Cinco pessoas morreram numa alegada tentativa de golpe de Estado, neutralizada pelas Forças Armadas de São Tomé e Príncipe. Os advogados do ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, detido, temem pela sua vida.
Uma alegada tentativa
de golpe de Estado
A tentativa de derrube do Governo ocorreu na madrugada desta sexta-feira (25.11) entre as 00.45 horas e as 05:00 horas da manhã, e culminou com a apreensão de quatro mercenários do antigo batalhão Búfalo, que viriam a morrer depois de terem sido detidos. Entre eles destaca-se Arlécio Costa, antigo oficial do 'batalhão Búfalo' que foi condenado em 2009 por uma alegada tentativa de golpe de Estado.
A informação foi avançada pelo vice-chefe de Estado Maior das Forças Armadas, brigadeiro Armindo Silva, que disse à imprensa ainda não estar em situação de avançar pormenores: "Temos a equipa forense da Polícia Judiciária. Eles saberão depois da autópsia se foi através da bala ou outra razão".
Primeiro-ministro considera que o seu Governo era o alvo
O primeiro-ministro Patrice Trovoada, que se reuniu com o Procurador-Geral da República, Kelve Nobre de Carvalho, a ministra da Justiça, Ilza Amado Vaz, e o ministro da Defesa, Jorge Amado, pediu uma investigação exaustiva do caso.
Segundo informações divulgadas pelo chefe do Governo, cerca das 00:40 locais, quatro homens, civis, assaltaram o quartel na capital são-tomense, alegadamente com a cumplicidade de militares. Os atacantes fizeram refém o oficial de dia, que ficou gravemente ferido após agressões, mas encontra-se livre de perigo.
Entende o primeiro-ministro são-tomense que objetivo desta operação visava derrubar o seu Governo.
"O quartel foi atacado, o quartel defendeu-se, e o quartel e as Forças Armadas têm a obrigação de esclarecer se há outras ramificações no seio das Forças Armadas ou não", disse Trovoada.
Advogados de Delfim Neves temem pela sua vida
Delfim Neves, antigo Presidente da Assembleia Nacional encontra-se detido no quartel-general das Forças Armadas. Um dos seus advogados, Hamilton Vaz, disse à agência de notícias Lusa temer pela vida do seu cliente, após a morte de quatro suspeitos.
Pedro Sequeira, membro da equipa de advogados de Neves, disse estranhar a intervenção do primeiro-ministro, uma vez que, na sua opinião, a situação de tentativa de golpe de Estado exige uma declaração do Presidente da República.
"O que vimos é o primeiro-ministro a imiscuir-se nas questões de justiça. Quando isso acontece, nós sabemos que o Estado de Direito está em perigo", afirmou.
A última vez que o país viveu um golpe de Estado consumado foi em fevereiro de 2003, quando antigos mercenários derrubaram o Governo da primeira-ministra Maria das Neves, quando o Presidente Fradique de Menezes se encontrava em visita à Nigéria.
Ramusel Graça (São Tomé) Correspondente da Deutsche Welle África
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