quinta-feira, 28 de abril de 2022

O VELHO QUE VIU AS NETAS NAS RUÍNAS DA UCRÂNIA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

António Guterres foi alto comissário da ONU para os refugiados entre 2005 e 2015. No último ano do seu mandato começaram os naufrágios em massa, no Mediterrâneo, de refugiados provocados pelas agressões da OTAN (ou NATO), dos países da União Europeia e do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). O Iraque foi destruído. A Líbia foi destruída. A Síria foi destruída. Guterres não foi às “Bucha” desses países ver os efeitos da guerra. 

Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM) morreram seguramente 20.014 refugiados desses países nos naufrágios. Porque foram recuperados os cadáveres. Mas alertou para os “naufrágios invisíveis” de embarcações muito precárias, carregadas de refugiados e que naufragam sem que ninguém saiba da tragédia. E como os náufragos são pobres, os familiares nunca reclamam os corpos. Nem têm familiares! Esses náufragos são aos milhares. São os “barcos fantasmas” que desaparecem a caminho da Europa muito civilizada. António Guterres nunca foi ver esses desgraçados, nunca imaginou que cada um fosse seu filho, cada uma sua filha, as crianças mortas seus netos. 

Como António Guterres é muito piedoso vou fazer-lhe uma sugestão. Ainda ele era alto-comissário para os refugiados e uma menina queniana, refugiada, grávida de gémeos, chegou a Itália na rota do Mediterrâneo. Após desembarcar no país do grande humanista Mário Draghi foi obrigada a prostituir-se. Quando tiver uma oportunidade vá visitá-la, leve a criadagem dos Media, faça um ar compungido e diga-lhe que olha para ela, como se fosse sua filha. É mentira, mas faz o mesmo papel que fez para os donos na visita à Ucrânia e assim ficamos todos a pensar que é decente e tem bom coração. Não será o único crápula a fazer-se passar pelo que não é. Nem o último a fazer figura de pacifista para agradar aos seus donos, sejam da OTAN ou do estado terrorista mais perigoso do mundo.

Um dia fui aos campos de refugiados dos palestinos no Líbano. Mordi os lábios, engoli insultos aos que criaram aquela desumanidade e reportei o que vi. António Guterres nunca foi visitar esses seres humanos que já nasceram no meio daquela desgraça. Ou foram para lá crianças e entretanto envelheceram na precariedade. Israel mata todos os dias palestinos. António Guterres papa uma hóstia, benze-se, reza o Pai Nosso, arrota, caga e dorme em paz. Nunca foi ver as destruições em Gaza e na Cisjordânia. Nunca quis saber da situação de seres humanos que viram o seu país transformado num campo de concentração. E agora até foi murado.

António Guterres não deu conferências de imprensa ao lado do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Zeidan Abbas, nem do presidente do Hamas e primeiro ministro da Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh. Nunca disse que há tropas de Israel na Palestina mas não há tropas palestinas em Israel. Nunca falou na invasão de Israel à Palestina. Nada. Porque os donos não deixam. Falou da invasão russa à Ucrânia porque os donos puxaram pelo cordel que o põe a falar e ele despejou o que lhe mandaram dizer. Um homem na idade da reforma, em fim de vida, tem alguma necessidade de se apresentar como a voz dos donos? Nenhuma. Faz isso porque gosta.

António Guterres, enquanto secretário-geral da ONU nunca foi ao Afeganistão, onde a guerra DA OTAN e do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) acabou em 2022. Só em 2021 as tropas da OTAN e dos EUA mataram 42.223 civis. Este ano 593. Quando Guterres foi lá? Nunca. Quis lá saber das famílias que viviam nas casas esventradas, dos refugiados e dos mortos. Nunca lhe deram ordens para fazer figura de piedoso e coerente na hipocrisia. Em Myanmar morreram 11.114 civis em 2021. Este ano já morreram 4360. Guterres nunca foi lá com a criadagem dos Media. Nunca apelou ao Tribunal Penal Internacional para verificar se houve crimes de guerra. No Iémen morreram 31 048 civis ano passado. Este ano já foram assassinados 14 200. No total da guerra liderada pelos seus donos, já morreram 377 000 pessoas. Guterres não viu em nenhum a sua família, os seus filhos e as suas netas. 

Na Ucrânia começou uma guerra civil em 2014, na sequência de um golpe de estado nazi contra o presidente eleito. Guterres não condenou os golpistas! Segundo a ONU, as milícias nazis já mataram no Leste do país 14 200 civis. António Guterres nunca foi às repúblicas separatistas ver as destruições e as valas comuns. Ai dele! Os donos punham-no logo a ajudar missa na sua aldeia de Castelo Branco. A agência da ONU para os Direitos Humanos diz que o Batalhão de Azov (braço armado dos golpistas) cometeu genocídio ao longo dos anos. António Guterres não quis ir ver as vítimas dos seus amigos nazis. Cada qual tem as amizades que merece.

Na Palestina já morreram 25 000 civis desde que António Guterres é secretário-geral da ONU. Já foi a Gaza e à Cisjordânia? Já foi aos campos de refugiados palestinos no Líbano? Nunca. Na República Democrática do Congo as intituladas Forças Aliadas Democráticas já mataram  3 353 civis. O chamado Conflito de Ituri fez 60 000 mortos civis. António Guterres nunca foi a Kinshasa manifestar a sua solidariedade com o povo congolês. Nunca. Já deu uma conferência de imprensa com o presidente Félix Antoine Tshisekedi Tshilombo? Jamais. Era logo despedido. Na Nigéria os fundamentalistas islâmicos mataram 68 567 civis. Mais milhares de raptos. Guterres nem quer saber. São pretos, cheiram mal O mesmo no Sudão do Sul onde já morreram mais de 400 000 civis.

Com o secretário-geral da ONU António Guterres já houve uma guerra de separatistas nos Camarões, em 2017. E ele nem uma palavra. Nem uma viagem. Nem um apelo. Nem um queixume. Em 2018, começou uma guerra em Catatumbo entre a Colômbia e a Venezuela. Nem uma palavra. No início do seu mandato, a Líbia destruída ficou nas mãos do Estado Islâmico. E Guterres, nem uma palavra. Na Mali houve um golpe de estado e desde então a guerra não tem fim. António Guterres nem uma palavra. Na Guiné Conacri mais um golpe de estado. António Guterres nem sabe que existe esse país. África, Ásia e América Latina não contam. Só a Europa conta mas tem de ser a dos ricos. Os pobres europeus também cheiram mal.

António Guterres foi a Moscovo e a Kiev fazer figura de criado às ordens da OTAN e do estado terrorista mais perigoso do mundo. Depois desta viagem ficou claro que a ONU já não serve para nada. E o Tribunal Penal Internacional ainda serve menos. Ainda que não mereçam, vou dar-lhes uma novidade. As milícias nazis ucranianas, quando decidem retirar, disparam contra prédios, escolas, hospitais e outros equipamentos públicos. Matam os russófonos e os “colaboracionistas”. Também ocupam prédios de habitação e de lá disparam contra as tropas russas. Colocam armas pesadas em zonas habitacionais, Isso só pode dar o que deu. 

Nas catacumbas da fábrica siderúrgica de Mariupol estão civis misturados com militares. Sabe o que isso quer dizer, senhor António Guterres? Foram feitos escudos humanos pelos nazis seus amigos. Sabe como se chamam os bandidos armados que raptam civis e se escondem por detrás deles? Terroristas! É por esses bandidos que se está abater e a hipotecar a ONU.  

Se há crimes de guerra na Ucrânia é preciso investigar quem os cometeu. Ninguém pode dizer que foram as tropas russas, sem primeiro investigar. Mas já sabemos algo importantíssimo.

A CIA e o Pentágono enviaram para a Ucrânia dezenas de agentes disfarçados de jornalistas. O truque é este. Essas e esses serventes dizem o que lhes mandam dizer e mostram o que lhes mandam mostrar. Os Media apresentam essas aldrabices como factos indesmentíveis! 

Guterres e outros figurões do seu calibre sabem que os Media ocidentais se limitam a transmitir propaganda e mal feita. Os “repórteres” violam gravemente o código ético e deontológico dos jornalistas, Mas fingem que não percebem. Porque querem a guerra a todo o custo. Para quê?

A Casa Branca n não esconde: “Temos de enfraquecer a Rússia”. A guerra tem de durar muito para quer isso seja possível. Jens Stoltenberg, chefe da OTAN (ou NATO), anunciou que já mandaram oito biliões de dólares em armas para a Ucrânia. Biden diz que mandou cinco biliões de dólares e está a pedir autorização para mais uma remessa. A patroa da União Europeia diz que já mandou sete biliões de euros para a guerra durar muito. Depois Guterres olha compungido para os prédios esventrados e vê lá as suas netinhas. Que canalha!

Jens Stoltenberg está empenhadíssimo em meter a Finlândia e a Suécia na OTAN (ou NATO) embora sabendo que a operações militar especial da Federação Russa na Ucrânia é para o país com quem tem uma longa fronteira. Washington e a sua criadagem querem enfraquecer a Federação Russa fazendo mais operações especiais agora na Finlândia e na Suécia. Querem mesmo a guerra. Têm a guerra que querem. Mas claro que Guterres, Zelensky, Biden, Stoltenberg e outros nazis de serviço não vão morrer nessas guerras. Eles querem facturar, roubando. Matam para roubar. Como lhes fica mal portarem-se como salteadores, fazem guerras. E fingem que têm pena das vítimas das suas guerras.

*Jornalista

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