segunda-feira, 7 de março de 2022

DENIS KIREV E A SENHORA SAVIMBI - Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Confirmado. Os Serviços de Segurança da Ucrânia (SBU) assassinaram o negociador Denis Kireev,  “por fornecer informações aos russos”. A verdade é bem diferente. Ele defendeu que na próxima ronda de negociações fosse garantido à Federação Russa que o estado ucraniano passava a ser neutral, abdicando da adesão à OTAN (ou NATO). Assim acabava a operação militar para desmilitarizar e desnazificar o país. Os heróis ucranianos são assim, matam até os deles. Tal qual a UNITA de Jonas Savimbi que matou as e os melhores do Galo Negro.

Ana Isabel Paulino, esposa do criminoso de guerra Jonas Savimbi, foi assassinada pelo marido com requintes de malvadez. O crime foi escondido durante muito tempo. Mas a verdade não tem idade nem morre. Ela foi morta porque quando acabou o “congresso” da UNITA no Bailundo, lhe suplicou que aceitasse a Vice-Presidência da República e cumprisse o Protocolo de Lusaka. Ouviu o discurso ante os delegados. Disse-lhes que um líder sem tropas não é nada e tinha chegado o seu fim. O contrário do que garantiu à esposa: A guerra vai continuar!

Ante o embuste, Ana Isabel Paulino pediu-lhe que fizesse exactamente o que disse aos delegados no congresso: Chega de guerra! Vamos para Luanda, não vás para o Andulo. Jonas Savimbi falou com os seus matadores e disse-lhes que Ana Isabel Paulino tinha que ser morta imediatamente porque assim que ele partisse para o Andulo, ela entregava-se às autoridades angolanas. A Senhora Savimbi foi atraída a uma armadilha e os assassinos atiraram-na para o covil de um jimbo enquanto ela se debatia e implorava misericórdia. O marido assistiu a tudo. 

Por implorar pelo fim da guerra, Ana Isabel Paulino foi enterrada viva, a mando de Jonas Savimbi. A sua lucidez foi castigada com a morte. O mesmo sucedeu ao negociador ucraniano Denis Kireev. Defender uma Ucrânia fora da OTAN (ou NATO) custou-lhe a vida. É a democracia deles, União Europeia e o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA).

As angolanas e os angolanos não podem iludir-se com as falinhas mansas da UNITA e a sua esquina com Filomeno e Chivukuvuku. Enchem a boca com a palavra democracia mas têm na cabeça o Savimbi, cada vez mais vivo. Votar no Galo Negro e na sua esquina é votar nas fogueiras da Jamba, nos assassinatos dos adversários políticos, no racismo, na xenofobia, no regresso do colonialismo. E quem discordar é enterrado vivo ou vai para a fogueira. Com o futuro não se brinca e com a vida muito menos.

De Washington veio uma notícia inquietante. Mais de 3.000 mercenários baptizados de “voluntários” foram enviados para a Ucrânia. Está confirmado: Alguns militares dos EUA foram presos pelas forças da Federação Russa, em combate. Pelos vistos não perceberam a lição. Isto vai acabar mal. O Jornalismo já foi à vida. A partir de agora a democracia caiu por terra. Danos irreversíveis. Quando chegar a hora de revelar a verdade da operação militar na Ucrânia, a credibilidade dos jornalistas nunca mais recupera. Não dizem coisa com coisa. Kiev está sem electricidade e sem aquecimento. Mas o presidente ucraniano aparece ante as câmaras de televisão iluminado por holofotes e em camisola de manga curta quando faz um frio de rachar. Um dia se conhecerá o estúdio onde as cenas são gravadas.

Um dirigente do Partido Socialista Português que tem aspirações a líder (não escrevo o nome por uma questão de higiene) fez declarações repugnantes na CNN Portugal. Disse que os europeus se uniram e derrotaram Hitler: “Agora também vamos vencer”. Uma coisa é propaganda, idiotice, estupidez natural e ignorância. Outra é falsificar a História Universal. O leproso moral socialista sabe que Hitler foi derrotado na Frente Oriental e por isso perdeu a guerra. O Exército Vermelho e o povo da União Soviética (hoje Federação Russa) pagaram a maior parte da factura. A guerra dos nazis contra a União Soviética na  Frente Oriental  começou em 22 de junho de 1941 e só terminou em 1945. Goebbels chamou a esta ofensiva a “cruzada contra o bolchevismo”. Hoje ressuscitaram essa propaganda.

A guerra dos nazis atingiu a Europa Central e Oriental, primeiro com a invasão da Polónia, em 1939. Tudo acabou quando o Exército Vermelho arrasou as tropas de Hitler e tomou Berlim, em 1945. Os “Aliados” nessa altura estavam entretidos a beber champanhe em França e vinho tinto na Itália, comemorando, merecidamente, a queda do III Reich. Esses países estão a construir agora o IV Reich. 

Até chegarem a Berlim, as tropas soviéticas penaram muito. Os nazis mataram milhões de seres humanos na Europa de Leste e no território da União Soviética. Morreram mais pessoas na Frente Oriental do que no resto do mundo, durante a II Guerra Mundial. Quase 90 por cento dos militares nazis morreram na Frente Oriental, durante a guerra de extermínio. Do total de baixas civis na guerra, mais de um terço eram cidadãos soviéticos. Enfrentar e derrotar os nazis custou à União Soviética muitos milhões de mortos! 

Os nazis defendiam o extermínio de eslavos, judeus e comunistas. Não conseguiram mas mataram milhões. Isso mesmo, pereceram no Holocausto. Na Frente Oriental morreram 27 milhões de soviéticos, a população total de Angola. Quase três vezes a população de Portugal, metade da população francesa e do Reino Unido, mais do dobro da população da Bélgica, quase o dobro da população dos Países Baixos (Holanda). Em resumo, a União Soviética sofreu mais de 60 por cento dos mortos da II Guerra Mundial.

Sabem que mais? O Exército Vermelho libertou a Ucrânia das tropas nazis, em 1943. Conhecem a dimensão da tragédia? Após os cercos de Minsk, Kiev e Viazma, os nazis fizeram três milhões de prisioneiros. Estes seres humanos foram os primeiros a ser executados nas câmaras de gás dos campos de extermínio. 

Na União Soviética (hoje Federação Russa) os nazis lançaram a Operação Barbarossa e mataram milhões de soviéticos no cerco a Moscovo e sobretudo no cerco a Leninegrado (São Petersburgo), que durou 900 dias e custou a vida a um milhão de citadinos. Eram milhões de militares invasores dos seguintes países, aliados de Hitler: Finlândia, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Croácia, Eslováquia, Espanha (enviadas pelo ditador Franco) e uns gatos-pingados portugueses salazaristas, Estónia, Letónia e Lituânia. E os aliados foram ajudar? Apenas ajudaram os partizans da Jugoslávia que mais tarde a OTAN (ou NATO) destruiu para impor a democracia deles.

Os prisioneiros dos campos de concentração nazis foram libertados pelo Exército Vermelho. A capital do III Reich, Berlim, foi tomada pelo Exército Vermelho. Não falsifiquem a História Universal, como tanto gostam os nazis.

*Jornalista

Imagem: David Kirev – circulo em azul -  nas negociações Ucrânia - Rússia

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