A farsa mal amanhada de querer fazer parecer que atenuam a carestia de vida já começou. O governo português e de Costa já pôs em curso a operação. Já houve massacrados e famintos portugueses que receberam a esmola. Outros também irão receber. Para muitos que receberam a esmola constatam que já estava gasta, porque o aumento de preços de bens essenciais para a sua sobrevivência têm vindo a aumentar desde há meses atrás devido à inflação e a oportunismos de especuladores sob o falso pretexto desses aumentos da inflação.
Como sempre a tendência destas crises é que os ricos fiquem mais ricos e os pobres mais pobres, famintos, empenhados, sem abrigo e na miséria absoluta. As esmolas foram ou serão recebidas mas já estão gastas e a perspetiva é de que vêm aí tempos piores e maior miséria. Medidas como aumentos de salários, de subsídios, pensões e controlo dos especuladores que obviassem à cada vez mais miséria lusa em curso contribuiriam para efetivamente mitigarem as dificuldades económicas dos portugueses, assim não. A penúria, a pobreza extrema, aumenta a cada dia que passa e não se vê a UE, nem os governos de cada país tomarem medidas e decisões para a enfrentarem. Para não permitirem que imensos milhões de cidadãos mal sobrevivam na miséria, na pobreza envergonhada e extrema enquanto uns quantos enriquecem ainda mais com a desgraça, indiferença e exploração desumana desses mesmos milhões.
O assunto tem pano para mangas, temos de o encurtar, A seguir o Expresso Curto faz a devida referência às esmolas com números em título. Números da pobreza é aquilo que evidencia. O autor do título e da prosa é José Cardoso, editor adjunto do burgo Pinto Balsemão, que está considerado e bem acima dos míseros portugueses, dos maioritariamente quilhados e mal pagos do costume. A pseudo-democracia, ditadura do mercado, inépcia e desonestidades políticas vigoram e inflaciona-se, serva dos potenciais e imoralmente mais ricos que pouco mais representam que os 2% da população mundial.
Leia a seguir o Curto do Expresso de hoje.
MM | PG
125 + (50 x X)
José Cardoso | Expresso (curto)
Bom dia,
O que está no título desta newsletter é a fórmula para minorar o impacto da
carestia de vida que começa esta quinta-feira a ser aplicada a 5 milhões e 800
mil portugueses, os que têm um rendimento bruto mental até €2700: são os 125
euros por pessoa, mais 50 por cada filho a cargo, prometidos pelo Governo. Em
princípio, começam hoje a chegar às contas bancárias dos beneficiários, aoritmo de meio milhão por dia. Quem beneficia de prestações sociais pagas
pela Segurança Social deve receber na próxima segunda-feira.
O mês de outubro fica assim um pouco menos amargo para os mais necessitados,
porque o aumento do custo de vida castiga todo o tipo de famílias, as mais pobres de uma
maneira, as mais ricas de outra. No primeiro semestre do ano, só as famílias mais pobres escaparam à perda de rendimentos.
Para a aflição de tentar esticar o dinheiro até ao fim do mês está também a
contribuir, além da subida da inflação, o aumento das taxas de juro dos
empréstimos, sobretudo os da habitação, que estão no valor mais alto dos
últimos dez anos e são uma dor de cabeça para milhões de portugueses.
Neste artigo, lembramos o que aconteceu em 2008, quando a taxa
Euribor e o crédito à habitação bateram recordes.O problema é que, mais de uma
década depois, a inflação está a encolher o salário mínimo de €705
para €639 e meio país é pobre. A fórmula 125 (50 x X) ajuda um pouco este mês, e a seguir o
subsídio de Natal (para quem o recebe) ajudará mais um pouco. E depois disso?
OUTROS ASSUNTOS
De olho neles. Os líderes dos 27 países membros da União Europeia reúnem-se a
partir de hoje em Bruxelas, para uma cimeira de dois dias cujo tema principal é
a energia – ou melhor, a crise energética. A tarefa é quase como resolver a
quadratura do círculo: livrar-se da dependência dos combustíveis fósseis russos
e reduzir ao mesmo tempo os preços da energia. Em termos mais práticos: acabar
totalmente em dezembro com as importações de petróleo e impor um teto aos
preços do petróleo e do gás na União. Até agora, as negociações sobre estes
dois aspetos têm patinado.
Lei marcial. Vladimir Putin decretou a lei marcial nos territórios do leste
da Ucrânia ocupados pela Rússia. Mas se ele os controlasse totalmente teria
sido preciso impor a lei marcial?
Prémio especial. O Prémio Sakharov, o conceituado galardão atribuído pelo Parlamento Europeu a quem
se tenha distinguido na defesa dos Direitos Humanos, foi atribuído este ano ao
“corajoso” povo ucraniano. Povo que, avisou o Governo, vai ter eletricidade racionada, por causa dos recentes ataques
russos com drones kamikaze, que atingiram várias centrais elétricas.
E vai mais um… Mais uma baixa no Governo britânico. Depois do ministro das
Finanças, passados dois dias também a sua colega do Interior se foi embora. Até
onde conseguirá aguentar a primeira-ministra, Liz Truss, cujo Governo está em
funções há menos de um mês?
Audição a dobrar. Ontem houve audições no Parlamento: e o ministro das
Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, foi ouvido sobre duas coisas: a privatização
da TAP e a questão das suas incompatibilidades como membro do Governo, por causa de um
negócio da empresa do pai.
Contra a covid em bebés. A autoridade europeia dos medicamentos deu luz
verde à utilização das vacinas da Pfizer e da Moderna contra a covid em crianças
dos seis meses aos cinco anos de idade.
Um culpado chamado Armand. Até sábado vai haver chuva, vento e agitação marítima.
FRASES
“Se estiver em incompatibilidade,
cumprirei a sanção que me for aplicada»
Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, no debate
parlamentar de ontem sobre incompatibilidades de membros do Governo (empresa do
pai do ministro fez um negócio com o Estado)
“Sou uma lutadora, não uma desistente”
Liz Truss, primeira-ministra britânica, depois da demissão da ministra do
Interior, o segundo ministro a sair do Governo em poucos dias
“Porque é que ela ainda está aqui?”
Keir Starmer, líder da oposição britânica, no debate no Parlamento
“A Ucrânia é importante, mas não pode ser o único assunto na agenda. As pessoas
estarão a lidar com uma recessão e não vão querer passar um cheque em branco”
Kevin McCarthy, congressista do Partido Republicano dos Estados Unidos, num
aviso à navegação na perspetiva da vitória do partido nas eleições intercalares
de novembro
“Seria muito interessante se esses 23 milhões de lucro resultassem de uma
atividade importante do Banco de Fomento, do apoio às empresas e à economia”
Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal, sobre
os lucros da instituição bancária
O QUE ANDO A LER
Assassino no Kremlin. Perante o
epíteto, meio mundo estará a pensar numa certa pessoa. A mesma que o
veteraníssimo jornalista britânico John Sweeney, que assim intitulou o seu
livro acabadinho de sair por cá: “Assassino no Kremlin”. E, se dúvidas
houvesse, o póstitulo desfá-las: “O relato explosivo do reinado de terror de
Vladimir Putin”.
Sweeney, que esteve nas últimas décadas nos grandes conflitos mundiais para
órgãos como o Observer ou a BBC, diz que este livro demorou 22 anos a ser escrito
e apresenta-o como um retrato biográfico do ex-espião do KGB tornado Presidente
da Rússia, Vladimir Putin – que ele próprio já entrevistou.
O jornalista de investigação recolheu durante anos informação das mais variadas
fontes sobre a vida dos Putin, indo até aos pais e avós. Agora sistematizou-a,
depurou-a e, para dar mais atualidade à compilação – não fosse ele jornalista
-, escreveu uma sucessão de pequenas reportagens em Kiev, onde se encontrava
aquando da invasão russa, a 24 de fevereiro. São 40 tão poderosas quanto aqui e
ali bem humoradas páginas – o primeiro capítulo do livro, ao qual colou depois
a biografia propriamente dita.
E o primeiro capítulo termina assim: “Ainda não percebo por que razão Vladimir
Putin começou a sua guerra idiota. E a melhor maneira de responder a essa
pergunta é escrever um livro sobre ele. Ele não vai gostar, mas quero lá
saber”.
E, a seguir, logo o título do segundo capítulo não está com meias medidas: “O
rapaz ratazana”. O rapaz é o que estão a pensar, o local é Leninegrado, onde
nasceu em 1952, e o tempo é uns anos depois, quando vivia num apartamento num
5.º andar, “horrendo, comunal, frio, terrível, sem água quente nem banheira e
uma sanita horrenda”, na descrição da professora primária do dito rapaz.
O prédio estava infestado de ratazanas. “Eu e os meus amigos costumávamos
persegui-las com paus. Ali, naquele patamar, recebi uma lição rápida e
duradoura sobre o significado da palavra “encurralado” (…) uma vez persegui uma
pelo corredor até a encurralar num canto. Ela não tinha mais para onde fugir.
De repente ela deu meia volta e atirou-se a mim. Atravessou o patamar com um
salto e desceu as escadas. Felizmente, fui um pouco mais rápido e consegui
fechar-lhe a porta no focinho”.
É o próprio Putin que conta esta história sobre caçar ratazanas em “First
Person”, a sua “autobiografia escrita por outrem e publicada em
E este segundo capítulo termina de forma não menos demolidora: “Muitas das
preocupações de Putin como senhor do Kremlin são, ou parecem ter sido, marcadas
pela sua infância: o velho gangster [o seu treinador de artes marciais quando
era miúdo] como figura tutelar; o hábito de se manter nas sombras; e uma paixão
por matar coisas. Esta, então, é a história da infância do homem que se
tornaria o czar de todas as ratazanas”.
E entra-se no capítulo 3, “Espião, ontem e sempre”. Mas como só cheguei ao
segundo (e a prosa já vai longa), fico-me por aqui. Pela frente há mais 269
páginas, com a descrição da vida do maior pária moderno do Ocidente e que
termina com um desejo do autor: “Que Putin acabe por se envenenar a si próprio
é um final digno de Shakespeare. Fortuna, gira a tua roda”. (Editora Vogais,
319 pág.)
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