segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Moçambique espera ter este mês o primeiro cargueiro com gás natural liquefeito

Moçambique espera atestar nas próximas duas semanas o primeiro cargueiro de gás natural liquefeito (LNG) exportado da bacia do Rovuma, ao largo de Cabo Delgado, disse à Lusa o ministro da Economia e Finanças, Max Tonela

“Esperamos que aconteça antes do final do presente mês de outubro a primeira exportação de gás natural liquefeito produzido pelo país”, referiu em entrevista à Lusa na capital norte-americana, Washington, à margem dos encontros anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Dos três projetos de gás natural liquefeito aprovados para a região norte de Moçambique, caberá à plataforma Coral Sul, em mar alto, afastada da violência armada em Cabo Delgado, estrear a exportação das reservas que se encontram catalogadas entre as maiores do mundo.

A plataforma liderada pela petrolífera italiana Eni vai produzir 3,4 milhões de toneladas por ano.

O gás já começou a ser processado na plataforma, aguardando-se a chegada do primeiro navio cargueiro da BP, que comprou a produção por 20 anos.

Os outros dois projetos de maior dimensão, liderados pela TotalEnergies e Exxon/Eni, têm fábricas de liquefação projetadas para terra, na península de Afungi, mas aguardam por decisões das petrolíferas para avançarem.

O projeto da TotalEnergies já estava em andamento e foi suspenso em março de 2021 devido aos ataques armados na região de Cabo Delgado.

Max Tonela diz que a intervenção militar e outros investimentos em curso na região visam estabilizá-la, proteger a população e permitir que o investimento avance, mas como, entretanto, a procura por gás disparou devido à guerra na Ucrânia, o Governo admite “discutir outros cenários” que permitam o quanto antes tirar proveito das reservas do Rovuma.

A possibilidade foi admitida ao ser questionado diretamente sobre a possibilidade de haver mais projetos em mar alto.

“Privilegiamos assegurar a retoma dos trabalho de construção das duas linhas de liquefação em terra, promovidas pela Área 1, e todo o trabalho que se tem estado a realizar tem em vista recuperar a situação de normalidade para famílias, para as populações afetadas, mas também para promover os investimentos que vão resultar num desenvolvimento mais sustentado da região”.

“Entre os projetos está a retoma da Total, mas tendo em conta o volume de recursos de gás que existe e os desafios a nível global de procura e diversificação das fontes, o Governo está disponível para discutir outros cenários que não põem em causa o desenvolvimento dos projetos em terra”, concluiu.

Thore Kristiansen, administrador da Galp (que faz parte do consórcio liderado pela Eni) disse há um ano, na cerimónia de lançamento da plataforma Coral Sul, no estaleiros de Geoje, Coreia do Sul, que podia valer a pena estudar a possibilidade de instalar uma segunda plataforma de gás em mar alto na bacia do Rovuma, face à insegurança em Cabo Delgado. 

Na altura, a Europa ainda não procurava por alternativas ao gás russo, como o vem a fazer após a invasão da Ucrânia.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, admitiu no início de setembro que o novo cenário global é uma razão acrescida para pensar no assunto.

“Fizemos a primeira plataforma: qual a possibilidade de fazer mais outra? Há estudos nesse sentido” entre as medidas “para acelerar” a produção daquelas reservas, referiu.

Visão | Lusa

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