Advogado do ex-chefe da Armada guineense afirma que Bubo Na Tchuto está sob sequestro
O advogado Marcelino Intupé do vice-almirante Bubo Na Tchuto afirmou hoje que o ex-chefe da Armada guineense está sob sequestro, após ter sido detido no caso da tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro passado.
Intupé, que é advogado de 18 detidos no caso da tentativa de golpe de Estado, fez a acusação hoje, durante uma conferência de imprensa em Bissau, na qual falou da situação dos acusados para reafirmar a sua convicção em como "as autoridades da Guiné-Bissau estão a desrespeitar às leis".
No dia 01 de fevereiro passado, homens armados irromperam no palácio do Governo da Guiné-Bissau onde decorria uma sessão do Conselho de Ministros, presidida pelo Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, tendo atirado contra os presentes com armas de uso militar durante largas horas.
Da ação morreram 11 pessoas, na sua maioria elementos da Guarda Presidencial.
Vários militares e civis foram detidos acusados de uma tentativa de golpe de Estado.
"A situação está como está porque, de facto, esses militares estão a ser sequestrados. Não estamos perante detenção, não estamos perante prisão preventiva, porque num caso como noutro, estão ultrapassados os prazos legais", observou o advogado.
Marcelino Intupé afirmou que "vários militares e civis" foram detidos nas celas da Segunda Esquadra em Bissau, desde fevereiro, com base "numa denúncia do Ministério do Interior, formulada num relatório de duas páginas em como estão envolvidos na tentativa de golpe de Estado".
O advogado denuncia as condições das celas em que aquelas pessoas se encontram detidas, fala em risco de desabamento do teto e ainda chama atenção pela sua situação de saúde.
"Muitos deles estão doentes, fracos e alguns estão a vomitar sangue", disse.
Marcelino Intupé estranha que militares tenham sido ouvidos nos autos por magistrados do Ministério Público civil e que agora se tente remeter os mesmos processos para o Tribunal Militar, onde, disse, foi nomeado um novo presidente "apenas com o propósito de tratar deste caso".
"O Procurador-Geral da República sabe que eu sei que ele tem sido pressionado para que transfira os processos para o Tribunal Militar", sublinhou o advogado para quem o Procurador "já não pode fazer nada" porque, disse, os processos já não estão sob a sua alçada.
Marcelino Intupé afirmou que os processos estão sob a alçada de juízes de instrução criminal que, por sua vez, apontou, ordenaram a soltura de todos os detidos, uns para aguardarem o julgamento em liberdade outros por falta de provas.
O causídico lamenta que "várias decisões judiciais não estejam a ser cumpridas" por parte das autoridades políticas e avisa que os "prevaricadores" estejam a incorrer no cometimento de crimes.
RTP | Lusa
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