Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião
Se há alguns anos para cá, sempre que passa a data 25 de novembro, um conjunto de personagens de direita aparece a tentar fazer equivaler o golpe desse mesmo dia, ocorrido em 1975, com a Revolução iniciada no dia 25 de Abril de 1974 pelo Movimento das Forças Armadas. Há mesmo quem reivindique que se declare a data como feriado nacional.
É curioso reparar que esta tentativa de fazer ascender o valor político, social e cívico do 25 de novembro ao nível do 25 de abril começou a criar tração simultaneamente com a ascensão de duas novas forças políticas de direita: a Iniciativa Liberal e o Chega.
Antes disso, do ponto de vista partidário, é verdade que PS, PSD e CDS sempre defenderam a importância do 25 de novembro para a construção da democracia portuguesa, mas nem o CDS, então o partido mais à direita com representação parlamentar, se atrevia a fazer declarações públicas significativas que nivelassem o 25 de novembro à mesma altura de importância para o país que tem o 25 de abril.
Esta alteração qualitativa corresponde, portanto, a duas estratégias políticas: do lado da Iniciativa Liberal serve para tentar valorizar o seu papel como líder na direita "civilizada" na denúncia do "comunismo" ou do "socialismo", tentando assim tirar esse papel ao PSD; do lado do Chega serve para desqualificar o processo da construção democrática do país, bem como da classe política dali saída, para alegria dos seus militantes mais caceteiros ou mais salazaristas.