quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Menos 117 internados em dia com mais 28 mortes e 13 158 casos de covid-19

PORTUGAL

Há agora 1646 (menos 117 que no dia anterior), dos quais 101 em unidades de cuidados intensivos (menos 10 do que na véspera).

O boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado esta segunda-feira indica que Portugal registou mais 28 mortes e 13 158 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas.

No que diz respeito a hospitais, há agora 1646 (menos 117 que no dia anterior), dos quais 101 em unidades de cuidados intensivos (menos 10 do que na véspera).

Lisboa e Vale do Tejo é a região do país com mais novos casos (4 745), seguida de Norte (2 747), Centro (2 647), Algarve (917), Alentejo (859), Açores (799), Madeira (444).

No que concerne a óbitos, o Centro foi a região que apresentou números mais altos (11), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (nove), Norte (seis), Alentejo (um) e Algarve (um).

De acordo com o relatório desta quarta-feira da DGS, existem agora 466 508 casos ativos no país (menos 1370 em relação ao dia anterior), enquanto o número de contactos em vigilância era de 459 334 (menos 15 570).

Nas últimas 24 horas houve o registo ainda de 14 500 recuperados, num total de 2 732 009 pessoas que superaram a infeção desde o início da pandemia.

Em dia de atualização dos valores da matriz de risco, mantém-se uma diminuição na incidência, com 2533,7 casos por 100 mil habitantes a nível nacional e 2470,4 infeções no continente. Na sexta-feira, os valores estavam, respetivamente, em 2934 e 2890,9 casos por 100 mil habitantes a nível nacional e no continente.

O índice de transmissibilidade, R(t), mantém-se em 0,70 no continente mas aumentou ligeiramente no território nacional, estando agora em 0,72 (estava em 0,71).

Linhagem BA.2 da variante Ómicron já atinge 42,5% das amostras em Portugal

A linhagem BA.2 da variante Ómicron do coronavírus SARS-Cov-2, considerada mais transmissível do que a BA.1, já representa 42,5% das amostras analisadas pelo INSA, um aumento de prevalência que o virologista Pedro Simas considera ser uma "evolução normal".

"O valor preditivo deste indicador para identificar casos suspeitos da linhagem BA.2 é agora mais robusto, pelo que se estima que esta linhagem represente 42,5% das amostras positivas ao dia 20 de fevereiro de 2022", refere o relatório sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) divulgado esta terça-feira (22).

Segundo o documento, a BA.2, que partilha várias características genéticas com a BA.1 - duas linhagens classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como variante Ómicron - foi detetada pela primeira vez em Portugal em amostragens aleatórias por sequenciação na semana de 27 de dezembro a 2 de janeiro.

"A sua frequência relativa tem aumentado paulatinamente desde então", adianta o INSA, ao referir ainda que os dados de sequenciação indicam que essa prevalência tem crescido em todas as regiões, representando mais 15% das sequências analisadas por região de 7 a 13 de fevereiro, à exceção dos Açores, onde terá iniciado uma circulação comunitária mais tarde.

Num comunicado divulgado hoje sobre esta linhagem, a OMS adiantou que, com base nos dados disponíveis de transmissão, gravidade, reinfecção, diagnóstico, terapêutica e impacto nas vacinas, a BA.2 deve continuar a ser considerada uma variante de preocupação e deve permanecer classificada como Ómicron.

Segundo a OMS, "estudos preliminares sugerem que a BA.2 parece ser mais transmissível do que a BA.1", mas a organização salienta que os dados do mundo real sobre a gravidade clínica na África do Sul, Reino Unido e Dinamarca, onde a imunidade da vacinação e de infeção natural é alta, indicam que "não houve diferença relatada na gravidade entre BA.2 e BA.1".

"A reinfecção com a BA.2, após a infeção pela BA.1, foi documentada, no entanto, dados iniciais de estudos de nível populacional sugerem que a infeção com a BA.1 fornece forte proteção contra reinfecção com BA.2", indica ainda a OMS.

Em declarações à Lusa, o virologista Pedro Simas corroborou que a "BA.2 é mais eficiente a transmitir-se na comunidade do que a antecedente", mas considerou que esta linhagem resulta da "evolução normal dos coronavírus, com pequenas mudanças que os tornam mais competitivos".

"O que vai acontecer é que a BA.2 vai preencher o nicho da BA.1, que era dominante em Portugal", mas sem provocar, em princípio, uma grande vaga de infeções, estimou o especialista.

"Neste momento, a BA.2 é mais eficiente a disseminar-se que a sua parental BA.1, mas o que é importante é que a imunidade conferida pela BA.1, especialmente em pessoas vacinadas, é muito eficiente a previr a infeção", adiantou.

De acordo com Pedro Simas, que aconselha a monitorização da BA.2, "não há relato nenhum de que a BA.2 seja mais virulenta" do que as linhagens antecedentes da variante Ómicron.

O virologista explicou ainda que a BA.2 não se pode ser considerada uma nova variante do SARS-CoV-2, uma vez que não apresenta características biológicas que a diferencem da linhagem parental.

"Esta tem uma pequena vantagem em disseminar-se, mas em termos de virulência e de evasão ao sistema imunológico, não é suficientemente diferente para se considerar uma variante" nova, referiu o investigador do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa.

Psiquiatra diz que atenção dada à saúde mental foi o único efeito colateral positivo da pandemia

A psiquiatra Ana Matos Pires defende que a atenção dada à saúde mental foi "o único efeito colateral" positivo da pandemia de covid-19 a nível nacional e internacional.

"A saúde mental e a doença mental foram sempre os parentes pobres da saúde e, finalmente, parece que foi preciso uma catástrofe mundial para se perceber que há uma coisa que se chama saúde mental e que é preciso preservar e promover (...) e que é preciso tratar", disse à agência Lusa Ana Matos Pires, membro da Coordenação Nacional das Políticas para a Saúde Mental.

Por isso, afirmou, "julgo mesmo que o único efeito secundário desta pandemia foi a atenção dada a nível nacional e internacional às questões de saúde mental".

A também diretora da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e coordenadora regional da Saúde Mental do Alentejo recordou que já havia um trabalho a ser feito nesta área e que a pandemia veio acelerar.

"A saúde mental nacional tem um plano já antigo que, por vicissitudes várias, nomeadamente pela intervenção da troika, não foi completado", mas, disse, na pré-pandemia já havia um trabalho e uma movimentação a ser feita no sentido de se dar "uma atenção especial" a esta temática.

Uma atenção que para Ana Matos Pires é "muito merecida" porque a doença mental é "altamente incapacitante" e "interfere imenso com o funcionamento pessoal de quem está doente".

"Eu acho que é verdade que a pandemia veio acelerar [este trabalho] e a tutela, nomeadamente a ministra da Saúde, deu a atenção que nunca tinha sido dada à saúde mental e neste momento há alterações significativas", salientou.

Apontou a legislação existente desde o passado dia 14 de dezembro de reorganização de saúde mental, afirmando que "vai efetivamente fazer a diferença", alterando completamente a organização dos serviços no país.

Até aqui, havia o programa nacional para a saúde mental inserido na Direção-Geral da Saúde e agora existe uma coordenação nacional das políticas de saúde mental dependentes da tutela.

"Estamos atrasados em relação àquilo que são os países mais desenvolvidos da Europa nestas temáticas e julgo que estamos neste momento em condições de começar a apanhar o comboio", disse, sublinhando que "nunca a saúde mental" teve em termos de apoios económicos o montante que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) lhe concedeu: 88 milhões de euros.

Para a psiquiatra, existe agora a obrigação de todos os que estão envolvidos nesta área de aproveitar esta "oportunidade de ouro" em termos de melhoria dos cuidados de saúde mental prestados à população, em termos da promoção, prevenção e tratamento da doença.

Analisando o impacto de dois anos da pandemia de covid-19 na população, Ana Matos Pires afirmou que "é inegável" o seu efeito negativo sobre a saúde mental.

"Já há, neste momento, dados consistentes que mostram que houve efeitos, que esses efeitos foram negativos, essencialmente notados nos jovens, sobretudo, nos adolescentes velhos e adultos jovens", afirmou.

No início da pandemia, os sintomas foram essencialmente da linha ansiosa, depressiva e de alterações de sono, muito num contexto de reação e não propriamente de adoecer.

"Felizmente, a capacidade de adaptação do ser humano é grande e houve um desenvolvimento dessa capacidade de adaptação a uma realidade absolutamente desconhecida", afirmou Ana Matos Pires.

O que está a acontecer atualmente, disse, "é um agravamento" nas pessoas com doença mental prévia, supondo-se que "vai haver um agravamento formal dos quadros depressivos clínicos (...) muito em resposta àquilo que vão ser os efeitos sociais e económicos desta pandemia".

Diário de Notícias

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