro público para os seus negócios privados, a exigir novas reduções de impostos sobre os lucros, a questionar qualquer alteração da legislação laboral que possa inverter as normas gravosas do Código de Trabalho”, referiu.

Jerónimo de Sousa reconheceu que o PCP, que perdeu deputados, vai agir “agora num quadro mais difícil” afirmando a determinação para “prosseguir com confiança a intervenção em defesa dos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo, das soluções para os problemas nacionais” e para “recuperar posições perdidas”.

A realização das eleições legislativas “não iludiu os problemas e dificuldades que estão colocados aos trabalhadores, ao povo e ao país” disse, considerando que este “é o momento de reafirmar que o país não está condenado às desigualdades, à estagnação económica e ao retrocesso social”.

“Não está condenado a um modelo de baixos salários e pensões de reforma, à precariedade no trabalho e na vida, à desregulação dos horários, ao aumento da exploração, à dependência externa por razão da destruição da sua capacidade produtiva, à degradação dos serviços públicos e à liquidação do Serviço Nacional de Saúde”, disse.

A situação que o país enfrenta, disse Jerónimo de Sousa, “coloca na ordem do dia a concretização de respostas e soluções que avancem na promoção de um desenvolvimento económico sustentado, para o aumento geral dos salários, assegurando a revogação das normas gravosas da legislação laboral e o combate à precariedade”.

Expresso | Lusa | Imagem: Tiago Petinga / Lusa

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