Artur Queiroz*, Luanda
Adalberto da Costa Júnior diz que vamos ter 12 mil assembleias de voto e 25 mil mesas nas eleições de 24 de Agosto. Por isso, deviam existir outros tantos observadores nacionais e internacionais. No mínimo, um por mesa. Se assim fosse, não existia fraude eleitoral! Também declarou o seu regozijo pelo facto de Angola ter convidado o Parlamento Europeu a observar o processo eleitoral angolano. Como a maioria dos parlamentares está muita próxima do nazismo, o líder da UNITA pensa que vai ser o mesmo regabofe protagonizado pela savimbista e máriosoarista Ana Gomes. Está equivocado. Quem vier observar só pode mesmo fazer isso. Se interferir nos assuntos internos do Estado Angolano é recambiado.
A entrevista ao líder da UNITA ao canal do barqueiro do Douro , Mário Ferreira, é mais do mesmo. O homem quer ser entrevistado, quer dar nas vistas, mas quando lhe dão uma oportunidade repete as mesmas coisas seja a propósito ou a despropósito. Ninguém consegue meter naquela cabeça dura como os pedregulhos do Lépi, que não faz sentido andar há cinco anos gritando que em Angola há fraudes eleitorais.
Muito menos é aceitável que Adalberto, antes da campanha eleitoral, já esteja a protestar contra a campanha eleitoral. Ainda ninguém conseguiu meter naquela cabeça que vociferar contra os Media públicos adianta tanto como pedir à Nossa Senhora da Ilha do Cabo que lhe dê um nada de inteligência. Por muita vontade que a santinha tenha de lhe dar uma oportunidade, não adianta. Naquela cabeça já só existe areia. Qualquer ideia desaparece num ápice, como a água se esvai nos desertos.
Jonas Savimbi queria o poder a todo o custo. Estava por tudo. Quando as autoridades colonialistas propuseram pagar-lhe o colaboracionismo com o cargo de governador do distrito do Moxico, ele aceitou logo. Tinha ficado por ali, como um qualquer Flecha da PIDE, caso não surgisse um comandante da Região Militar Leste racista e muito cioso do colonialismo. Disse alto e bom som aos seus colaboradores que engendraram a Operação Madeira: Não quero pretos no governo distrital!
Assim conseguiu ser o grande herói dos portugueses e sócio de Mário Soares. O problema é que a História não se apaga, os factos deturpados acabam por emergir intactos, a verdade acaba sempre por triunfar. Hoje sabemos que o chefe do Galo Negro andava a pedinchar botas de cano alto e um bom creme para os pés, ao capitão que comandava a companhia de artilharia de Cangumbe. Grande líder africano! Adalberto está uns furos abaixo do criminoso de guerra. Nunca a UNITA desceu tão baixo. Com Samakuva ainda era uma espécie de covil dos assassinos ao serviço do colonialismo e do regime de apartheid. Agora nem isso.
Adalberto fez da UNITA o recreio onde uns políticos faz-de-conta vão brincar. Divertem-se imenso contando como os seus partidos anões são importantes, mobilizadores e influentes. O Bloco Democrático tem um diploma onde lhe são atribuídos 0,26 or cento dos votos nas últimas eleições às quais concorreu. Chivukuvuku conta como matou na Jamba dirigentes da UNITA que ousavam pensar sem pedir licença ao criminoso de guerra Jonas Savimbi. Um deles foi o meu amigo, António Vakulukuta, morto à paulada. Adora contar como as elites femininas da UNITA foram queimadas vivas nas fogueiras da Jamba.Eles estão convencidos de que são importantes e que a maioria do Povo Angolano vai dar-lhes o voto. Ainda não perceberam que sem o Luter King e o Tanaice Neutro perderam a ala intelectual do partido. Os que restam, pensam com o intestino grosso. Uma tragédia para eles mas também para quem ainda acredita nas suas aldrabices.
Na entrevista de Adalberto da Costa Júnior à CNN Portugal ele provou, mais uma vez, que não tem as mínimas condições para exercer cargos políticos, seja a que nível for. Declarou que as eleições de 24 de Agosto seriam limpas se já existisse um Poder Local eleito. Ainda ninguém lhe explicou que as eleições para os órgãos autárquicos são organizadas pela mesma entidade que organiza eleições para os Parlamentos. Ou para a Presidência da República. Fiquei sem saber se estava a mentir ou simplesmente não sabe.
A desgraçada que entrevistou Adalberto da Costa Júnior chegou a um ponto que ficou com dúvidas se estava a entrevistar um político ou um gravador. Ele despejava respostas mecanicamente, sem pensar.
Hoje o Regime Especial Tributário para Cabinda foi aprovado por unanimidade na Assembleia Nacional. Já não era sem tempo. Quero recordar que esta é uma promessa que vem de longe. Tem muitos anos. Porém, nunca foi concretizada. Se querem fazer daquela província uma “zona franca” “esta medida impunha-se. Está aprovada. O Executivo vai seguramente aplicá-la. Nas eleições de 24 de Agosto vamos saber se os eleitores locais preferem a verdade ou os vendedores de pátrias.
Os técnicos descobriram petróleo na zona da Mulemba e logo foi construída a refinaria de Luanda, que garantia a produção de combustíveis para toda a colónia de Angola. Isto aconteceu no início dos anos 50. Pela primeira vez em 70 anos, a infra-estrutura recebeu obras de ampliação e a partir de agora vai produzir o dobro dos combustíveis. Quem só sabe destruir, partir, matar, como é o caso da UNITA, este acontecimento não tem importância. Mas quem constrói Angola, dia a dia, pouco a pouco, com sacrifícios, esforço, abnegação e respeito elo Povo Angolano, este acontecimento merece uma grande festa. Eu estou a comemorar.
Um texto publicado hoje no Jornal de Angola, assinado por Manuel Rui reza assim: “O bandido padre António Vieira, esclavagista que foi idolatrado, maldoso jesuíta dos que queimavam pessoas em fogueiras… ai se fosse no tempo do Marquês de Pombal!”
O padre António Vieira é um dos mais importantes escritores de Língua Portuguesa. Num dos seus sermões defendeu que “os escravos negros e os índios têm alma como nós. Têm de ser tratados como seres humanos”. E a partir desta afirmação partiu para a condenação do esclavagismo. A sua ousadia levou-o a uma condenação à morte na fogueira, pelo Tribunal do Santo Ofício. Foi salvo pelo rei de Portugal, que o admirava como pregador.
Manuel Rui não bebes mais hoje! Pareces o Agualusa deitando abaixo a concorrência. Podes não admirar o escritor António Vieira. Mas deves respeitar o oficial do mesmo ofício. Escrever mentiras sobre ele é coisa mais própria dos sicários da UNITA. Não faças isso.
*Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário