Artur Queiroz*, Luanda
Amigos e camaradas meus foram perseguidos e reprimidos no tempo da “peça de teatro e do quadro” que caricaturavam (com piada) o Presidente José Eduardo dos Santos. Solidarizei-me com quem foi preso e fiz makas mundiais. Escrevi um artigo de opinião no jornal “Expresso” com o título “O Socialismo de Sanzala” onde defendia que o governo de um país que reprime militantes revolucionários (as vítimas foram mulheres e homens) nada tinha de socialista.
Hoje recebi um arrazoado publicado no Folha8 (sem assinatura do autor) onde esse título é invocado mas como sendo escrito durante a Presidência de Agostinho Neto. Manipulação à moda do Tonet, um ser estranhíssimo porque é uma mistura de HIV, COVID e cancro da próstata. Desconfio que o manipulador é um tal Orlando de Castro, que gosta imenso de pisar o risco. Já o avisei para não pôr o pé onde não deve e, por isso, o nome dele não aparece. Mas eu sei ler conteúdos, rapaz! A Folga de Vasconcelos não sabia sequer escrever o nome dela mas eu sei ler e escrever. Tem cuidado com o cão e comigo!
O arrazoado em causa é sobre o 27 de Maio. O escriba diz que Tonet foi torturado por António Carlos Jorge, na época oficial da DISA. E publica uma espécie de depoimento do metade vírus mortal metade cancro imparável. Tudo aldrabices e muito graves mas como o narrador é inimputável, fica assim. Depois já estou habituado a estas malandrices.
Uma tal Dalila Cabrita (não tinha dimensão para chegar a cabra) incluiu num dos seus livros de aldrabices sobre o 27 de Maio uma frase minha, retirada do contexto, para afirmar que eu corroboro as suas mentiras e falsificações. No dia seguinte ao golpe de estado militar publiquei um texto no jornal Diário Popular, cuja redacção era chefiada por Acácio Barradas, intitulado “A Revolta dos Racistas”.
A Cabrita (como ela gostava de ser o aumentativo de cabra!) pegou numa frase minha onde afirmava que o 27 de Maio foi uma tragédia porque Angola tinha poucos quadros e durante o golpe (vários dias incluindo a contensão) morreram alguns dos melhores, que estavam dos dois lados. Manipulou a minha constatação para me pôr do seu lado. Quando fui avisado da tramoia, publiquei no Jornal de Angola um texto intitulado “Os Excrementos da Cabrita” onde pus tudo em pratos limpos.
Não vou fazer o mesmo com o Tonet. Porque, confesso, tenho uma grande admiração por ele. É preciso ter muito valor para conseguir o que ele conseguiu. À custa do MPLA aprendeu a operar uma câmara e arranjaram-lhe um lugar na TPA. Por razões que desconheço, ele mal sabe ler e escrever. Mas ousou encaixotar a maquineta e virou jornalista! Caso raro mas não único entre nós. Temos muitas e muitos analfabetos que se fazem passar por jornalistas.
O Tonet chegou a director e dono do Folha8 quando não tinha um Kwanza nos bolsos. Corria algumas capelinhas endinheiradas onde lhe davam sacos cheios de dólares! Comprou um jipe RAV4. Um dia presenteei-o com um texto bem-humorado onde lhe chamei o HIV3 ao Volante de um RAV4. Ele não achou piada. Mas engoliu. Um dia decidiu que foi mediador da paz com a UNITA, no Luena. Como os verdadeiros mediadores não sabiam que ele é analfabeto, pediram-lhe para tomar notas e depois fazer o comunicado final da reunião entre as delegações das FAPLA e das FALA. Uma piada de mau gosto.
O Tonet, imparável apareceu com
uma licenciatura
Agora é vítima do 27 de Maio. Limpou o chão de uma sala com a língua, a mando de António Carlos Jorge, como se este oficial excepcional tivesse tempo a perder com um desgraçado faminto e com grande apetência para a efabulação. Ele não descansa enquanto os negociantes de ossadas não lhe derem uns milhares de dólares para se calar, como deram ao Silva Mateus e outros assassinos que se fazem passar por “vítimas”-
Basta ler o arrazoado publicado no Folha 8 para se perceber a dimensão moral, social e ética dos que se dizem sobreviventes do 27 de Maio. A culpa não é deles, mas de quem lhes dá ouvidos e importância.
O Tonet diz que os membros da direcção politica e militar do golpe de estado de 27 de Maio não foram julgados em tribunal marcial. O pobre diabo não sabe, na época era nada. Não era ninguém. Na sua biografia diz que nasceu em 20 de Fevereiro 1959. Com oito anos esteve preso, no campo de concentração de São Nicolau. Ele diz que “cresceu como criança soldado, aos oito anos já dominava as comunicações militares”. Estava preso e a comunicar na I Região Político-Militar do MPLA! Mais este dado da biografia do génio da trapaça: “Foi dos mais novos comandantes militares, com 16 anos de idade”.
A melhor de todas é quando ele se
diz “fundador da TSF com Emídio Rangel e da SIC, primeira televisão privada
Em relação ao semanário O Jornal, tenho muita pena mas como colaborei lá desde o primeiro número, o misto de HIV, COVID e cancro da próstata não consta. Vou dizer quem foram os findadores da cooperativa de Jornalistas: Silva Costa, Manuel Bessa Múrias, Afonso Praça, Cáceres Monteiro, Albino Ribeiro Cardoso e José Carlos de Vasconcelos. Repórteres fotográficos: João Ribeiro, Inácio Ludgero e Joaquim Lobo. Este cobriu a Proclamação da Independência Nacional em Luanda.
Longe de mim chamar falsário ao Tonet. Mas um usurpador de identidades e cargos é bem o retrato do jornalismo que temos em Angola. É grave que o poder instituído precise de manchar a honra de todos os profissionais angolanos, com trambiqueiros como o Tonet. Ainda que eu lhe inveje a lata e a ousadia. Lado bom desta história. Enquanto o 27 de Maio for uma bandeira dos traficantes de ossadas e de figuras como o Tonet ou o bêbado da valeta que dá pelo nome de Reginaldo Silva, pelo menos os cidadãos honestos não vão alinhar com o banditismo mediático. E ficam desconfiados. Já não é mau.
*Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário