sexta-feira, 22 de abril de 2022

PERGUNTAS AOS DEUSES DA DEMOCRACIA LIBERAL


Artur Queiroz*, Luanda

No momento em que o presidente Zelensky discursava no parlamento português Israel bombardeava a Faixa de Gaza e matava palestinianos. Essa guerra não conta. Esses seres humanos não têm direito à liberdade nem à vida. Nunca discursarão nos parlamentos dos países da União Europeia, dos EUA, OTAN (ou NATO). Democratas de todo o mundo, respondam: A Liberdade é só para alguns? O clamor contra a guerra é só quando dá jeito? Há povos que merecem viver e povos que têm de morrer a ferro e fogo ou à fome?  

O Iémen está em guerra à 12 anos. Sabem quem pôs aquele país a ferro e fogo? Os EUA e a OTAN (ou NATO), por procuração passada à Arábia Saudita. Ainda que tenha a certeza de que os números da ONU estão errados, vou revelá-los. Na guerra no Iémen foram mortos até agora 240 mil civis e 2,5 milhões de crianças correm o risco de morrer à fome e com doenças por falta de água potável. A Organização das Nações Unidas classifica o Iémen como a pior situação humanitária do mundo. Sejamos justos. A Arábia Saudita faz a guerra no Iémen por procuração dos EUA mas também do Reino Unido e França.  

A criadagem do Tribunal Penal Internacional não quer ir lá ver se há crimes de guerra? Úrsula von der Leyen, Charles Michel, Josep Borrel  e Roberta Metsola não vão lá oferecer biliões de euros? Não querem ver as valas comuns? Não têm pena dos que nem sequer são refugiados porque não têm para onde fugir?

A guerra na Síria foi desencadeada pelos EUA e a OTAN (ou NATO). A ONU diz que até meados do ano passado morreram 350.209 civis, um número que segundo a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, “está subestimado” porque refere apenas as vítimas de identidade conhecida e os locais precisos onde morreram.

Este número “não é e não deve ser visto como um balanço exaustivo do número de mortos na Síria durante este período. Reflecte um número mínimo verificável e, sem dúvida, subestima o número real de mortos”, frisou Bachelet, no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos fala em meio milhão de civis mortos. A senhora Bachelet disse que uma vítima em cada 13 é mulher (26.727 óbitos) e uma em cada 13 é criança (27.126 óbitos). 

As mulheres sírias são carne para canhão senhoras e senhores da União Europeia, da OTAN (ou NATO) e do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA)? E os milhares de crianças mortas na Síria não têm direito a manifestações com peluches? Não têm direito a ajuda humanitária? Não têm direito a medicamentos e alimentação? Não têm direito a pai e mãe? Só têm direito à morte?

Em Julho de 2021, um grupo de mercenários recrutados pela CIA assassinou o presidente do Haiti Jovenel Moïse porque deixou de obedecer às ordens de Washington. Desde então o país vive mergulhado na violência e todos os dias morrem dezenas de civis, sobretudo mulheres e crianças. Mais a fome e a miséria extrema. Estes não têm direito a viver em liberdade e sem violência?

Os EUA enveredaram pelo belicismo desde a independência. Vou esquecer as guerras que fizeram no século XIX e começo pelo século XX. Tomem nota. Em 1912, tropas dos EUA invadiram a Nicarágua e ocuparam o país até 1933. Só s foram embora por causa da Grande Depressão. Em 1916, tropas dos EUA invadiram a República Dominicana. Ocupação militar sangrenta até 1924. Entre 1918 e 1920, tropas dos EUA participaram na Guerra Civil Russa, depois da Revolução de Outubro de 1917. Tropas dos EUA participaram activamente na Guerra de Independência Turca entre 1919 e 1923. 

Tropas dos EUA combateram na Coreia entre 1950 e 1953. Ainda hoje têm as suas bases militares na Correia do Sul e ameaçam a existência da Coreia do Norte, país que derrotou os invasores norte-americanos. A guerra continua noutros moldes! Em 1961, tropas especiais dos EUA invadiram a Baía dos Porcos, em Cuba. Em 1965, tropas dos EUA ocuparam a República Dominicana. Saíram em 1966 mas deixaram lá os seus capatazes a matarem por conta de Washington. 

Ainda em 1965, tropas dos EUA invadiram o Vietnam e lá ficaram até 1973. Deixaram milhares e milhares de mortos civis. Em 1977, tropas dos EUA invadiram o Camboja e ficaram lá até 1991. Milhares e milhares de mortos. Em 1983, tropas dos EUA invadiram e ocuparam Granada. Mais milhares de mortos civis. Em 1989, tropas dos EUA invadiram o Panamá. Saíram em 1990 e deixaram lá os seus matadores de serviço. 

Nesse ano de 1990, tropas dos EUA reforçadas por uma “coligação” internacional invadiram o Iraque. A guerra oficialmente acabou em 2011. Mas as tropas norte-americanas ainda ocupam o país que é uma mera colónia onde os EUA roubam o petróleo. Centenas de milhares de motos. Milhões de refugiados. Até assassinaram o Chefe de Estado.

Em 1992, tropas dos EUA ocuparam a Somália e por lá ficaram até 1995. Milhares e milhares de mortos. Em 1994, tropas dos EUA levaram a guerra à Bósnia. Depois acrescentaram ao pacote a Guerra do Kosovo que só terminou em 1999. Milhares e milhares de mortos. Eliminação da Jugoslávia como país.

O século XXI começou em grande para o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Logo em 2001 tropas dos EUA e da OTAN (ou NATO) invadiram o Afeganistão. A guerra durou até 2021. Milhares e milhares de mortos. Civis bombardeados até em festas de casamento. Em 2011, a OTAN (ou NATO) e os EUA destruíram a Líbia e mataram o Chefe de Estado. Agora roubam o petróleo à vontade. 

Em 2014, os EUA, a OTAN (ou NATO) apoiaram militarmente e financiaram um golpe de estado nazi na Ucrânia. Começou então uma guerra civil que ainda decorre. Segundo a agência da ONU para os Direitos Humanos, as hordas nazis (sobretudo o Batalhão de Azov) mataram no Leste da Ucrânia mais de 20.000 civis por não reconhecerem o poder instalado em Kiev. Há registo de milhares de refugiados. Estes mortos e refugiados não prestam? Não merecem os valores da democracia? Não são europeus, senhoras e senhores da União Europeia? Só são europeus os nazis?

A BBC, insuspeita de ser a favor da Federação Russa ou estar ao serviço do presidente Putin, informou o mundo que o Governo de Kiev, saído do golpe de estado de 2014, financiou e armou as várias organizações de extrema-direita que participaram no derrube do presidente eleito. O Batalhão de Azov era dirigido por Andrei Biletski. Segundo a BBC, ele defende que “o papel da Ucrânia é liderar as raças brancas do mundo numa cruzada final (…) contra os sub-humanos liderados pelos semitas”. Entre os sub-humanos estão os negros. 

Além destes, há mais nazis integrados na Guarda Nacional e nas Forças Armadas ucranianas que andam a matar civis no leste do país. Eis quem são: Os Bandera e o Sector Direita. Matam que se fartam e são uma espécie de guarda pretoriana do presidente Zelensky.

Após o golpe de estado nazi de 2014, o poder golpista baniu o Partido Comunista da Ucrânia. Era o mais antigo do país. Milhões de ucranianos russos ou falantes de russo foram despojados dos seus direitos civis e políticos. Nas últimas eleições, que o presidente Zelensky ganhou, milhões de votantes foram impedidos de votar. Uma vez eleito, ele intensificou a guerra no Leste da Ucrânia. A ONU chama-lhe um genocídio. Os matadores são tropas nazis integradas na Guarda Nacional e no Exército. 

A Constituição da República da Ucrânia foi revista pelo poder golpista de 2014 e incluiu a adesão do país à OTAN (ou NATO) e à União Europeia. A operação militar da Federação Russa é justificada por estes factos. A guerra deixou de ser no Leste e chegou a todo o lado. Para desmilitarizar e desnazificar o país. O ministro das relações exteriores de Kiev foi a uma reunião da OTAN (ou NATO) e disse que o seu programa era simples: Armas, armas, armas. Não foi pedir apoio para alcançar a paz. Foi pedir armas para fazer a guerra. Está a ser servido.

O presidente Zelensky já começou a cumprir os desígnios da Ucrânia que, segundo os nazis do Batalhão de Azov, é liderar os brancos contra os sub-humanos (negros) liderados pelos judeus. Ele é que manda no mundo. Já deu ordens em vários parlamentos e pede sempre o mesmo: Armas, apoio militar e sanções à Federação Russa. Quer a guerra a qualquer preço, como demonstrou desde o primeiro momento em que chegou ao poder. Tem a guerra que tanto deseja. Arrastou aqueles que o elegeram para a guerra. Está a destruir o país. Ele e todos os seus amigos.

O presidente Zelensky falou no parlamento português. Na sua boca, a palavra liberdade é um insulto. Mas na boca do presidente Santos Silva é uma agressão. A poucos dias do 25 de Abril, os deputados portugueses aplaudiram de pé um homem que matou um dos negociadores do processo de paz, só porque defendia o fim da guerra. Ilegalizou 11 partidos políticos porque são contra a adesão da Ucrânia à OTAN (ou NATO) e à União Europeia. Prendeu o líder da Oposição e os seus agentes obrigaram-no a pedir a sua troca pelos “combatentes” de Mariupol. Decretou a Lei Marcial e fez dos ucranianos entre os 18 e os 60 anos, escudos humanos dos nazis.

O líder do grupo parlamentar do Partido Socialista, um homúnculo descabeçado, disse na solene ocasião que os representantes do Povo Português se renderam ao nazismo, porque “nós estamos onde estiver o combate pela liberdade”. Enquanto o Povo Angolano lutou pela liberdade contra o regime nazi de Pretória e seus matadores da UNITA, não vimos nenhum socialista português combater ao nosso lado. Pelo contrário, iam todos para a Jamba ao cheiro dos diamantes, da droga e do marfim.

O senhor Santos Silva, de joelhos ante o nazi de Kiev, fez um discurso mal cheiroso, soltou autênticos arrotos de fascista retardado. Afirmou que os portugueses estarão sempre na defesa dos valores da Europa. Quais valores? Desgraçadamente só mostraram em Angola os valores do esclavagismo e do colonialismo.

O mais repugnante dos insultos de Zelensky no parlamento português foi quando pediu às autoridades de Lisboa para dizerem aos pretos que falam português para terem juízo e apoiarem a guerra da OTAN (ou NATO) e dos EUA na Ucrânia. 

Enfim, quero acreditar que Portugal ainda não é um caso perdido apesar de ter regressado ao fascismo derrubado no 25 de Abril de 1974. Porque seis deputados, eleitos na coligação CDU (Partido Comunista e Os Verdes), não foram ouvir o nazi de Kiev nem o fascista que preside à Assembleia da República.

Senhoras e senhores deputados, senhoras e senhores ministros portugueses, senhor presidente Marcelo Rebelo de Sousa, acham que Otelo Saraiva de Carvalho se curvaria ante os nazis da Ucrânia? Respeitem os valores do 25 de Abril e da democracia. Não é ressuscitando o fascismo e o nazismo que vão travar o fim do mundo unipolar, capturado pelo estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Acham mesmo que é com nazis e palhaços que vão travar o vento com as mãos? Aka!

*Jornalista

1 comentário:

Victor Nogueira disse...

No § 9, cujo inícioé "Tropas russas ... deveria estar "Topas dos EUA ..."

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