O porta-voz do Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA) minimizou as queixas da oposição sobre os
resultados eleitorais e prometeu melhorar a governação do país após a perda de
25 deputados na Assembleia Nacional.
"A nós compete-nos fazer a
leitura ponderada de tudo quanto aconteceu do percurso que fizemos nestes
últimos cinco anos e, em função disso, redirecionar algumas ações e melhorar a
nossa prestação de serviço público", afirmou Rui Falcão, instantes depois
de a CNE anunciar que o
MPLA ganhou as eleições com maioria absoluta mas perdeu, pelo menos em
três províncias, e deixou de ter uma maioria de dois terços na assembleia,
passando de 150 para 124 deputados no Parlamento.
Para o MPLA, trata-se de uma
vitória "significativa": "Temos uma maioria absoluta, não
devemos estar preocupados" e "vamos governar o país com essa maioria
absoluta", afirmou Rui Falcão, que não quis encontrar uma justificação
para o fraco resultado do partido, particularmente em Luanda.
"São contingências da
política" e o "povo entendeu que devia ser assim", disse,
acrescentando: "Nós vamos fazer a análise de forma ponderada e concluir onde
é que errámos e onde é que fomos menos felizes".
"O MPLA é um jogador, não é
árbitro"
Sobre as queixas do maior partido
da oposição, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que
passou de 51 deputados para 90 lugares na Assembleia Nacional, Rui Falcão
minimizou: "Sabemos que a UNITA, antes de iniciar o jogo, já dizia que
havia fraude, pelo que não vai mudar o discurso".
"A UNITA não muda e nós
vamos continuar a fazer o nosso trabalho, aquilo que nos compete fazer. Eu
continuo a dizer a democracia é isso mesmo, um dia ganha-se, no outro dia
perde-se", afirmou.
Segundo a contagem das atas
síntese das votações feita pela UNITA, os dados apontam para uma vitória
eleitoral da oposição, embora, na conferência de imprensa, os dados
apresentados aos jornalistas ainda indicassem uma vitória curta do MPLA.
"Quem reclama tem que
apresentar provas e tem que tratar o assunto com quem tem competência para o
fazer. O MPLA é um jogador, não é árbitro, o árbitro é a CNE [Comissão Nacional
Eleitoral] e à CNE compete dirimir as dúvidas que existirem", explicou Rui
Falcão.
MPLA espera que oposição aceite
resultados
Da parte do MPLA, "vamos
esperar tranquilamente, como o fizemos até agora", acrescentou, esperando
que a UNITA também aceite os resultados oficiais de modo a desmobilizar os seus
apoiantes, nomeadamente na
zona de Luanda.
"Eu creio que agora, com a
divulgação dos resultados, tudo vai serenar", afirmou o dirigente,
concluindo: "O jogo acabou, agora é governar".
O MPLA, liderado pelo Presidente
angolano, João Lourenço, venceu as eleições gerais de Angola com 51,07%,
seguido da UNITA com 44,05% dos votos, divulgou a CNE, quando estavam
escrutinadas 97,3% das mesas de voto.
Os resultados provisórios foram
divulgados esta quinta-feira (25.08) pelo porta-voz da CNE, Lucas Quilundo,
numa altura em estavam escrutinadas 97,3% das mesas de voto, pelo que não
deverá haver alterações substanciais, adiantou.
A histórica Frente Nacional de
Libertação de Angola (FNLA), o Partido de Renovação Social e o estreante
Partido Humanista de Angola, único liderado por uma mulher (Bela Malaquias),
elegem dois deputados cada um e a coligação CASA-CE deixa de ter representação
parlamentar.
Deutsche Welle | Lusa