O PR Marcelo vai no Falcon que comprámos (quem? eu? nós? ai sim? Tesos mas com um Falcon, ou mais? O que comprámos não terá sido um Abutrex?) para assistir ao Mundial 2022 no Catar. Ok… Quem escreve e refere a notícia é o Pedro Candeias no Expresso Curto que vem já a seguir. Explica que o aviãozinho é pequenito e que tem um depósito minúsculo, por isso vai ter de parar numa estação de serviço para voltar a atestar combustível e os seus ocupantes fazerem xixi… Agora por isso: se o aviãozinho comporta 12 passageiros de quem são as bexigas dos outros onze ocupantes que acompanham o presidente Marcelo? Era giro sabermos sobre essa partilha do luxo... e do lixo.
Adiante, que isto assim não leva a nada (não esqueçam que o nada é alguma coisa). Vamos ao Curto, do Expresso, e já. Porque não há pachorra para percebermos a razão de se desembolsar em Falcons e numa miríade de esbanjamentos enquanto pelo menos dois milhões de portugueses andam sempre (sempre) com os pés assentes em frágeis ramos da árvore da miséria e da fome. As caganças de uns quantos tramam os plebeus sem dó nem piedade e isso não é de agora, já vem de há séculos. Considerar os das caganças e esbanjamentos como penduras, como abusadores (para não dizermos chulos) é pouco… Registe-se que Marcelo já chegou a pagar de seu bolso viagens suas no Falcon… Desta vez ainda não sabemos… Marcelo foi, porque achou que sim. E os direitos humanos em Portugal? Pois.
O Curto já a seguir. Bom dia (conseguem?). (PG)
Marcellum Falcon
Pedro Candeias, editor de Sociedade | Expresso (curto)
Decidi espreitar:
O Falcon 50 da Presidência da República tem
Ora, como o Catar fica a
O protocolo presidencial foi cumprido
E é aqui que se entrincheiram as convicções.
É normal que a mais alta figura do estado português se desloque a um
evento cujo anfitrião viciou comprovadamente o sorteio de atribuição a seu
favor? Marcelo não estará assim a validar um país sobre o qual recaem acusações de escravatura, intolerância perante as mulheres
e a comunidade gay? Ou, pelo contrário, isto é uma oportunidade para entreabrir a porta de um mundo fechado ao
progresso? Ou estaremos todos – jornalistas, comentadores, cidadãos, adeptos – apenas a ser hipócritas? Ou uma coisa é uma coisa e
outra coisa é outra coisa completamente diferente?
A resposta a perguntas desta natureza será sempre matéria de opinião,
mas factos são factos e, enfim, convém não esquecer isto: o Catar comprou o
Mundial e o Catar contraria múltiplos valores e proíbe demasiadas coisas para
um evento à escala planetária; sobretudo, um evento de um desporto coletivo em
que várias vezes os mais fortes, mais ricos, mais altos e mais
favorecidos perdem. O futebol, à sua maneira, é um motor para o
elevador social e também de inclusão. Tê-lo no Catar é um paradoxo
sancionado por 200 mil milhões de euros.
Mas é para lá que Marcelo viaja no Falcon, deixando para trás a guerra de
palavras para assistir a uma parada das estrelas num país que não parece
deste milénio [finalmente, o trocadilho Star Wars que justifica o título
desta newsletter] para lá falar de direitos humanos. Desta vez, espera-se, um bocadinho mais a sério.
Fá-lo-á antes do jogo, durante o jogo ou depois do jogo, provavelmente num
modelo flash interview presidencial em que tudo aquilo que se diz do
futebol e da política é irremediavelmente chutado para canto. Porque o
futebol e a política misturam-se, sim, como a manteiga no pão.
OUTRAS NOTÍCIAS
Mundial2022. Agora, a bola: a Argentina perdeu inesperadamente com a
Arábia Saudita, Polónia e México empataram, Dinamarca e Tunisia idem, a França
goleou a frágil Austrália. Está tudo em Tribuna Expresso, onde também se conta o divórcio espalhafatoso entre o Manchester United e
Cristiano Ronaldo que é agora, oficialmente, um jogador com cinco bolas de Ouro
sem contrato. Hoje há outros quatro jogos e um deles passa na SIC: o
Espanha versus Costa Rica.
Rosalina. Esta quarta-feira o comissário Aurílio Nascimento irá ser ouvido
em tribunal, em Lisboa, para memória futura no caso Rosalina Ribeiro, a
milionária assassinada no Brasil. Ao Expresso, Aurílio garante ter a certeza de que Rosalina foi
morta por Duarte Lima, acusado pelo Ministério Público num processo complicado que já foi adiado sine die por várias razões.
Censos. Esta manhã, por volta das 11h, o INE irá publicar os resultados
definitivos de um trabalho de caraterização do país: os Censos2021. Em julho do
ano passado, quando o Instituto Nacional de Estatística lançou os dados provisórios,
ficámos a saber que, pela primeira vez desde 1970, Portugal tinha perdido
população entre censos. É o nosso inverno demográfico a bater à porta.
Costa contra Costa. Pode uma biografia criar factos políticos? Obviamente,
sim. O livro “O Governador” trouxe consigo uma enxurrada de acusações de
Carlos Costa ao comportamento de António Costa, e os partidos e comentadores
arregimentaram-se à volta da questão. Na quarta-feira, soube-se que o PSD pondera avançar para uma comissão de inquérito, mas
isso ainda não é para já.
Guerra na Ucrânia. Aproprio-me indisfarçadamente do resumo feito pelo
André Manuel Correia no Expresso, parafraseando-o: a Crimeia foi alvo de um
ataque de drones, segundo o Kremlin; os ataques russos mataram três
pessoas em Kherson e a PGR ucraniana investiga a “alegada execução de
prisioneiros russos por soldados ucranianos”; e a Administração Biden vai dar
4.377 milhões de euros à Ucrânia. Como sempre, siga todas as incidências da Guerra na Ucrânia no Expresso.
FRASES
“Estamos a criar um fenómeno de hesitação social”, Tiago Correia,
investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, sobre a vacinação contra a covid-19
“Desculpem o meu português, isto é um espetáculo para nós”, Saleh
Al-Shehri, um dos heróis da Arábia Saudita no jogo contra a
Argentina
“Ao princípio vão à vez, não perdem um único jogo, primeiro o Presidente,
depois o Número 2, depois o Primeiro, varrem a temporada de grupos”, Francisco
Louçã, sobre o Marcellum Falcon
PODCASTS
Com novo líder, que força terá o PCP? A escolha
de Paulo Raimundo não foi apenas uma surpresa para a bolha mediática
e política. Mesmo muitos militantes do PCP ficaram espantados. No “Perguntar
Não Ofende”, Daniel Oliveira conversa com Paulo Raimundo sobre esse
espanto, a guerra e os desafios do Partido Comunista Português que o novo
secretário-geral terá de enfrentar.
Quem somos nós para dar lições ao Catar? Arranca o
mundial e regressa “A Noite da Má Língua” após férias vesiculares. Rui
Zink protagoniza Chico Buarque, Manuel Serrão pilha-galinhas
e Rita Blanco encarna Júlia Pinheiro. Aqui o ativismo não cola e
Ronaldo é rei, mas sem a Verdadeira Júlia do Pinheiro a coisa descamba.
A pressão diplomática para a Ucrânia aceitar uma paz “realista”.
Aos nove meses de guerra, no “Bloco de Leste”, Martim Silva conversa
com Lívia Franco do atual estado do conflito militar entre a Rússia e
a Ucrânia e das movimentações diplomáticas que podem ajudar a que se chegue a
uma paz no futuro.
O QUE ANDO A LER
“O Regresso dos Andorinhões”, de Fernando Aramburu (Ed.Dom Quixote)
Bom, a vida não corre bem a Toni: está deprimido com o seu trabalho a
ensinar Filosofia; divorciou-se há uns anos; tem um filho não particularmente
esperto que vê a espaços e um irmão e uma cunhada e umas sobrinhas
aborrecidamente perfeitinhos; e os seus únicos consolos são um amigo sarcástico
que perdeu uma perna nos atentados de Madrid, a sua cadela chamada Pepa, as
cervejas no bar do Alfonso – e não esquecer Tina, a boneca sexual que ocupa a
sua sala para prazeres não-confessados publicamente.
Por tudo isto, Toni decide marcar a data da sua morte: suicidar-se-á
dentro de um ano, sem dramas, e após algumas discussões com o seu amigo
Patachula, que planeia igualmente perder a vida, escolheram o método final.
A obra “O Regresso dos Andorinhões”, com 364 capítulos e centenas de páginas, é
então o diário dos pensamentos de Toni, que vai expondo toda a sua vida com
algumas analepses enquanto disserta sobre a existência humana. Pelo caminho,
o protagonista desfaz-se das suas coisas, nomeadamente livros, muitos
livros, em lugares públicos, e recebendo notas misteriosas na sua caixa de
correio escritas por alguém que - julga ele - segue todos os seus passos à
distância de um espião.
Por hoje é tudo, acompanhe-nos no Expresso, na Tribuna, na Blitz, no Boa Cama
Boa Mesa. E que a Força esteja consigo.
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