Artur Queiroz*, Luanda
O mundo é um lugar perigoso para viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa daqueles que deixam o mal acontecer. Esta frase de Albert Einstein tem muitas décadas mas nunca foi tão actual. A Revolução Industrial criou instabilidade social, pobreza extrema e tremendas injustiças. As organizações revolucionárias da época não se conformaram e impuseram aos que “faziam o mal” valores como a igualdade e a solidariedade. E o mundo ficou menos perigoso.
À medida que nasciam novos
perigos, outros valores foram lançados como barreiras intransponíveis aos que
tudo fazem para tornar o mundo cada vez mais perigoso para viver. A democracia
e o diálogo entraram
Os povos que foram fustigados pela guerra assistiram ao nascimento da OTAN e em oposição aos que “fazem o mal” nasceu o Pacto de Varsóvia. Olho por olho, dente por dente, arma atómica por arma atómica. O cineasta Alain Resnais fez tudo para não ficar a ver o mal acontecer e realizou o filme “Hiroshima, meu amor” com roteiro de Marguerite Duras. Por trás das imagens estavam milhões de seres humanos pulverizados pelas bombas atómicas despejadas pelos EUA em cima de duas cidades japonesas. A democracia começou a ser suportada pelo medo. Daí ao terror foi um pequeno passo.
Os africanos decidiram não deixar o mal acontecer e enfrentaram corajosamente o colonialismo, o mais grave crime que alguma vez se cometeu contra a Humanidade. Os angolanos levantaram tão alto essa bandeira que ainda hoje se vê da Lua. Soltaram exércitos durante décadas contra a nossa liberdade. Milhares de angolanos sentiram na pele e na alma que o mundo é um lugar perigoso para viver.
Para nos vergarem, criaram a UNITA, uma unidade de apoio aos Flechas da PIDE e às tropas de ocupação na Frente Leste. O MPLA derrotou o colonialismo. O Galo Negro tornou-se uma unidade terrorista do Poder Branco da África do Sul. Pela primeira vez uma organização política africana alugou as armas aos racistas de Pretória. O mundo está perigoso, mas os salteadores do poder, instalados em Angola, não são menos perigosos. O poder financeiro deitou mão da propaganda para subjugar os amantes da liberdade. Impôs a política da “única alternativa”, que leva as comunidades e os países a aceitarem a cultura da submissão aos centros de poder instalados na União Europeia, ou em Washington e Berlim.
Os senhores do mundo instalados em Washington, Londres, Paris, Berlim e Bruxelas estão na base de tragédias que confiscaram a liberdade e a democracia. Alimentaram ontem o colonialismo e o fascismo. Hoje sãos os ases de trunfo da oligarquia financeira que domina o planeta.
Angola resiste e o MPLA faz tudo para não deixar o mal acontecer. Apesar do grande esforço, os líderes da África Austral e de outros países, o mundo é cada vez mais um lugar perigoso para viver. O cartel político e económico que impôs o banditismo político e mediático ameaça a Humanidade com uma guerra que pode ser a última onde são utilizadas tecnologias sofisticadas. A próxima pode ser mesmo apenas com paus e pedras.
O mundo está cada vez mais perigoso e pode não ter saída, se a informação continuar a ser mera mercadoria, bem ou mal cotada nas Bolsas de Valores dominadas pelas Lagarde e as Cristalina mais ou menos habilidosas para esconder os seus crimes da opinião pública. A informação mercadoria manipula as consciências e leva os escravos a desejar a escravatura.
As sociedades modernas estão obcecadas pelo poder e vivem na infelicidade mais triste que alguma vez deprimiu a Humanidade. A Europa tem 30 milhões de desempregados. O chamado mundo ocidental soma mais de 100 milhões. Nos países desenvolvidos os Direitos Humanos foram esmagados pela pobreza, pelo confisco da esperança, pelas mais revoltantes injustiças sociais. Países que tinham as mais prósperas economias do mundo à custa do latrocínio em África, na Ásia e na América Latina,m hoje estão falidos e impõem-nos a máxima: “não há alternativa”.
Grupos nazis mandam na Alemanha, em França, na Holanda, na Áustria, na Polónia, nos Países Bálticos, na Roménia e na Ucrânia, país onde chegaram ao poder através de um golpe de estado, em 2014, derrubando um Presidente eleito. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros alertou para o perigo da instabilidade na Europa se continuar a prosperar a extrema-direita. A OTAN faz ameaças e toma atitudes concretas que só podem dar guerra generalizada. Em Washington mandam e comandam os “falcões”. A guerra aberta está na Europa.
Em África é fácil desencadear guerras e golpes de Estado. Congo Democrático, Costa do Marfim, Mali, Egipto, Tunísia são exemplos. A OTAN derrubou e depois assassinou o Chefe de Estado da Líbia, em nome da democracia. Hoje o país está a ser devastado por grupos radicais, vendedores de petróleo ao preço da chuva. As potências ocidentais vão espalhar guerras por petróleo onde existir energia.
A guerra da Síria é uma tragédia que só continua por obra da informação mercadoria e de uma manipulação vergonhosa das opiniões públicas. O que se passa na Ucrânia pode ser o princípio do ressurgimento de um III Reich onde a Wehrmacht tem as suas divisões na Internet e nas redes sociais. A Deutsche Luftwaffe, a CIA e os serviços secretos britânicos bombardeiam minuto a minuto com informação mercadoria e lançam entre os cidadãos o medo que paralisa e mata. E em Angola? Os salteadores do poder contrataram a “especialista” ADI Timor.
Os países bem comportados têm direito a um consumismo sumptuário que alimenta a ilusão da liberdade e da democracia. O mundo está cada vez mais um lugar perigoso para viver. Angola está fora desse circuito de morte e destruição. Dessas fábricas de mentiras e manipulações. Sabem porquê? O MPLA está a fazer do nosso país um lugar bom para viver, desde Fevereiro de 2002. Mais uma década e a obra fica concluída. Em 24 de Agosto vamos votar nos construtores da Independência Nacional, nos conquistadores da Paz, nos libertadores. Ainda há um mundo de destroços da guerra que é preciso transformar na força humana que nos leva para o futuro de paz., felicidade e abundância.
*Jornalista
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