SUBVIDA Á PORTUGUESA -- Que Costa está a mentir ou ocultar verdades sobre as medidas anunciadas para aliviar a carestia de vida. Opositores do governo afirmam que Costa e o governo estão a iludir os portugueses, governo e Costa dizem que não. Na barafunda a ilação que retiramos é a certa: a oposição ao governo, os respetivos partidos e seus políticos, têm mentido e manipulando todos os portugueses de alto a baixo – desde que nascem até que se finam. Por sua vez todos os governos, ministros e seus serventes, têm sido uns impávidos e serenos aldrabões.
Afinal quem fala verdade? Nenhum desses dos poderes habituais. É o que é costume. Saiba-se que se as mentiras e as manipulações matassem a pobreza e a fome em Portugal eramos todos obesos e ricalhaços...
Se Costa está a mentir ou a manipular os portugueses acerca do assunto “alívio e ajudas”, nas pensões e o mais apensado que anunciou não nos surpreende, se são os diversos opositores que vêm à baila e alertar que afirmam tal como verdade de Lapalisse, também não traz surpresa para os portugueses. Regra geral nem uns nem outros merecem o mínimo de confiança. Para a plebe estão considerados como escória de gente que envereda pela política para se governar e comer nas mesmas manjedouras dos grandes empresários, banqueiros, oportunistas e vigaristas. Não é por acaso que a Justiça está como está e de Justiça tem a validade de encher as prisões com plebeus por crimes menores e fechar os olhos a grandes crimes económicos, a grandes roubos de colarinho branco, etc… Escusado continuar, todos sabemos quem é quem. O melhorzinho que se pode esperar é que por entre tantos malfeitores existam alguns que são exceções positivas para o lado dos plebeus. Ás vezes isso acontece, esses andam por aí, mas também não constitui surpresa que esses mesmos que são exceção não virem o ‘bico ao prego’ e não optem por roubar, vigarizar, mentir aos desgraçados dos plebeus que vêem e sentem todos esses tais como esclavagistas – modernamente chamados de dirigentes, gestores, patrões, presidentes, ministros, senhores doutores, engenheiros, etc.
Mais palavras para quê? É tudo a mesma choldra. Está tudo dito. Estamos feitos, 'prejudicadidos' e mal pagos. Sempre. Resta a função de olhar o Curto do Expresso porque é por isso que aqui estamos com cara de parvos. Pois.
Confidência: Até apetece meter pó de sapato na dita água-benta e pioneses onde nos ajoelhamos – tantos são os ais do dia-a-dia.
Siga para bingo, curta o Curto e ajeite os barretes que vai enfiando. Esperançoso de que aconteça algo de melhorzinho. Às vezes até crente na Fátima. Ao menos essa não mente. Mas mentem muitos em nome dela. Pois.
MM | PG
João Pedro BarroS | Expresso (curto)
A realidade parece mais complexa
a cada ano que passa. Há dois anos e meio nada se afigurava mais perturbador do
que uma pandemia que forçava milhões a ficar
Com o seu otimismo irritante, António Costa pensaria que, no pós-covid, seria
possível governar em relativa bonança com a “bazuca” a tiracolo. Mas a
vida é o que acontece enquanto estamos ocupados a fazer outros planos, terá um
dia dito John Lennon, e por isso o Governo tem mesmo que enfrentar esta
imprevista crise em que se cruzam uma guerra na Europa, inflação, juros a
crescer, dificuldades de abastecimento energético, necessidade de reforçar o
orçamento da Defesa e mais uma série de coisas graves e preocupantes que
tornariam este texto fastidioso e deprimente. E, independentemente de como se
analise a governação socialista, é caso para pensar que, sem maioria absoluta,
a tudo isto se somaria provavelmente uma crise política.
Adiante: desde a apresentação do plano de apoio às famílias, na segunda,-feira
que se sucedem explicações de governantes sobre as letras pequenas de cada uma
das alíneas. Ontem, Costa já desenvolveu um pouco o que queria dizer com um “contrato com as gerações futuras”, que é mais um capítulo
do eterno dilema da sustentabilidade da Segurança Social: até final de 2023, os pensionistas "não perdem um
cêntimo", mas em 2024 "logo vemos". O que vai nas
entrelinhas está explicado da maneira mais clara possível neste artigo da Elisabete Miranda: é o fim da fórmula
de cálculo criada em 2008 pelo então ministro Vieira da Silva e a sua
substituição por algo que ainda se desconhece, mas que está em estudo por uma
comissão liderada pela economista Mariana Trigo Pereira.
Este será certamente um dos temas da entrevista desta noite de António Costa na
TVI. Aliás, será inevitável responder às dúvidas que Marcelo Rebelo de Sousa
expressou a partir do Brasil. Primeiro: se é constitucional que metade do
aumento das pensões em 2023 seja antecipado
Como tão bem exemplifica a Eunice Lourenço nesta crónica, o
“malandro” António Costa tem muito que explicar. Falando claro, para além
daquilo que já sabemos que estará na manga e já foi usado no debate de ontem no
Parlamento: a evocação dos cortes do tempo da troika. Em entrevista ao “Público” e Renascença, o presidente do PSD
já anunciou que vai chamar ao Parlamento o decreto-lei que inclui
a antecipação de meia pensão.
Outro assunto obrigatório é o plano de poupança de energia que deve ser
apresentado hoje, após o Conselho de Ministros, como o Expresso revelou no início da semana. Haverá medidas
de poupança na administração pública e apenas “recomendações” feitas aos outros
sectores, abrangendo edifícios residenciais, comércio e serviços, indústria,
mobilidade e transportes. “Não ganhamos nada em criar conflitos”, sublinha o ministro do
Ambiente. Em causa podem estar medidas como a redução da iluminação pública
e de monumentos, a limitação das temperaturas no interior de edifícios e
redução da iluminação em lojas após o encerramento, bem como a melhoria dos
transportes e incentivos ao teletrabalho e à realização de reuniões em formato
digital.
Por falar em energia: em Bruxelas, Ursula von der Leyen revelou o plano que vai propor aos Estados-membros para minorar
a crise energética – e que será discutido na reunião de ministros com
a tutela do sector, amanhã (a tal pela qual Costa espera para apresentar as
medidas anti-inflação destinadas às empresas). Curiosamente, uma delas é
a fixação de uma “contribuição solidária” sobre as petrolíferas, o que,
apesar do eufemismo, tem de ser lido como um imposto sobre lucros
extraordinários. É uma medida que o Governo parece decidido a rejeitar, de acordo com o “Público” de sexta-feira e várias
declarações avulsas de governantes nas últimas semanas
Porém, há vozes no PS que a defendem, a começar por Carlos César, que ontem, em
intervenção na abertura da Academia Socialista, voltou a ser bastante
explícito, avisando ainda o Governo de que vão ser necessárias mais medidas. O
presidente do PS fez também duas referências veladas a Augusto Santos
Silva e à sua possível candidatura às presidenciais: "Não é pondo o carro à frente dos bois" nem
"atacando a extrema-direita" que o partido vai vencer. Os recados
ficaram dados.
Na Europa, também será dia de notícias por parte do Banco Central, cuja cúpula
se reúne, ao que tudo indica, para decidir entre uma subida das taxas de juro diretoras de
meio ponto percentual ou três quartos de ponto percentual, neste último
caso imitando a Reserva Federal dos Estados Unidos. O presidente da Fed admite
que o momento é de causar “alguma dor” às famílias e às empresas, por isso
não entre em pânico mas aperte mesmo o cinto. Por outro lado, o preço do
petróleo cai para o valor mais baixo desde janeiro, mas este é uma
boa notícia por más notícias: há recessão à vista na Europa, o que fará
diminuir o consumo, e, para além disso, o enfraquecimento do euro face ao dólar
não permite que a quebra do preço seja tão expressiva.
OUTRAS NOTÍCIAS
As últimas da guerra – Eis as razões pelas quais a Rússia tem vindo a adiar referendos nos
territórios ocupados na Ucrânia. Alguns dos títulos que pode encontrar no nosso direto: Turquia continua
equilibrismo diplomático e culpa Ocidente por “provocação”; Ucrânia contabiliza
2,5 milhões de pessoas deportadas à força para a Rússia; Putin acusou o
Ocidente de minar a economia global e a UE de receber a maioria das exportações
de cereais, ‘enganando’ os países em desenvolvimento.
200 anos da independência do Brasil – "Estou a representar séculos de história de Portugal e do
Brasil": Marcelo confortável no palanque ao lado de Bolsonaro, de
Christiana Martins, enviada a Brasília. Na mesma linha, Maria da Paz Tréfaut
escreve que Bolsonaro sequestrou o bicentenário e fez dele dia de campanha.
Angola – Militares tomam conta de Luanda a poucas horas da decisão do
diferendo eleitoral. É hoje que o Tribunal Constitucional vai decidir se
aceita os argumentos da UNITA para uma recontagem dos votos das eleições gerais
de agosto.
Liz Truss – A nova primeira-ministra britânica fez jus à alcunha de “Thatcher 2.0” na sua primeira presença na
Câmara dos Comuns. Os trabalhistas atacaram a recusa da conservadora em
taxar lucros extraordinários do sector da energia.
Tarifas reguladas de gás – Saiba como fazer a mudança, que passou ontem a poder ser
solicitada.
Ciberataque – Documentos classificados da NATO foram encontrados à venda
na ‘darkweb’, adianta o “DN”. Ataque terá explorado fragilidades no
Estado-Maior-General das Forças Armadas, secretas militares e Direção Geral de
Recursos de Defesa Nacional.
Crise nas urgências de obstetrícia – Maternidade Alfredo da Costa, em
Lisboa, volta a fechar bloco de partos.
Acordo de rendimentos – A um mês do Orçamento do Estado, o tema 'salários' ainda não começou a ser discutido por líderes
das confederações empresariais e centrais sindicais.
Transplantes – No quinto país mais bem classificado do mundo nesta área, 30
mil recusam doar órgãos depois de morrer. A história de Tiago e os
números em Portugal, num completo trabalho da Joana Ascensão e da Sofia Miguel
Rosa.
Apple – A empresa californiana deu ontem a conhecer a nova família de
iPhones 14 e três relógios inteligentes. Conheça as novidades ao pormenor.
Noite de Champions – O Sporting venceu pela primeira vez na Alemanha e com
uma goleada (3-0 ao Eintracht Frankfurt). O FC Porto perdeu em Madrid, no terreno do Atlético (2-1), com um golo
sofrido 11 minutos depois dos 90 regulamentares.
Mais um tijolo no Kremlin – O ex-Pink Floyd Roger Waters escreveu uma
carta aberta à primeira-dama da Ucrânia, em que diz que Zelensky menosprezou “a
vontade do povo" do país e sugere a rendição à Rússia. O apoio ocidental
deve parar: "Atirar gasolina, ou seja, armas, para o fogo não resulta".
FRASES
Momentos houve em que, com o PSD no governo, a primeira palavra era corte.
Agora a primeira palavra é aumento.
Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, em debate no Parlamento sobre o aumento do custo de vida em
Portugal
Realmente é extraordinário que os trabalhistas não consigam encontrar mulheres
para liderar, de facto nem sequer conseguem encontrar alguém que não seja de
Londres.
Liz Truss, na sua primeira sessão na Câmara dos Comuns como primeira-ministra
britânica, aproveitando para mandar uma bicada a Keir Starmer, líder da
oposição
Apesar de sermos a 3.ª equipa com mais presenças na prova, sentimos que há um
peso diferente em relação a alguns clubes.
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, a queixar-se da equipa de arbitragem
no jogo de ontem frente ao Atlético de Madrid
PODCASTS A NÃO PERDER
As sugestões da equipa multimédia do Expresso:
Costa, a ilusão aos pensionistas e os fantasmas do passismo.
O Governo anunciou um aumento de pensões que é, também, um corte no valor base
das pensões que a lei ditaria. Terá Costa (e o PS) força para reformar a
Segurança Social? E para assumir decisões difíceis que se avizinham? Para ouvir
no Comissão Política.
“Não me parece que a iminência de golpe seja assim tão fatal”.
Apesar dos receios e de “uma ameaça que paira no ar”, Julián Fuks, escritor
brasileiro com raízes na Roménia e na Argentina, está otimista quanto ao futuro
do Brasil. Conta-o a Christiana Martins, em Brasileiros, que tal?
Medidas de apoio às famílias: habilidade ou desonestidade? O
pacote anti-inflação apresentado pelo Governo em análise no podcast Money
Money Money, com João Vieira Pereira, diretor do Expresso, e Joaquim Miranda
Sarmento, economista e líder parlamentar do PSD.
O QUE EU ANDO A LER E OUVIR
Muitas vezes, o que andamos a ler influencia o que andamos a ouvir e
vice-versa. No meu caso, um artigo de maio do “The Guardian” fez-me ir explorar a música
dos Au Pairs, uma banda inglesa da qual conhecia o single mais
bem sucedido ("It's Obvious") e pouco mais. O artigo fala dos 40 anos
do lançamento de “Playing with a Different Sex”, que considera “um dos melhores
mas mais frequentemente esquecidos discos dos anos
Este álbum – e o segundo e último da banda, “Sense and Sensuality” – não saíram
da minha lista de reprodução desde esse momento. Musicalmente, os Au Pairs
enquadram-se no molde pós-punk de uns Gang of Four ou Talking Heads: riffs nervosos,
baixo saltitão, mudanças de andamento contínuas.
Em conteúdo, encaixariam muito bem no atual espírito do tempo: as questões de
género ("It's Obvious" é mais do que direta na reclamação de um
estatuto de igualdade) e políticas (claramente à esquerda) estavam no ADN da
banda. Havia “centenas de vezes onde skinheads da Frente Nacional apareciam
para interromper os concertos”, recorda o guitarrista Paul Foad. Lesley Woods,
a vocalista, era um ícone feminista.
“Sense and Sensuality”, o segundo disco da banda, é mais experimental e
incorpora, por exemplo, elementos jazzísticos, o que me leva à sugestão de
leitura deste Curto: “Love Goes to Buildings on Fire” (Faber and Faber,
2011), de Will Hermes, que fui lendo o ano passado. O título é, desde logo, uma
referência ao primeiro single dos Talking Heads e o fio narrativo é
uma viagem a Nova Iorque entre 1973 e 1977: são cinco anos que “mudaram a
música para sempre”, considera o autor.
No meio de uma cidade em caos económico e social, há um melting pot em
que se contaminam e desenvolvem punk, disco, rap, jazz e ainda outras
linguagens de vanguarda. Daqui surgiram os sons que viriam destronar o rock
pomposo e barroco da primeira metade dos anos 70 e marcar as décadas seguintes
em termos de música popular. É uma viagem imperdível.
Voltemos aos Au Pairs: o título do artigo do “The Guardian” é “Os anos de Thatcher
deram-nos muito material”. Nem de propósito, no número 10 de Downing Street
está agora uma mulher que gosta de ser olhada como Thatcher 2.0. O mundo dá
muitas voltas.
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