Artur Queiroz*, Luanda
O líder da Oposição é ninguém. Vive numa bolha de Cacimbo, entre a fronteira de Massabi e Namacunde, chafurda nos mangais do Lobito e desembarca em carruagem de primeira classe no Luau. Não tem nome nem rosto. É um fantasma. Nzumbi com crista caída e canto metálico dos galos anunciando o apodrecer em vez do amanhecer. Tocam sempre a pauta errada.
Isto está malé malé malé. A Lusa,
agência noticiosa oficial da UNITA há três dias que não pia nem canta de galo.
Uma tragédia. Adalberto desapareceu
Os marimbondos da propaganda do Galo Negro abandonaram a zunga de banha da cobra e estão a gozar os bagos de jinguba que receberam pelo serviço. Só Ismael Mateus insiste. Hoje garante no Jornal de Angola que o MPLA perdeu votos porque o titular do Poder Executivo não marcou as eleições locais. Este é mais modesto. Pelos vistos contenta-se com um lugar nas listas da UNITA numa qualquer comuna do Cuando Cubango. Será a Jamba? Tenham piedade daquela gente sofrida!
O pacote legislativo que permite realizar eleições autárquicas ainda não está totalmente aprovado. Falta uma peça importante. Quando a ignorância se casa com o populismo descabeçado está tudo lixado. Querem eleições locais sem estar definido o quadro orgânico das autarquias. Ainda não foi aprovada a Lei que cria o Poder Local. Portanto, falta tudo! Estão com imensa pressa de acomodar clientelas políticas aos milhares.
Depois fica tudo pior. Mas é isso mesmo que o líder da UNITA quer: Quanto pior, melhor. O líder fantasma, que não se mostra, não se dá a ver, não apareceu nos comícios da campanha eleitoral. Atirou para a frente o desgraçado Adalberto que agora quer fazer fortuna no negócio das ossadas. Cuidado! Esta tropa até é capaz de matar a mãe só para lhe vender as ossadas. Sei do que falo. O outro deixou os recursos minerais para se dedicar às ossadas porque dão mais fortuna e amores ardentes.
O Adalberto da Costa Júnior é o rosto do presidente fantasma da UNITA, organização política na qual se destacou como porta-voz de Jonas Savimbi, mesmo quando o líder do partido já estava morto. Fica registada nos anais das piadas políticas uma afirmação sua, sobre o fim do genocida.
O cadáver de Jonas Savimbi estava frio, estendido numa padiola feita com ramos de árvores, eu já tinha entrevistado o jovem sargento que lhe deu o primeiro tiro e chegou a notícia a Portugal, pela porta do cavalo.Os avençados tremeram de medo. Seria verdade que tinha acabado a mama? Diamantes de sangue nunca mais? Dinheiro fácil para fundações e outras instituições de interesses espúrios malé malé? O filhote atrevido de Mário Soares ficou sem o herói das fogueiras da Jamba? Não havia respostas.
Até que os avençados descobriram Adalberto da Costa Júnior em Roma e em tom lancinante soltaram a pergunta sacramental:
- O doutor Savimbi morreu?
E Adalberto, com a desenvoltura que se lhe reconhece respondeu:
- É mentira, ainda agora falei com ele! Agorinha. O doutor Savimbi continua a dirigir a nossa luta!
Ainda se ouviam os ecos destas palavras e foi dada a notícia oficial: Jonas Savimbi morreu em combate no Leste de Angola. O momento exigia respeito e compaixão. Um morto é um morto, mesmo que tenha sido um dos mais ferozes genocidas da História da Humanidade. Mas a piada de Adalberto exigia, no mínimo, um sorriso de indulgência.
O “embaixador” Adalberto era conhecido por piadético e mentiroso compulsivo, mas naquelas circunstâncias, a sua piada não teve as gargalhadas merecidas.
Na sua senda de cómico, Adalberto da Costa Júnior continua imparável. É agora o braço direito do líder da Oposição em Angola, seja ele quem for, esteja em Lisboa, Paris, Berlim, Londres ou Washington.
Numa das suas passagens por Portugal deu uma entrevista à Lusa (órgão oficial da UNITA) e a dado passo afirmou:
“A relação entre Portugal e Angola nem sempre foi formatada por razões de valores, existindo em algumas ocasiões um grande uso político”.
Mais uma piada retumbante, mas ao mesmo tempo uma confissão pungente. Adalberto confessou, finalmente, que uma catrefa de dirigentes da UNITA fez de Portugal um coito de traficantes e violadores do Acordo de Bicesse.
Mário Soares recebeu o genocida Savimbi no Palácio de Belém, num momento em que os seus bandidos armados destruíam Angola, assassinavam friamente milhares de Angolanos e causavam milhões de refugiados e deslocados.
Grande Adalberto! A UNITA mudou e reconheceu que as sanções da ONU contra os seus dirigentes foram justas e justificaram-se plenamente. As medidas tomadas contra os diamantes de sangue traficados pela organização à qual agora preside, não só se justificaram plenamente, como vieram demasiado tarde.
Mas Adalberto teve um momento de fraqueza, que se justifica, não vá levar nas orelhas dos generais Numa, Wambu e Apolo. Ele sacudiu a água do capote e acrescentou que governantes angolanos se serviram de Portugal para tratar da vidinha. O chefe do Galo Negro tem razão.
Que se saiba, nenhum fez negócios de diamantes e mandrax, à custa do mercado português, um autêntico paraíso de negócios escuros. Os fundos abutres sem marca política nem nacionalidade, que o digam. Adalberto da Costa Júnior é um bom rapaz.
O líder da Oposição em Angola vai recompensá-lo por isso. Já distinguiu agentes que comparados com ele, não valem nada politicamente e como cómicos são fraquinhos. Falo de Agualusa, Rafael Marques, João Soares, a bolinha de banha rançosa Ana Gomes, o ganzado Vítor Ramalho. Vamos ver se o partido que ganhou as eleições e tem maioria absoluta na Assembleia Nacional vai continuar a suportar estes ataques traiçoeiros.
Não há mal que sempre dure. Adalberto é um exemplo vivo dessa verdade indesmentível. Desapareceu de cena. O líder da Oposição deve andar â procura de um novo megafone. Até Outubro tem muito tempo. Os candidatos são mais que as mães. Querem ver que vai ser substituído pelo verme gorducho Chico Viana? Já as vi mais feias e grávidas!
*Jornalista
Nota PG: Texto escrito em 19.9 e só agora publicado por lapso.
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