Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião
Por estes dias, a ministra do
Trabalho esteve
A falta de mão de obra não surpreende num país envelhecido e que terá, nos próximos anos, dificuldade em renovar a população ativa, a não ser recorrendo à imigração. Nem por isso os serviços públicos foram preparados para agilizar e dar resposta à vaga de pessoas que tem chegado. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras confirma ter atualmente 25 mil inscritos à espera de agendamento da entrevista que lhes permita regularizar a situação, uma resposta que em média está a demorar dois anos.
Sem autorização de residência, os imigrantes não podem sair do país, vendo limitados direitos tão simples como visitar as suas famílias. Apesar de a documentação provisória lhes permitir trabalhar, as portas abrem-se com menos facilidade e aumentam situações de desconfiança e discriminação. Um imigrante nesta situação está sempre mais fragilizado, logo mais exposto a exploração laboral, entraves na habitação ou outros abusos.
Criar acordos e fazer campanhas de promoção de Portugal como destino para nómadas digitais serve de pouco, quando as autoridades não cumprem a sua função de acolher e dar condições a todos os que nos procuram para trabalhar e viver. Os imigrantes são o único amortecedor na baixa taxa de natalidade do país, um reforço inestimável da população ativa, uma absoluta mais-valia na cultura e diversidade social. Enquanto não os recebermos de braços abertos, com plenos direitos de facto e sem incoerências entre o discurso político e a prática de todos os dias, estaremos a ficar mais pobres.
Diretora do "Jornal de Notícias"
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