sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Marcelo justifica declarações sobre direitos humanos com "nervoso" do futebol

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, justificou as declarações em que desvalorizou a questão dos direitos humanos do Catar com o "nervoso para voltar ao futebol" e disse que foi o próprio, com essa frase, dos primeiros chefes de Estado a abordar o problema.

"Vinha do fim de um jogo de futebol. Perguntaram-me sobre o futebol e eu é que introduzi a questão dos direitos humanos no Catar. Perante o nervoso que havia para voltar ao futebol e tal... mas fui eu que levantei a questão. Pareceu-me que naquele contexto tinha de falar dos direitos humanos", disse Marcelo Rebelo de Sousa, esta sexta-feira, em declarações aos jornalistas. "Tratando-se de um jogo de preparação para o Catar, era a primeira ocasião que tinha para falar dos direitos humanos. De qualquer das formas levantei a questão", acrescentou o presidente da República.,

"O Catar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio", disse Marcelo Rebelo de Sousa, na zona de entrevistas rápidas no Estádio José Alvalade, quinta-feira à noite, após a vitória de Portugalsobre a Nigéria (4-0).

A Amnistia Internacional reagiu, esta sexta-feira,"estupefacta" às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa. "Não tenho visto muitos chefes de Estado serem tão veementes e tão claros na condenação do que se passa em termos de direitos humanos no catar, sendo um país com o qual mantemos relações diplomáticas. Portanto, acho que fiz bem em levantar a questão, no momento em que fazia algum sentido, que foi a primeira" oportunidade de falar no assunto, disse o presidente da República, que disse ser associado daquela instituição internacional de defesa dos direitos humanos.

"No caso do Catar, ontem tomei a iniciativa de falar, não me foi perguntado sobre os direitos humanos. Há duas questões. Uma é os direitos humanos, em termos de liberdades das pessoas, as mais diversas liberdades. Outro é mais específico, que são os direitos dos trabalhadores que trabalharam na construção dos estádios e cuja situação é dramática e implica uma responsabilização que um Estado de Direito deve garantir, nomeadamente aqueles que morreram no exercício de uma atividade laboral. Já tornei isso claro ontem", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

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