sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Portugal | RECEBER O PAPA COM UM PECADO CAPITAL

Paulo Baldaia | TSF | opinião

27 de Janeiro de 2024. Sim, não me enganei. Daqui a um ano.

Abertura do noticiário das 07h00 na TSF: fatura global das Jornadas Mundiais da Juventude pode ter derrapagem de 50% e chegar aos 100 milhões de euros. Custo do altar/palco já está nos seis milhões, mas ainda vai ser preciso adicionar entre um milhão e meio a dois para redimensionar o palco. Custos com desmontagem de toda a operação ainda não estão totalmente determinados.

Este exercício de adivinhação não comporta grande risco. Sendo que estamos em Portugal e não faltam grandes eventos, decididos com tempo mas feitos a correr, que colocaram o país no pelotão da frente dos grandes organizadores (ver Expo 98 ou Euro 2004), e que mostram a alta probabilidade de estar absolutamente certo no que estou a antecipar. Estatisticamente (é fazer as contas) a derrapagem que eu estimo peca por defeito, mas como se trata de um evento religioso dou um desconto em beneficio da Humanidade. A Expo, que teve um orçamento inicial de 600 milhões acabou a rondar os quatro mil milhões de euros, quando a empresa pública Parque Expo fechou a operação, 23 anos depois de ter nascido. Não há valores finais determinados. O Euro é ir estádio a estádio, somando derrapagens e dar conta da roubalheira que por ali andou.

Nada se faz politicamente neste país que não seja em benefício do Chega, onde se juntam os revoltados, fartos de um povo manso, que atura tudo. Só neste país é que se diz só neste país, mas a verdade é que só neste país não se aprende nada com os erros do passado e se gere o dinheiro de todos com tamanha incompetência.

Portugal é um país remediado que pede emprestado para gastar como um país muito rico, cada vez que lhe atribuem a tarefa de organizar um evento internacional. Ficamos muito bem de smoking, mas quando as visitas se vão embora lá vamos colocar a roupa fina de novo no prego e recuperar o fato-macaco com o qual nos sentimos muito confortáveis. Um país de patos-bravos e zés-ninguém.

Marcelo é que conhece bem o país a que preside e vendo que o vento mudou de direção, percebendo que o povo já não anda manso, fez de conta que não sabia nada do que estava em andamento e entrou no coro dos indignados. O Papa Francisco escolheu este nome para que a igreja fosse pobre em nome dos pobres e nós, para o receber, pecamos pela soberba.

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