ANGOLA - Campanha Eleitoral
MPLA põe definitivamente em acção, hoje, no Camama, em Luanda, a máquina política, num acto de massas, a ser conduzido pelo líder João Lourenço, que os militantes, amigos e simpatizantes encaram como a “grande partida” na corrida às Eleições Gerais de 24 de Agosto, numa altura em que se está a realizar a transição da pré para a campanha eleitoral, sob a “mira” dos demais partidos.
Na mesma linha, seguem outras
forças políticas concorrentes, designadamente a UNITA, que promove, com o mesmo
espírito, um acto de massas em Benguela, e a CASA-CE, que se lança à corrida
Na fase da pré-campanha, que, conforme o calendário das eleições, termina hoje, as forças políticas puseram em evidência estratégias, a julgar pelo tom, roçaram o exercício de manipulação da opinião pública, com a pretensão de colher a simpatia do eleitorado, de forma geral, e ensaiar tácticas de combate político, aceites no quadro do marketing eleitoral, de forma particular.
A CNE, pelas circunstâncias, e em observação à Lei Orgânica das Eleições Gerais, confirma o início da pré-campanha. A jornada de hoje, a qual remete, não de forma oficial, para a competição a "sério”, tem os elementos suficientes para se aferir a organização, a capacidade de mobilização e, mais importante, a qualidade e a direcção do discurso de cada força política concorrente.
O MPLA, nesse sentido, foi o primeiro a apresentar o cabeça de lista, em consequência, é o candidato a Presidente da República, e as duas figuras colocadas na segunda e terceira posição da lista, candidatas, conforme a ordem, a Vice-Presidente da República e a presidente da Assembleia Nacional. Nesta senda, o partido dos "camaradas” também foi o primeiro a dar entrada da documentação no Tribunal Constitucional (no dia oito de Junho) para formalizar, em termos legais, a condição de concorrente às Eleições Gerais de 2022.
A CASA-CE foi ao encontro do Tribunal Constitucional no dia 15 de Junho. A UNITA cumpriu a "burocracia eleitoral” apenas no dia 21 de Junho, portanto um dia a seguir a APN (Aliança Patriótica Nacional), que deu entrada da documentação no TC no dia 20. Para variar, as demais forças políticas concretizaram os seus actos muito depois, mas todas fizeram dentro do prazo, compreendido em 25 dias.
Os partidos novos, ou seja, P-JANGO (Partido Nacionalista para a Justiça em Angola) e PHA (Partido Humanista de Angola) procederam a entrega dos documentos, praticamente, no fim do prazo. Nessa altura, contas feitas, cose-se com o que se tem, e, o que se tem, é a confirmação de que todos são candidatos.
Como candidatos, todos ensaiaram truques e as estratégias, deixando uma mensagem clara até aonde vão, em termos de nível competitivo.
Apresentação da estratégia
Assim, o MPLA está centrado em realizar, mais uma vez, um trabalho de fundo com base na sua máxima: o povo está acima de tudo. Durante as suas acções, passou a mensagem de que está empenhado na melhoria das condições de vida da população, no desenvolvimento do país, factores que têm grande sustentação no seu Programa de Governo e no manifesto eleitoral.
Neste capítulo, o MPLA, indica o seu manifesto eleitoral, pretende consolidar o Estado Democrático e de Direito, prosseguir a reforma do Estado e combater a corrupção e a impunidade; promover o desenvolvimento equilibrado e harmonioso do território, a descentralização e desconcentração da Administração Pública, a municipalização e a implementação das autarquias locais. Nesta ordem, os "camaradas” vão promover, em caso de vitória, o desenvolvimento do capital humano, ampliando o acesso aos serviços de saúde, ao conhecimento e habilidades técnicas e científicas, promover a cultura e o desporto e estimular o empreendedorismo e a inovação.
Estão apostados em reduzir as desigualdades sociais, erradicar a fome e a pobreza extrema, promovendo a igualdade de género e solucionando os desafios multidimensionais e transversais à elevação da qualidade de vida das populações. O MPLA garante modernizar e tornar mais eficiente as infra-estruturas do país e preservar o ambiente, assegurando a diversificação da economia sustentável, inclusiva e liderada pelo sector privado.
UNITA defende pacto para a estabilidade
A UNITA fez saber aos angolanos que o país precisa de um pacto de regime para a estabilidade, como forma de partilhar o seu governo, no caso de vencer as eleições, com todas as forças políticas, para o bem do povo.
Na altura, durante os actos de pré-campanha, os "maninhos” deixaram claro que o "pacto de regime se baseia no cumprimento das metas preconizadas para a edificação de um determinado programa, para o alcance da melhoria, estabilidade e desenvolvimento de todos os cidadãos”.
A sua mensagem sugeriu a criação de uma espécie de zona metropolitana para Luanda, e a oferta de uma autonomia para a província de Cabinda. No entanto, a mais ousada das promessas foi a predisposição da UNITA para fazer regressar as populações às suas zonas de origem, de onde, segundo o seu líder, não deviam sair, pois "todos devem viver no lugar onde nasceram”.
CASA-CE focada na reforma do Estado
A CASA-CE, por sua vez, posicionou-se com uma reforma profunda do Estado, um pouco na linha do PRS que pretende, há anos, chegar ao poder para concretizar o sonho de converter Angola numa Nação Federada. O tom amarelo, como é designada a CASA-CE em certos círculos políticos, tem fé que com a sua reforma profunda vai modernizar o país.
Desta feita, no caso de vencer as eleições, iniciaria por alterar institucionalmente o Estado, passando para um novo sistema político-administrativo. Do seu manifesto, constam ideias viradas para objectivos como a consolidação da paz, reconciliação nacional, estabilidade, democracia, cidadania e justiça social. Os demais partidos procuram o melhor que podem, desconto feito ao P-JANGO, cuja aposta é alcançar mais de 30 deputados. A governação que se guarde para outra ocasião.
A novidade da campanha, a única
mulher a disputar as eleições, Florbela Malaquias, líder do PHA, ainda não se
posicionou, apesar de o tema, contido na designação do próprio partido, ser
sugestivo. Até aqui, para bom entendedor, meia palavra basta.
A novidade no pleito eleitoral é o voto no estrangeiro
Estas eleições trazem uma grande novidade, a votação no exterior do país. A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) está organizada para concretizar o processo eleitoral em países como RDC, Namíbia, África do Sul, Zâmbia, Congo Brazzaville, Grã-Bretanha, Portugal, Alemanha, França, Países Baixos e Brasil.
Assim, a votação, em potência, conta com mais de 14 milhões de eleitores, os quais, estão previamente habilitados pela CNE.
As Eleições Gerais de 24 de Agosto têm de tudo para marcar, de forma ímpar a história dos pleitos, sendo comparada às de 1992, que, além de ser a primeira a ser realizada, também trouxe à disputa político eleitoral uma senhora, a malograda Anália de Victória Pereira, que concorreu com o partido PLD (Partido Liberal Democrático). Desta vez, 30 anos depois, o país volta a acarinhar uma senhora na corrida eleitoral.
Jornal de Angola | Imagem: Partidos e a coligação movimentam militantes e simpatizantes nas províncias de Luanda, Benguela e Cabinda © Fotografia por: DR
Sem comentários:
Enviar um comentário