sábado, 24 de setembro de 2022

LIXO MEDIÁTICO ALASTRA EM ANGOLA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O espaço mediático universal está saturado de lixo. Intoxicado. Irrespirável. Até há pouco tempo Angola ainda não era um estado submerso na porcaria da Redacção Única. Agora, pela mão da TPA, está igual ao pior que existe. Porque se tornou uma espécie de criada para todo o serviço da CNN Portugal e da Euronews. Estamos malé, malé, malé. Como não ganharam as eleições, vão fazer política de terra queimada na comunicação social. Falsas notícias, manipulação, mentiras puras e duras, intrigas. Esperem para ler, ver e ouvir. 

O Tenente General José Miguel Tchimpolo, guerrilheiro da primeira hora, Herói Nacional, faleceu. A TPA deu a notícia do falecimento. Na peça é afirmado que aderiu às FAPLA em 1962. Assim se falsifica a História Contemporânea de Angola. Na data da sua adesão à luta armada não existiam as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) porque foram fundadas em 1 de Agosto de 1974. Existia o Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA).

Erro gravíssimo da TPA. O rigor é a marca distintiva do Jornalismo. O EPLA nasceu pela necessidade de organizar os políticos que queriam levar a sua militância nacionalista revolucionária até à luta armada. As FAPLA nasceram num momento em que a coligação mais agressiva e reaccionária que alguma vez se formou no mundo, se preparava para impedir a Independência Nacional e colocar Angola sob a esfera do Zaire de Mobutu e da África do Sul do apartheid. 

A proclamação dos comandantes da guerrilha no dia 1 de Agosto de 1974 significou um cerrar fileiras à volta da liderança de Agostinho Neto, posta em causa pelas chamadas “revoltas”, do Leste e Activa e que levou à paralisação da guerrilha. Após a proclamação, o alto comando português viu-se obrigado a assinar o cessar-fogo com o MPLA, na chana do Luinhameje, Frente Leste. Esta assinatura contrariou a decisão de afastar o MPLA do processo de descolonização, tomada pelos presidentes Nixon e Spínola, na Base das Lajes (Açores) nos dias 18 e 19 de Junho de 1974.

Para repor o acordado, face à Proclamação das FAPLA, Spínola marcou um encontro com Mobutu, que teve lugar em 14 de Setembro de 1974. O ditador de Kinshasa recebeu luz verde do presidente de Portugal para invadir o Norte de Angola e anexar a província de Cabinda. Os oficiais do Movimento das Forças Armadas em Angola (MFA) e o almirante Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, decidiram imediatamente partir para o cessar-fogo. Espero que percebam a diferença entre o EPLA e as FAPLA. 

Antes da Independência Nacional, as datas mais marcantes da História de Angola Contemporânea são o 17 de Setembro (nascimento de Agostinho Neto), 10 de Dezembro de 1956 (fundação do MPLA), 4 de Fevereiro de 1961 (início da luta armada de libertação nacional), 15 de Março de 1961 (grande insurreição no Norte de Angola) e 1 de Agosto de 1974 (Proclamação das FAPLA). Para a UNITA e accionistas da Sociedade Civil falsificar a História de Angola é uma necessidade vital. Sem aldrabices, não existem. A TPA não pode entrar nesse jogo.

Ontem, um “correspondente” do canal público de televisão disse que o discurso de Joe Biden na Assembleia Geral da ONU “foi histórico e vai mudar a guerra na Ucrânia”. Mais aldrabices, mais desfaçatez. Biden atacou violentamente um país, a Federação Russa, e um Chefe de Estado, Vladimir Putin. E disse esta piada: “Se as nações puderem perseguir as suas ambições imperiais sem consequências, isso significa que estamos a colocar em risco tudo o que as Nações Unidas defendem e pelo qual foram criadas”. 

O presidente do país que inventou a diplomacia de canhoneira, que invadiu e destruiu estados soberanos, que mantém um embargo criminoso a Cuba, que tem bases militares em tudo quanto é sítio fora dos EUA, que destruiu e ainda ocupa o Iraque, que ficou de longe a comandar as operações militares da NATO (ou OTAN) que destruíram a Líbia, que ocupa militarmente partes da Síria e mata todos os dias civis indefesos naquele país, que andou a torturar desgraçados em países “amigos”, para onde eram levados de avião nos chamados “voos secretos” da CIA, que mata famílias inteiras “por engano” em bombardeamentos criminosos, que apoia o holocausto do povo palestino, que ocupou militarmente, durante décadas, o Vietname e o Afeganistão. Isto sem falar dos capatazes na União Europeia e vários países da América Latina, Ásia, África e Oceânia, diz que as ambições imperiais devem ter consequências. Biden e Zelensky vão fazer uma dupla de cómicos tipo Bucha e Estica.

Hoje a filha do Manolo e da Anália deu uma de mestra mas escreve “um personagem” quando a palavra só tem feminino. Diz que em vez do Homem Novo, o MPLA formou muitos sucedâneos, desde o intriguista ao corrupto. O pai da Alexandra Simeão era mais pró americano do que o senador Joseph McCarthy. Na época eu usava no meu relógio a hora do Vietname, para estar mais próximo do povo vietnamita, agredido, torturado e assassinado pelos esbirros de Washington. Apesar de minha Mamã ser norte-americana, não perdoava aos matadores, seus compatriotas. Como éramos amigos, não me importava muito com os delírios pró-americanos do Manolo.

Nesse tempo ele e a Anália viviam num pequeno apartamento, alugado, na Avenida Brasil. Muitos anos depois, fui visitar a minha amiga (o Manolo já tinha falecido) e ela morava numa grande vivenda, sua propriedade. Sendo tanto ou mais pobre do que eu, aquela “mulher nova”, com casa nova, foi beneficiária líquida do esforço dos militantes e dirigentes do MPLA. A menina Alexandra nem se fala. Sendo quase analfabeta até chegou ao Governo de Unidade e Reconciliação Nacional. Raivosa com a derrota eleitoral escreve estas merdas. Vermes há muitos e muitas, não é só o gorducho Chico Viana ou a senhora Weba.

 A menina Alexandra, às ordens da Redacção Única, também elogia a veneranda conselheira do Tribunal Constitucional Josefa Neto, por ter assinado um voto de vencida. A Alexandra cita um naco do produto: “Não se pode decidir sobre o que não se viu”. Uma mulher do Direito e magistrada escrever isto, é uma espécie de atestado de estupidez esférica, passado a ela própria. Se a meritíssima fizesse parte de um colectivo que julgava o homicida Jonas Savimbi, como não o viu matar ou queimar mulheres e seus bebés nas figueiras, votava contra a condenação porque “não se pode decidir sobre o que não se viu”. 

As provas, os testemunhos, isso não vale nada. Esta turma da UNITA abdica de pensar. Tenho pena da dona Josefa. Não lhe bastava a tonta da filha Michaela, ainda tem que receber ordens inferiores do Adalberto e seus sicários da direcção do Galo Negro. Triste sina, a dela.

*Jornalista

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