Artur Queiroz*, Luanda
A porcina Margarida Cardoso vai
lançar outra fossa de longa-metragem. Já escolheu as actrizes e os actores. O
financiamento está garantido pelos diamantes de sangue da UNITA, o orçamento
do estado português mais uns dinheiros da kitanda do 27 de Maio. O artista
principal vai ser o Onete, também conhecido por rato cego ou engenheiro à
civil. A fita é uma mescla do livro “
Os porcos estão a ser escolhidos a dedo. Já foi feita uma selecção durante o Congresso da Nação. Chico Viana tem garantido o papel do primeiro porco triunfador. A concorrência vai ser feroz. A direcção da UNITA, em peso, quer entrar na fossa de grande-metragem. A porcina Margarida vai ter tanta mão-de-obra, que escolher os porcos para o filme vai ser uma maka mundial. Mas o Chivukuvuku está garantido. A Luzia Moniz também faz parte do elenco. Fica com o papel de criar as falsas notícias que vão mobilizar os seguidores.
A parte mais espectacular da fossa de longa-metragem, o clímax da obra porcina, vai ser quando os animais da quinta se juntam à volta do Onete e começam a escavar um túnel entre a fábrica da Mission, nos Coqueiros, e o Palácio da cidade Alta. Toupeiras e ratazanas de esgoto vão ter muito que escavar.
O Big Brother quer o túnel para esconder os votos das próximas eleições. Escavado o buracão, na noite das eleições os votos são roubados e escondidos no túnel. A Polícia do Pensamento, por ordens do Big Brother, anuncia às angolanas e aos angolanos que a Comissão Nacional de Eleições foi vítima der um ataque informático e os votos desapareceram. Fernando Pacheco, o ministro da Verdade, avança com um comunicado onde tudo é esclarecido: A Oposição roubou os votos, antes de serem contados, para o MPLA não fazer fraude!
Chivukuvuku, um dos porcos triunfantes, entra em cena, espalhafatoso e ameaça:
- Se contarem os votos desaparecidos, nós reduzimos Angola a pó! E mandou uns porcos novatos, sicários da BRINDE, guardar o túnel onde os votos foram atafulhados, desde a fábrica da Mission até ao Palácio da Cidade Alta.
Na segunda sessão do Congresso da Nação, o Justino Pinto de Andrade (já foi porco na fossa de longa-metragem “Sila”) lança para a selecta assistência a grande questão: Como o Onete conseguiu escavar um túnel entre a Fábrica da Mission e o Palácio da Cidade Alta? A resposta foi um clamor: Milagre, milagre, milagre!
Um dirigente do PRS, que entra na fossa de longa-metragem como figurante, pede a presença imediata da Polícia do Pensamento. Francisca Van-Dúnem prometeu responder quando for ministra do Governo de Angola, depois do tirocínio em Portugal.
O povo, empolgado, exige a presença do ministro da Verdade. Fernando Pacheco dá duas de conversa fiada e remete a resposta para a ADRA, que é o seu alter ego. O Big Brother entrou na sala, sobrevoou a assistência e exigiu aos seus seguidores que facilitassem o triunfo dos porcos. A Francisca ajoelhou, o Fernando salivou, o Justino arrotou e a alma danada do Savimbi saiu a voar, como entrou. Foi fazer ia suma fogueira na Jamba para queima das elites femininas que ousem resistir às suas violações sexuais.
Neste ponto entra em cena o narrador, que sou eu, Artur Queiroz, o Homem Pássaro, o Homem Número Um o Homem do Século XXI. Apagaram-se as luzes, o Justino arrotou a CASA-CE, o Fernando Pacheco disparou uma verdade em surdina, a Francisca policiou e o Onete fugiu da sala, de mansinho, deixando a cadeira vazia.
Narrador: As toupeiras andaram a escavar um túnel entre a Fábrica da Mission, nos Coqueiros, e o Palácio da Cidade Alta. A Comissão Nacional de Eleições foi instalada no espaço onde se fabricava laranjada, cocopinha e a pepsicola. O Estado Angolano gastou milhões de barris de petróleo na obra. E neste tempo todo das escavações do túnel, nem uma só toupeira denunciou a obra secreta. Povo! A condição das toupeiras é bufar. Como foi possível que nem uma alertasse os partidos da oposição para o túnel? As toupeiras já não são o que eram.
Caras e caros assistentes a este Congresso da Nação,. O que fazer a um líder partidário que põe a circular junto da opinião pública que a CNE tem mm túnel secreto que liga o edifício ao Palácio da Cidade Alta? E o povão fradou: Entrega-se à polícia do Pensamento! (Aqui a Francisca salivou e ficou logo a imaginar como comer o Onete).
Prossegue o Narrador: O que fazer a um líder partidário que acredita que um edifício público, construído com fundos públicos, tem um túnel secreto que liga a sala de escrutínio dos votos com o gabinete do Presidente da Republica? O ministro da Verdade assobiou para o lado.
Hoje o Presidente da República é João Lourenço e o partido maioritário o MPLA. Se em Agosto o partido vencedor das eleições for outro, o seu cabeça de lista é o novo Presidente da República. O que vão fazer ao túnel secreto escavado pelas toupeiras e ratazanas de esgoto do Onete?
O filme acaba com o Onete a fugir desvairado, com os savimbistas todos a persegui-lo, por ter perdido as eleições e ser mentiroso compulsivo.
Assim acaba a triste história do Adalberto da Costa Júnior, o Onete. A polícia do Pensamento, de castigo, mandou-o para a quinta dos animais com orelhas de burro. Vai ter o fim dos grilos. Sabem qual é? Esses insectos cantadores morrem com os cornos enterrados no chão e de rabo para o ar.
*Jornalista
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