No dia em que o Presidente da República convocou o Conselho de Estado para falar sobre a situação económica e social, as associações que lidam com a pobreza pedem mais apoio.
Não são mais do que 20 minutos a
pé desde o Palácio de Belém até ao bairro social do Casalinho da Ajuda. Mas
entre uma zona e outra vai toda uma Lisboa de diferença. "Quando existem
crises, desde a Covid até às crises bancárias, normalmente é a população deste
território que fica mais prejudicada", garante Miguel Cordeiro. É
presidente da Academia de Jovens do Casalinho da Ajuda, uma associação que faz
trabalho na área social, na saúde, desporto e cultura. Começou por criar uma
equipa de futsal que já ganhou o prémio de melhor equipa de bairro
Há umas semanas, com a ajuda do projeto "Bairros Saudáveis", distribuiu 50 cabazes de alimentos, mas depressa teve que esticar o dinheiro para mais. "Começou o boca a boca e a população começou a saber que estávamos a distribuir cabazes alimentares."
Na segunda vez já distribuíram 80 cabazes. "Houve mais gente que apareceu e que precisava e, infelizmente, não conseguimos satisfazer essa necessidade", relata. Agora, Miguel vai na rua e ouve constantemente a pergunta: "Sr. Miguel, quando é que distribuem cabazes novamente? Será que vão distribuir no Natal?", conta.
Num bairro em que vivem cerca de 2500 pessoas, a Academia dá apoio a vários níveis à população: além da criação da equipa de futsal, tenta integrar os jovens através de uma escola de dança. Criou também uma escola de fado e apoia a saúde oral da população.
Se pudesse dizer alguma coisa aos conselheiros de Estado, Miguel Cordeiro pedia que apoiassem mais as associações que lidam no terreno com a pobreza. Do encontro promovido por Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Academia de Jovens do Casalinho da Ajuda espera muito pouco.
"Já estive na Assembleia da República, tenho participado em tudo o que são fóruns sociais e tenho visto que há pessoas que dizem frases muito bonitas e bem construídas, mas depois isso não se reflete naquilo que precisamos, que são apoios", lamenta.
Maria Augusta Casaca | TSF
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