Terminou hoje o prazo para a entrega no Supremo Tribunal guineense das candidaturas dos partidos políticos para as eleições de 4 de junho. PAIGC concorre pela primeira vez numa coligação com outros quatro partidos.
Para as eleições legislativas de 4 de junho próximo, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a maior formação política da Guiné-Bissau, vai participar pela primeira vez numa coligação com a União para a Mudança (UM), o Partido da Convergência Democrática (PCD), o Partido Social Democrata (PSD) e o Movimento Democrático Guineense (MDG).
Denominado PAIGC - Coligação Eleitoral (PAIGC-CE), o coletivo de cinco partidos, que denuncia irregularidades no processo eleitoral, mostra-se confiante na vitória eleitoral, disse aos jornalistas o coordenador da coligação, Agnelo Regala, após a entrega das candidaturas, no Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
"Nós estamos convictos de que, apesar de tudo e de todas as manobras que foram feitas no sentido de defraudar a expectativa do povo da Guiné-Bissau, vamos às eleições e vamos vencer essas eleições para o bem e no interesse do povo da Guiné-Bissau", declarou Regala.
O Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15) também entregou esta terça-feira a sua candidatura no Supremo Tribunal de Justiça. O coordenador Nacional do Partido, Braima Camará, não descarta uma eventual coligação pós-eleitoral.
"O MADEM-G15 é um partido aberto, responsável, democrático e disponível para contar com tudo e todos. No nosso partido, não há regionalismo e não há tribalismo, queremos é contar com as competências", disse.
Eleições conturbadas
Estas eleições vão ter lugar numa altura em que arrefeceu a polémica sobre a Comissão Nacional de Eleições (CNE). O órgão eleitoral encontra-se caduco e sem presidente, desde que o seu titular, José Pedro Sambú foi eleito presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau.
O jurista Augusto Nansambé prevê momentos conturbados com a situação da Comissão Nacional de Eleições (CNE). "Vamos ter umas eleições polémicas, porque a CNE se encontra caduca e também não temos presidente da CNE", sublinha.
"Nesta ótica, ninguém pode praticar atos para convalidar o processo eleitoral, por isso vai haver problemas nos próximos tempos. Alguns partidos podem pegar nessa situação da caducidade da CNE e entrar com um processo no tribunal", explica o especialista.
Não se sabe ainda o número exato de partidos e coligações que apresentaram as candidaturas no Supremo Tribunal, mas agora que terminou o prazo para a deposição dos documentos naquela instância judicial, de acordo com a lei eleitoral guineense, o STJ tem um prazo de sete dias para afixar a lista provisória dos partidos e coligações em condições de concorrer às eleições.
Jovens na corrida eleitoral
Nos últimos tempos, vários jovens decidiram aderir à política, ingressando em algumas formações políticas. E nestas eleições, o contributo e a utilidade da juventude também vão ser testados.
Malam Sissé, líder do Partido Africano para a Paz e Estabilidade Social (PAPES), deixa um apelo à juventude guineense: "Convido todos os jovens, se não se querem juntar ao PAPES, devem-se prontificar para fazer política porque realmente chegou o momento de transformarmos este país com os nossos esforços e as nossas capacidades. Só os jovens são capazes de fazer isso e mais ninguém".
As eleições legislativas foram marcadas na sequência da dissolução da Assembleia Nacional Popular, em maio de 2022, pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que acusou os deputados de conspiração.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche Welle
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