domingo, 27 de novembro de 2022

TENTEMOS SER JOVENS

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Há sempre possibilidade de abrir caminhos à esperança, ao futuro. Os movimentos dos jovens contra as causas das alterações climáticas e ambientais provam-no. A politização da juventude é da máxima importância para atingir aquele objetivo. Os jovens irão descobrindo formas de lá chegar. Não poderão dispensar a memória, mas serão eles os construtores mais responsáveis: a vida abre-se-lhes por muito tempo. Aos mais velhos compete tentar ser jovens, ou seja, assumir o futuro como presente contínuo - onde as gerações todas se encontram - e darem um contributo prospetivo com humildade.

Parece-me muito positivo termos visto recentemente alguns milhares de jovens, em escolas secundárias e universidades, darem sinais de não quererem sucumbir à despolitização egoísta, nem ao consumismo desenfreado, nem à desesperança que lhes é incutida quando, num contexto de extraordinários avanços técnicos e científicos, lhes dizem que a Humanidade está condenada a viver sob as violências de "crises" sucessivas, a continuação do belicismo, a "cultura" do egoísmo e de ódios.

Dir-me-ão alguns mais velhos e até jovens mais politizados que naquelas ações se percecionaram contradições e fragilidades concetuais face ao significado do combate em causa. Talvez assim seja, todavia, eles desencadearam ação coletiva e, no seu discurso, expressaram uma aguda consciência sobre um problema fundamental: a catástrofe ecológica é produzida por um sistema tão injusto quanto predador e o discurso político está distante das políticas praticadas. Por outro lado, é nos anos de formação que se forjam convicções e compromissos de ação que ficam para o resto da vida.

MAIS DE 700 PESSOAS MORRERAM NOS ARREDORES DE LISBOA HÁ 55 ANOS

Na noite de 25 para 26 de Novembro de 1967, uma torrente lamacenta provocou milhares de vítimas, entre operários e camponeses, nos concelhos de Lisboa, Loures, Odivelas, Vila Franca de Xira e Alenquer. Estima-se que a forte chuva tenha provocado mais de 700 mortos e milhares de desalojados. Apesar da tragédia, a ditadura de Salazar continuou indiferente ao sofrimento do povo e censurou-o. 

Rescaldo do golpe em São Tomé: Advogado denuncia detenção "ilegal" de Delfim Neves

O ex-presidente do Parlamento de São Tomé e Príncipe Delfim Neves, detido na sexta-feira por militares na sequência de um ataque ao quartel, ainda não foi ouvido. Segundo o advogado a sua "detenção é ilegal".

Em declarações à Lusa na noite de sábado (26.11), Hamilton Vaz disse que Delfim Neves "esteve todo o dia e noite sem ser ouvido pelo Ministério Público" - pelo segundo dia consecutivo.

O ex-presidente da Assembleia Nacional, que terminou o mandato no passado dia 09, na sequência das eleições legislativas de 25 de setembro, foi detido ao início da manhã de sexta-feira (25.11), quando se encontrava em casa, e levado pelos militares para o quartel, poucas horas depois de ter sido "neutralizado" o assalto às instalações militares, que o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, descreveu como "uma tentativa de golpe de Estado". 

Delfim Neves foi, juntamente com Arlécio Costa - antigo oficial do 'batalhão Búfalo' que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado -, identificado pelos assaltantes do quartel como os mandates do ataque, ocorrido na madrugada de sexta-feira.

Três dos quatro assaltantes e Arlécio Costa morreram quando se encontravam sob custódia do exército são-tomense.

A detenção de Delfim Neves "é ilegal", disse Hamilton Vaz.

"Nenhuma autoridade conseguiu até agora exibir o mandado de detenção", afirmou, à Lusa.

Líder da oposição diz que votos na Guiné Equatorial foram "abertamente roubados"

Líder da oposição ao regime de Teodoro Obiang diz que votos foram roubados "abertamente". Oficialmente, ditador Obiang recolheu 405.910 dos 411.081 votos.

O candidato derrotado nas eleições presidenciais da Guiné Equatorial disse este sábado que os votos que reelegeram Teodoro Obiang foram “abertamente roubados” e não se mostrou surpreendido com a votação de 94,9% anunciada esta tarde pela Junta Eleitoral Nacional.

“Já sabíamos que Obiang ia fazê-lo, nem ele próprio acredita que 100% dos equatoguineenses o amam, por isso tem que roubar abertamente os votos, porque não acredita na vontade popular, só na força das armas com que chegou ao poder”, disse ao telefone Andrés Esono à agência de notícias espanhola EFE, na sequência do anúncio de mais um mandato do mais duradouro Presidente a nível mundial.

Teodoro Obiang, ganhou as eleições presidenciais, tendo recolhido 405.910 dos 411.081 votos, ou seja, 94,9% anunciou este sábado a Junta Eleitoral Nacional, avançando para o sexto mandato de sete anos.

Obiang é, assim, “solenemente presidente eleito da República da Guiné Equatorial por um novo mandato de sete anos”, disse o ministro do Interior, que é também o presidente da Junta Eleitoral Nacional, Faustino Ndong Esono Ayang.

Angola | A ROUPA DO IMPOSSIVEL NA MAYOMBOLA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O MPLA deve ser o partido no mundo com mais dirigentes. Devia ser o que está mais próximo das bases. O qual não. Temo que quase todos tenham sido levados para a Mayombola, o mundo dos mortos vivos que escavam montanhas até à eternidade. Poucos voltam de lá. Eu sou uma excepção. 

Me levaram para os confins do mundo que come vidas e corações. Escavei, escavei até que chegou a minha amada Weza. Levava escondida sob os panos a chave das correntes que me aprisionavam. Depois deu-me um beijo e desde então nunca mais morri. Os dirigentes do EME também vão regressar.

O sistema partidário angolano está bloqueado e só o MPLA tem a chave para libertar os partidos irrelevantes. Também perdoou à UNITA os crimes de guerra e por ter atirado para as fogueiras da Jamba as elites femininas do Galo Negro. A generosidade é marca do partido de Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos. Espero que assim seja com João Lourenço. 

Quanto mais não seja para desbloquear o sistema político angolano e estimular o aparecimento de novos partidos, quando todos regressarem da Mayombola, levados pelos come vidas e bebem sangue dos corações, mesmo os futuristas. (Gosto do futurismo italiano e da arte suprema de Marinetti, o fascista. Nada na vida é perfeito)

Em 1992, nasceu em Angola uma burguesia nacional com nervo financeiro dispensado pelo Estado e detentora dos meios de produção. Uns torraram várias “tranches” de dinheiro. Outros tentaram, tentaram, mas sempre falharam. A sua incompetência custou milhões aos cofres públicos.

ANGOLA PREVÊ CRESCIMENTO ECONÓMICO DE 3,5% NOS PRÓXIMOS CINCO ANOS

"Estamos a prever crescer pelo menos 4,6% no setor não petrolífero e entre 0,5% a 1% no setor petrolífero", indicou o ministro da Economia e Planeamento angolano, Mário Caetano João.

O Governo angolano antecipa um crescimento económico de 3,5% entre 2023 e 2027, impulsionado pela diversificação económica, sobretudo pelo agronegócio que vai contar com um financiamento de 3 mil milhões de dólares.

Os números foram revelados pelo ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, que falava à margem do evento “The Angolan Development Roundtable” onde participaram líderes de empresas e responsáveis do executivo angolano e de instituições públicas.

“Estamos a prever crescer pelo menos 4,6% no setor não petrolífero e entre 0,5% a 1% no setor petrolífero”, indicou, acrescentando que isto não significa uma desaceleração dos investimentos no setor petrolífero, mas sim um “acelerar da diversificação”.

O governante sublinhou que o motor dos próximos anos será o investimento no agronegócio, através de linhas de financiamento do Banco de Desenvolvimento de Angola.

MOÇAMBIE JÁ SALVOU 73 PANGOLINS NO ÚNICO CENTRO DE REABILITAÇÃO

O pangolim é um animal noturno e solitário, sob ameaça de extinção global, que vive na Gorongosa e nas províncias em redor, mas é alvo frequente de traficantes.

Elias Mubobo abre a porta para a sala mais escura e fria do centro de conservação do Parque Nacional da Gorongosa, centro de Moçambique, onde o objetivo é simular a escuridão da noite e de uma toca.

Lá dentro há três grandes caixas de madeira, com buracos como respiradouros e ouve-se um esgravatar até que as unhas espreitam.

“São três pangolins”, cada qual em sua caixa, resgatados pelo único centro de recuperação da espécie no país e que funciona em Chitengo, na base do parque, onde já oram tratado 73 animais da espécie desde 2018.

Animal noturno e solitário, sob ameaça de extinção global, vive na Gorongosa e nas províncias em redor só que é alvo frequente de traficantes, sobretudo com destino ao mercado asiático que usa as escamas na medicina tradicional e vende a carne em mercados.

A nível mundial, é listado por entidades de conservação como o mamífero mais traficado do mundo.

AS VEIAS DE ÁFRICA ABERTAS DE NOVO

Ndongo Samba Sylla* | na Montly Review | em Outras Palavras |Tradução: Antonio Martins

O “século XXI africano” era um mito. O boom das commodities passou e os lucros estão no exterior. Juros internacionais em alta elevam o peso da dívida e a inflação de alimentos. Há saídas. Exigem coragem para desafiar a ortodoxia econômica

#Publicado em português do Brasil

A contínua pilhagem dos recursos naturais da África, drenados pela fuga de capitais, está começando outra vez. Mais nações africanas enfrentam recessões prolongadas em meio à crescente pressão da dívida, como se alguém esfregasse sal em feridas profundas do passado. Agora com muito menos divisas, receitas fiscais e espaço político para enfrentar choques externos, muitos governos africanos acreditam que têm pouca escolha a não ser gastar menos, ou fazer novos empréstimos em moedas estrangeiras.

A maioria dos países africanos está lutando para lidar com crises alimentares e energéticas, inflação, taxas de juros mais altas, eventos climáticos adversos, menos sistemas de proteção social e de saúde. Os protestos estão aumentando, devido à deterioração das condições, apesar de alguns aumentos nos preços das commodities africanas.

Israei | GANTZ ADVERTE SOBRE O CAOS DEVIDO AO PODER DADO A BEN-GVIR

O ministro da Defesa cessante, Benny Gantz, alertou na sexta-feira sobre o caos em Israel por causa da nomeação do chefe do partido de extrema-direita Otzma Yehudit, Itamar Ben-Gvir, como primeiro-ministro de fato.

#Publicado em português do Brasil

O primeiro-ministro designado Benjamin Netanyahu está permitindo que Ben-Gvir se torne o primeiro-ministro de fato no próximo governo, depois de assinar um acordo com ele que lhe concede um papel de segurança ampliado.

“Estabelecer um exército privado para Ben-Gvir [na Cisjordânia ocupada] é perigoso… e criará falhas reais de segurança”, argumentou Gantz.

Ben-Gvir, pelo  acordo, receberá o novo título de ministro da Segurança Nacional e será responsável pela força policial nacional, além de supervisionar a Divisão de Cisjordânia da Polícia de Fronteira.

Gantz também alertou que a decisão de Netanyahu de transferir o controle da Administração Civil (o órgão do Ministério da Defesa que governa a Cisjordânia ocupada) para o Ministério das Finanças, sob o presidente da coalizão de extrema direita Sionismo Religioso, Bezalel Smotrich, levará a críticas da comunidade internacional de que Israel está implantando a “anexação de fato”.

“O desmantelamento dos poderes do governo em fragmentos de ministérios baseados em necessidades políticas e o desmantelamento de estruturas operacionais nas IDF prejudicarão a funcionalidade das IDF e da polícia”, Gantz disse na sexta-feira.

“A conduta de Netanyahu é uma admissão de que o verdadeiro primeiro-ministro será Ben-Gvir”, acrescentou.

Monitor do Oriente

Imagem: Ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz [Muhammed Selim Korkutata/Agência Anadolu]

Não é anti-semita opormo-nos ao governo do apartheid de Israel sobre os palestinos

Jamie Stern-Weiner* | Jacobin

A ONU está sendo instada a adotar uma redefinição enganosa e partidária do anti-semitismo que visa proteger Israel do escrutínio crítico. Devemos nos opor a essa tentativa cínica de silenciar a defesa em nome dos palestinos em nome do anti-racismo.

#Traduzido em português do Brasil

Nas últimas duas décadas, grupos de defesa pró-Israel têm promovido uma definição propagandística de “anti-semitismo”, agora conhecida como definição de trabalho da Aliança Internacional pela Memória do Holocausto (IHRA) . Seu propósito manifesto é estigmatizar e reprimir críticas legítimas e precisas a Israel. Um esforço concentrado está em andamento para impingir esse texto às Nações Unidas.

Devemos resistir firmemente a esse esforço. A definição do IHRA não tem valor como arma na luta contra o anti-semitismo, mas pode ser usada – e tem sido usada – para silenciar os palestinos e aqueles que defendem seus direitos.

Nem claro nem coerente

Um amplo consenso entre especialistas criticou a definição da IHRA por ser “ nem clara nem coerente” enquanto representa uma ameaça à liberdade de expressão. Até o principal redator do texto, Kenneth Stern, repetidamente se manifestou contra seu uso como ferramenta disciplinar por governos ou órgãos públicos. Não é difícil perceber porquê.

O texto começa definindo o anti-semitismo como “uma certa percepção dos judeus, que pode ser expressa como ódio aos judeus”, que pode significar qualquer coisa ou nada. Segue apresentando diversos exemplos de discursos que “poderiam, tendo em conta o contexto global” ser considerados anti-semitas. Na prática, os defensores da definição ignoram a qualificação e insistem que tal discurso é sempre e independentemente do contexto anti-semita. Vários dos exemplos dizem respeito ao que podemos dizer sobre Israel.

É DOS NOSSOS

Anabela Fino *

A falsa ideia de que qualquer crítica a Israel é uma manifestação de anti-semitismo, aliada à hipocrisia que reina nas ditas democracias ocidentais, fez com que passasse quase despercebido o resultado das eleições de 1 de Novembro em Israel. Escasseiam as análises ao resultado e, sobretudo, as reacções de preocupada indignação espectáveis de democratas a sério.

O resultado das urnas ditou o regresso de Benjamin Netanyahu, desta vez acolitado por partidos religiosos de extrema-direita, entre os quais o «Força Judaica» de Itamar Ben-Gvir, o supremacista judeu «herdeiro» de Meir Kahane, o extremista fundador do Kach («Este é o Caminho»), partido antiárabe de extrema direita considerado terrorista por diversos países, incluindo os EUA e Israel, que pugnava, entre outros aspectos, pela transformação do país num Estado teocrático e pregava a segregação.

Com 64 dos 120 lugares do Knesset, Netanyahu e os seus aliados dispõem de uma maioria de extrema-direita nunca vista no parlamento, o que representa objectivamente a vitória das teses do Estado judeu, de apartheid e de ocupação permanente da Palestina, pois nem os ultra-ortodoxos da aliança sionista religiosa nem o Likoud de Netanyahu aceitam a criação de um Estado palestiniano ou a igualdade de direitos. Isso mesmo ficou claro na campanha eleitoral, com Netanyahu a prometer anexar todas as colónias de Israel, o que apesar de violar o direito internacional e multiplas deliberações da ONU não provocou qualquer reacção da chamada «comunidade internacional» sempre tão propensa a pronunciar-se quando se trata de países desalinhados com os EUA.

Não sendo segredo que Ben-Gvir aspira a ser ministro da Segurança Pública, teremos, se tal se concretizar, o lobo a tomar conta do galinheiro, ou melhor dizendo o incendiário a guardar o paiol de pólvora, já que Ben-Gvir advoga o controlo judeu do Monte do Templo, o lugar santo para judeus, cristãos e muçulmanos que acolhe a mesquita de AL-Aqsa, um dos lugares mais sagrados do Islão, actualmente sob gestão da fundação jordana Waqf, o que promete muito sangue.

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