Artur Queiroz*, Luanda
O Presidente João Lourenço tem toda a razão. A guerra na Ucrânia fez um ano. Entre 2014 e 24 de Fevereiro de 2023 não existia uma guerra mas sim um massacre no Leste do país, região chamada Donbass. O massacre militar, segundo os relatórios oficiais do alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos, teve a forma de limpeza étnica. Milhares de civis assassinados por serem russos ou falarem a língua russa. Vista com o ânus a guerra só tem um ano.
Em Angola, entre 4 de Fevereiro de 1961 e 25 de Abril de 1974, também não havia guerra. As tropas de ocupação apenas massacravam os angolanos que lutavam pela Independência Nacional. Criaram campos de concentração chamados “sanzalas da paz”, onde aprisionavam as populações rurais que apoiavam a guerrilha. Prendiam nos campos de concentração do Missombo, Tarrafal e Bentiaba (São Nicolau) as elites angolanas que pertenciam ou apoiavam os movimentos de libertação. Isso de guerra colonial é conversa de comunistas como Agostinho Neto.
Surpresa! Eu também acho que as tropas russas devem retirar da Ucrânia. E sem condições. O Presidente Putin está de acordo, tenho a certeza. O Presidente João Lourenço vai a Washington falar com Joe Biden, o chefe do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA), e diz-lhe que eu tracei este plano de paz, muito simples de executar.
Ponto um. Eslovénia, Croácia, Bósnia, Montenegro e Macedónia do Norte saem imediatamente da OTAN (ou NATO) e regressam à Jugoslávia, o país que foi destruído à bomba pelos EUA, União Europeia e o seu braço armado, a OTAN.
Ponto dois. O Acordo de Estabilização e associação entre a União Europeia e o Kosovo é imediatamente revogado. O território volta a fazer parte da Jugoslávia.
Abrir parêntesis. Para o caso do
Presidente João Lourenço não estar informado, presto as seguintes informações.
No Kosovo está situado o Camp Bondsteel, maior base militar dos EUA no
estrangeiro. É também base da OTAN. Em junho de 1999, após a destruição da
Jugoslávia, os EUA apreenderam
A base Bondsteel é uma peça vital na defesa dos interesses estratégicos de Washington nos Balcãs. Fica às portas do Médio Oriente, do Cáucaso e da Rússia. Permite controlar os oleodutos e corredores estratégicos vitais da Halliburton Oil, empresa dos EUA.
Na área dos direitos humanos a
base Bondsteel teve um papel importantíssimo, em
Esta notícia desencadeou uma inspecção à base militar, dirigida pelo Comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Álvaro Gil-Robles. Comprovou a existência do centro de detenção secreto descrevendo-o como uma "versão menor de Guantánamo". De imediato foi exigido o seu desmantelamento. Mas continua, até hoje. Em 2009, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, foi visitar a base e discursou para a soldadesca e os agentes da CIA. Torturem esses terroristas presos! Glória aos EUA! Fechar parêntesis.
Ponto três. A OTAN (ou NATO) sai imediatamente e sem condições da Albânia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Macedónia do Norte, Montenegro, Polónia e Roménia. Regressa ao ponto em que estava antes da unificação da Alemanha. Todos estes países adoptam a neutralidade como política de Estado. Suécia e Finlândia desistem de colocar bases da OTAN no nariz da Federação Russa.
Ponto quatro. Os EUA, França e Reino Unido encerram imediatamente todas as bases militares no estrangeiro, nomeadamente em África e na Europa. O mesmo procedimento é exigido a todos os países que tenham bases militares fora das suas fronteiras. Quem desobedecer comete um crime contra a Humanidade e é legítimo o emprego da força para obrigar ao encerramento dessas bases.
Ponto cinco. Israel entrega imediatamente os territórios árabes ocupados. Retira as suas forças da Palestina e derruba os muros que construiu. É intolerável que um país faça de outro, dois imensos campos de concentração como a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Se não o fizer, é legítimo o emprego da força por parte da comunidade internacional para que cumpra, sem condições e imediatamente. Os palestinos não podem ser prisioneiros no seu país.
Assim acabou a guerra na Ucrânia. Acabou o massacre no Donbass, Acabaram as limpezas étnicas. Russos e falantes de russo já não serão mortos e perseguidos pelos nazis de Kiev. O resto é com os ucranianos. Se quiserem continuar com um comediante que destruiu a sério o país e obrigou a que metade da população se refugiasse ou deslocasse das suas casas, estão à vontade. Se quiserem continuar sob a pata das hordas nazis, é lá com eles. Mas não ponham os povos do “ocidente alargado” a pagar o negócio da guerra na Ucrânia.
Angola tem de sair imediatamente desse antro de esclavagistas, colonialistas e genocidas chamado ”ocidente alargado”. Porque o Povo Angolano foi vítima do esclavagismo, do colonialismo e de genocídios ao longo de séculos. Não pode ser hoje servente dos esclavagistas, genocidas e colonialistas de ontem.
Por fim, permito-me recordar ao Presidente da República e Titular do Poder Executivo que caso a União Soviética se tivesse abstido quando o MPLA iniciou a luta armada de libertação nacional, hoje éramos todos criados dos colonialistas de Lisboa e dos racistas de Pretória. Caso Moscovo e Havana se tivessem abstido quando Agostinho Neto pediu apoio para combater as tropas estrangeiras invasoras, o combatente João Lourenço teria morrido em Cabinda com os seus camaradas de armas. Não existia força humana nem armamento para enfrentar os invasores. Teríamos sido trucidados na Grande Batalha do Ntó.
Se Moscovo e Havana tivessem virado as costas aos angolanos na II Guerra de Libertação Nacional e na Guerra pela Soberania e a Integridade Territorial, o Presidente João Lourenço hoje podia existir mas não era, de certeza, o nosso Chefe de Estado, Titular do Poder Executivo nem líder do MPLA. Porque Angola não existia como país independente e o MPLA tinha sido ilegalizado e extinto. Angola votou contra a Federação Russa na Assembleia Geral da ONU. Foi uma traição ignóbil. A abstenção na brincadeira seguinte foi uma cobardia e uma indignidade.
Abílio Camalata Numa andou a matar angolanos e a destruir Angola embebido nas tropas invasoras dos racistas sul-africanos. Em nome da reconciliação nacional foi perdoado e hoje é general na reforma, apesar de ser desertor. Os angolanos pagam-lhe a pensão e as mordomias. E ele não perde a mínima oportunidade para cuspir no prato onde come e morder as mãos de quem lhe dá de comer. Insulta permanentemente os órgãos de soberania e seus titulares. Venha daí um serviço de recuperação de activos com poderes para lhe confiscar tudo o que tem. Depois ele é devolvido à Irmandade Africâner.
A UNITA é uma associação de criminosos que lutou contra a Independência Nacional ao lado dos colonialistas. Jonas Savimbi foi um traidor. Cometeu crimes de guerra sem nome. E só estou a contar aqueles que foram cometidos depois do Acordo de Bicesse, que ele violou no instante em que estava a assinar. Os sicários da UNITA continuam a endeusar o criminoso de guerra, insultando milhões de angolanos que lutaram e deram a vida pela Independência e a Soberania Nacional. Há que confiscar todos os bens ao Galo Negro e ilegalizar a quadrilha, se continuar a endeusar Savimbi.
Hoje mesmo Adalberto da Costa Júnior está em Lisboa dizendo que ganhou as eleições e ele é que devia estar no lugar de João Lourenço. A velha cantilena da fraude eleitoral levada a todos os cantos do mundo. Na capital da antiga potência colonial é particularmente grave. Até quando o regime democrático e o Estado de Direito vão admitir estes crimes? Até quando os sicários da UNITA vão continuar impunes?
Insultar, mentir, manipular, falsificar não é digno de democratas. A liberdade de expressão não pode servir de desculpa para cometer graves crimes contra os órgãos de soberania e seus titulares. Angola tem juristas de qualidade inquestionável. Então é tempo de legislar no sentido de acabar com a impunidade dos sicários da UNITA. Insultam, manipulam, mentem, acusam sem provas. Têm de ser levados a Tribunal e pagar por isso. Assassinos e criminosos de guerra como Abílio Camalata Numa têm de ser responsabilizados. O seu comportamento exige que sejam exemplarmente punidos. Aprovem legislação no Parlamento que permita expulsá-los das Forças Armadas e confiscar-lhes as reformas.
Os políticos que invocam a fraude eleitoral mentem, manipulam e falsificam, têm de ser castigados. Aprovem legislação que permita retirar-lhes os direitos políticos, temporária ou perpetuamente,sempre que cometam esses crimes. E é urgente aprovar uma Lei que proíba a glorificação do criminoso de guerra Jonas Savimbi. Na Alemanha ninguém anda todos os dias a elogiar Hitler. Em Portugal ninguém faz discursos empolgantes em homenagem ao ditador Salazar. Em Espanha o ditador Franco não é elogiado e elevado à condição de herói da liberdade. No Chile ninguém anda discursar todos os dias em honra de Pinochet. Savimbi foi mil vezes pior do que todos os ditadores citados. Basta.
*Jornalista
1 comentário:
Tiro o chapéu ao Artur Queiroz pela coragem que teve ao escrever um artigo lúcido como este e pela clareza das ideias que nele expõe, contrapondo a vaga de desinformação difundida pela maioria esmagadora dos meios de comunicação do dito "ocidente", convertidos em meros transmissores do "pensamento único" forjado pelas agências especializadas dos "camones" - uma autêntica lavagem cerebral.
Um abraço para ele de um velho amigo.
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