quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Angola | A LONGA MARCHA DA TRAIÇÃO – Artur Queiroz

“As FAPLA como exército regular tinham pouco mais do que um ano quando tiveram de enfrentar a Operação Savana, desencadeada pelas tropas sul-africanas, trazendo encavalitadas a UNITA, a FNLA e a Facção Chipenda, para matarem à nascença a República Popular de Angola que iria ser proclamada a 11 de Novembro de 1975. Esta primeira agressão sul-africana foi travada na Batalha do Ebo.” -- https://ivairs.wordpress.com/

Artur Queiroz*, Luanda

A operação Protéa, desencadeada contra Angola pelo alto comando das tropas sul-africanas, começou a 23 de Agosto 1981, há 41 anos. com um ataque aéreo contra vários objectivos económicos e sociais em Xangongo e Ondjiva. Milhares de angolanas e angolanos deram a vida pela paz e reconciliação nacional, durante a guerra contra os invasores estrangeiros, apoiados pela UNITA. O preço foi muito elevado, mas para os combatentes, a Independência Nacional, a liberdade e a dignidade estão acima de tudo e nada paga esses valores.

No dia 23 de Agosto 1981, Os bombardeamentos dos racistas de Pretória e seus ajudantes da UNITA mataram milhares de angolanos, militares e civis. Morreram durante ataques surpresa da aviação e artilharia inimigas. A comunidade internacional nem sequer quis saber do número de mortos. Os que hoje enchem a boca com a democracia, fugiam para muito longe dos campos de batalha. São os accionistas da Sociedade Civil em consórcio como Galo Negro. Quem amanhã votar na UNITA está a dar um voto de confiança à Irmandade Afrikaner, que continua a dominar a direcção do Galo Negro e ainda sonha com o regresso do regime de apartheid.

A invasão estrangeira foi feita às claras e com meios abundantes. Era impossível esconder a agressão. Pretória atacou o Sul de Angola com 11 mil homens, 36 tanques Centurion M41, 70 blindados AML90, 200 veículos de transporte de tropas tipo Rattel, Buffel e Sarracen. Um número indeterminado de canhões G-5 e de 155 milímetros. Mísseis terra-ar Kentron de 127 milímetros, 90 aviões de guerra e helicópteros. E o biombo habitual, as tropas da UNITA. Os traidores do Povo Angolano. Os que mataram às ordens dos racistas. 

A comunidade internacional, sobretudo as grandes potências, não viram o enorme movimento de tropas. Estes foram os meios dos crimes contra Angola. Os mandantes são conhecidos por todos. Os cúmplices, hoje vivem em paz entre os angolanos. São os sicários da UNITA, que hoje dominam a direcção do partido.

As tropas integradas na “Operação Protéa” foram travadas na Cahama e de lá as forças agressoras estrangeiras nunca passaram. Inseguras quanto aos resultados finais, tiveram o cuidado de destruir a ponte sobre o rio Cunene, em Xangongo (antiga vila Roçadas) para as forças angolanas não terem capacidade de as perseguir. Do rio para Norte, somente actuava a aviação inimiga até ao dia em que os “karkamanos” perderam o domínio do ar. Entre os agressores estavam os matadores da UNITA. Quem amanhã votar no Galo Negro, vota em quem matou milhares de angolanos e destruiu Angola.

A invasão estrangeira começou com um bombardeamento aéreo sobre a Cahama e Chibemba. Os racistas de Pretória atacaram com seis aviões Mirage e dois Buccanneer.

No dia seguinte, aos bombardeamentos aéreos, 24 de Agosto de 1981, três colunas de infantaria motorizada atacam e ocupam Namacunde, Xangongo e Humbe. Mas Ondjiva resistiu aos invasores. 

No Cunene, amanhã, ninguém vai votar nos matadores da UNITA. Os jovens sabem pelos mais velhos que os sicários do Galo Negro dispararam as suas armas contra o Povo Angolano, às ordens dos racistas de Pretória. Amanhã, em nome dos Heróis que enfrentaram os invasores reforçados com tropas da UNITA, vão levar cinco a zero! Mas não só no Cunene. É em todo o país. Se o resultado for outro, é porque os agentes secretos israelitas ao serviço da UNITA conseguiram fazer fraude. 

Em 27 de Agosto de 1981, às 7h00, os invasores tentaram ocupar a capital da província do Cunene, depois dos bombardeamentos aéreos que destruíram objectivos económicos e alvos civis, como o edifício do Governo Provincial. Foram repelidos. Mais duas investidas e de novo o inimigo teve de recuar. Os ajudantes da UNITA eram os primeiros a fugir. Os combatentes angolanos, isolados e debilitados, foram obrigados a abandonar Ondjiva. Centenas de combatentes da liberdade morreram. Os invasores a partir daquele momento ocuparam 40 quilómetros quadrados de Angola a partir da fronteira Sul.

No início de Setembro, os sul-africanos retiraram para a margem Sul do rio Cunene os blindados e a artilharia pesada. Não conseguiram passar da Cahama e à cautela destruíram a ponte sobre o rio Cunene, na época a maior de Angola. Os kaxikos da UNITA chegaram a Oshakati antes de todos os outros. Quando viram os chefes recuar, correram mais do que eles. Amanhã ninguém vai votar nos assassinos cobardes. Nem um deputado à UNITA!

Face à tremenda derrota infringida pelas FAPLA aos invasores sul-africanos, em 1 de Novembro de 1981, os racistas de Pretória lançaram a “Operação Daisy”, que só terminou no dia 20 de Novembro. As forças da UNITA fizeram o trabalho sujo que foi matar o povo e os refugiados da Namíbia que apoiavam a SWAPO. Nova derrota estrondosa. Como as que vão levar amanhã nas mesas e assembleias de voto.

Os racistas de Pretória responderam com uma nova investida, em Janeiro de 1982, com a “Operação Super”. Chamar a uma agressão estrangeira com esta envergadura uma “guerra civil” é desvirtuar a realidade e branquear o regime de apartheid.  Em Angola nunca houve uma guerra civil. Nem depois das eleições de 1992. Nessa altura apenas existiram acções policiais e militares contra os assassinos da UNITA. Um caso de polícia!

Desde a guerra colonial que angolanos decidiram combater do lado errado da História. Houve sempre quem renegasse a Pátria Angolana, como fez a UNITA desde a sua fundação. Mas isso não muda a natureza da guerra, apenas define a dimensão moral dos que combateram contra o seu próprio país. Por isso, amanhã vão sofrer uma memorável derrota eleitoral. Para honrarmos os nossos mortos, os nossos mártires, os nossos heróis. Alguns ainda entre nós.

Face a nova derrotas, os invasores estrangeiros acobertados pela UNITA lançaram a “Operação Meebos” em Julho e Agosto de 1982, um ano depois da “Operação Protéa”. Os invasores fizeram inúmeros ataques aéreos contra as unidades das FAPLA estacionadas na Mupa, onde também se encontrava desdobrado o quartel-general da SWAPO, denominado “Frente Leste”.

Centenas de angolanos e namibianos tombaram durante estes ataques. Equipamentos sociais foram destruídos. Os racistas de Pretória não conseguiram aniquilar as FAPLA e as forças armadas de libertação da Namíbia (PLAN).Amanhã vamos acabar com os traidores, recusando-lhes o voto. Nem um voto aos traidores e matadores do Povo Angolano, a UNITA.

Em Fevereiro de 1983, Pretória lançou a “Operação Fénix”, reagindo a uma ofensiva das forças armadas da SWAPO. Esta acção militar terminou no dia 13 de Abril, quase um mês depois, com um resultado inesperado para os racistas sul-africanos: As suas forças armadas perderam 27 homens altos, louros e de olhos azuis. Iam matar pretos mas foram mortos. 

Os racistas provavam o sabor amargo da derrota. Os matadores da UNITA perceberam que os patrões estavam a ser derrotados e foram para a Jamba, queimar vivas nas fogueiras, as elites femininas do Galo Negro. Por isso, amanhã, nem um voto na UNITA! Nem um. Ninguém vota em traidores e assassinos.

Os sul-africanos reforçaram as acções e em 6 de Dezembro de 1983 lançaram a “Operação Askari”. Os ataques a Angola foram aéreos e terrestres. Várias unidades da UNITA participaram nos crimes. Dispararam contra o Povo Angolano. Pretória entrou na via dos assassinatos selectivos. Usou e abusou dos sicários da UNITA, entre os quais Abel Chivukuvuku, terrorista de papel passado. Por isso, amanhã, ninguém vota na UNITA. Vão levar uma  tareia eleitoral.

Em 29 de Junho de 1985 foi desencadeada a “Operação Boswilger”, que durou apenas 48 horas e consistiu no assassinato de combatentes e quadros políticos da SWAPO em solo angolano. Os sicários da UNITA deram cobertura aos assassinos. Amanhã ninguém vota no banditismo político. Na traição aos angolanos, aos namibianos e aos africanos.

Entre 19 de Setembro e o início de Outubro de 1985, a África do Sul avançou com uma intervenção militar de grande envergadura, agora no Cuando Cubango. As FAPLA tinham desencadeado a “Operação II Congresso” para aniquilar o “biombo” dos racistas de Pretória, as forças da UNITA.

Quando as tropas de Savimbi estavam praticamente aniquiladas, as forças de defesa e segurança de Pretória vieram em sua defesa e atacaram as FAPLA no Lomba. Os racistas ainda precisavam de se esconder por trás de uma pretensa “guerra civil” em Angola. 

Entre 14 de Agosto e 25 de Novembro de 1987, a África do Sul lançou a “Operação Moduler” destinada a travar a ofensiva das FAPLA na via entre Cuito Cuanavale e Mavinga, vila ocupada pelos racistas e onde o Presidente PW Botha esteve, levado pela mão de Savimbi. Um Chefe de Estado entrou num país soberano pela força das armas.

As FAPLA tiveram de recuar e adoptar posições defensivas. Pretória lançou então a “Operação Hooper” para capturar o Cuito Cuanavale e avançar sobre Menongue. Tropas da UNITA já estavam na zona do Bié. O objectivo final era criar um “país” para Savimbi a Sul do rio Cuanza. A traição atingia níveis inimagináveis. Amanhã ninguém vota nos traidores da UNITA.

O teatro desta operação foi o Triângulo do Tumpo. Os racistas de Pretória foram derrotados. E com a derrota, forçados a capitular em Nova Iorque, aceitando a independência da Namíbia. Mas a África do Sul, apesar da mudança de regime, não largou mão do seu “biombo” e guardou os “melhores combatentes e o melhor material” em bases secretas no Cuando Cubango, que atacaram assim que a UNITA perdeu as eleições em Setembro de 1992. 

Por isso, amanhã ninguém pode votar na UNITA. Porque recrutaram todos os bandidos, desde os feios, porcos e maus aos de colarinho branco, para matarem e destruírem alegando fraude eleitoral. 

A “Operação Hooper” desenrolou-se nas elevações de Chambinga (via de Mavinga) e no Triângulo do Tumpo. Face à humilhante derrota que lhes foi infringida pelas FAPLA, as forças sul-africanas retiraram. Deixaram no terreno muito material de guerra e tiveram pesadas baixas. Os traidores da UNITA fugiram para a Jamba ou mesmo para as capitais de vários países ocidentais e, sobretudo, Lisboa. Amanhã ninguém vota nos traidores perdedores! Vamos honrar os nossos mortos, os nossos mártires, os nossos Heróis, que derrotaram o regime racista de Pretória. A UNITA vai levar uma tremenda tareia eleitoral!

Os generais de Pretória decidiram o tudo ou nada e lançaram a “Operação Packer” entre 26 de Fevereiro e 23 de Março de 1988. O objectivo era “empacotar” as FAPLA. Abílio Camalata Numa, sicário da UNITA,  entrou nesta operação mas ficou sempre, no mínimo, a 20 quilómetros das frentes de combate. Os invasores empacotaram as imbambas e retiraram com o apoio da “Operação Displace”, que decorreu de 30 de Abril a 29 de Agosto de 1988. 

Os últimos soldados sul-africanos retiraram-se após terem sido derrotados no Tumpo. Esta operação (Displace) visou apoiar o grupo de engenheiros (sapadores sul-africanos) empenhado na colocação de minas em todas as travessias sobre os rios Cuito e Cuanavale, numa extensão de mais de 14 quilómetros, para evitar a exploração do êxito pelas FAPLA. Os “generais” da UNITQ ficaram desempregados. E amanhã ficam ainda pior. Porque vão levar uma tareia eleitoral monumental!

Hoje, 23 de Agosto, decorre mais um aniversário da mortífera e destrutiva “Operação Protéa”. Mas não podemos esquecer a “Operação Savana”, para impedir a Independência Nacional. Os sul-africanos começaram a distribuir armas e a fornecer instrutores à UNITA. Mas o apoio popular ao MPLA era imenso. Nunca na História Universal uma organização política chegou ao Poder com tão grande apoio. Em meados de Setembro de 1975, o MPLA controlava todas as principais cidades do país. A África do Sul decidiu tomar “medidas drásticas” e começou a instalar o comando da operação. 

O objectivo era travar o MPLA e impedir que acabasse com as “áreas de influência” da UNITA (Planalto Central) e da FNLA (Norte). O primeiro choque entre os tanques “Panhard” sul-africanos e as FAPLA ocorreu no dia 5 de Outubro de 1975, na cidade do Huambo. A invasão sul-africana deixou de ser secreta e o mundo ficou a saber que um regime pária, submetido a severas sanções pela comunidade internacional, estava a ocupar militarmente Angola. Levando à frente os traidores da UNITA! Amanhã ninguém pode votar nos mentores da morte e da traição.

A “Operação Savanah” ganhou apoio imediato de alguns países africanos e dos EUA. A primeira força a entrar em acção foi a “Task Force Zulu”, comandada pelo coronel Koos van Heerden, que passou a ser conhecido por “Rommel”. O coronel recebeu de Pretória uma ordem peremptória: Conquistar o máximo de território até 11 de Novembro de 1975. A UNITA deu a cobertura! Para parecer uma “guerra civil”. Nem um voto aos traidores! Respeitemos os nossos mortos, os nossos mártires e os nossos Heróis.

*Jornalista

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