terça-feira, 4 de abril de 2023

NO ATOLEIRO EUROLUSO...

No atoleiro euroluso, à luz de um candeeiro apagado, um homem todo nu com uma faca na algibeira, lia o jornal sem letras (é o Curto do Expresso)

Esta é frase velhinha (que contém mais) como as prostituições de vendas de corpos, de mentes, de carácteres, de hediondas traições e de necessidades que continuam por explicar mas são próprias de quem não tem as mãos limpas nem opta por trabalhos limpos. Gentes assim, doutos prostituídos de canudos comprados, engravatados e inchados, são aquilo a que a plebe denomina em sussurro “que raio de cabeças, que merdosos, vígaros".

Por aqui temos muita sorte com a luz acesa, vestidos, algibeiras sem facas, lendo vários jornais com letras, sendo um deles o Curto do simpático tio Balsemão Impresa Bilderberg e o mais que vier e der jeito prá boa viduxa das elites e da democracia deles.

Bom dia. Vá adiante. Curta o Curto nesta espécie de vida Curta. Porque Curta, em tempos idos, era sinónimo de prostituta/o para não se ser mal educado/a. Como diz a tal da publicidade: “no meu tempo”. Era o tempo do fascista Salazar. Tempos e modos políticos, sociais e mais, que estão crescendo na realidade, enganosamente chamando-lhe democracia… Esses Curtos a quererem enganar os plebeus, esquecendo que alguns não é o todo. Pois. São imensos os que os topam.

O Curto, com letras, a seguir. Vale. Como dizia Forjaz de Sampaio: "até quando não presta é para nós uma grande lição". "Aprender, aprender sempre", disse outro. Vá saber quem, para aprender.

Mais um bom dia e um queijo acompanhado com pão e vinho alentejano. Depois, quando quiserem e puderem, deixem-se de prantar tão quedos. Convém. Omessa! Saibam ser alarves! Cristo também o foi!

MM | Redação PG 


A memória de Christine e como a comissão de inquérito à TAP terá muito a dizer sobre o futuro do PS

Eunice Lourenço, editora de política | Expresso (curto)

Antes de mais, um convite: Junte-se à Conversa com a equipa do Expresso, desta vez sobre “Sondagem: PS e PSD empatados. E agora?”. Hoje, dia 4 de abril, às 14h00. Inscreva-se aqui.

Bom dia

Sabia que tinha de escrever o Curto de 4 de abril, mas depois de um fim-de-semana de intensa vida social e numa segunda-feira com agenda muito cheia, estava esquecida dessa responsabilidade. Só quando a minha colega Salomé me enviou o mail com as propostas de podcasts (que pode ver mais abaixo) é que me lembrei: ahhhh tenho o curto de amanhã! A memória é assim: por vezes falha, por vezes é despertada por algo ou alguém.

No caso de Pedro Nuno Santos, que se tinha esquecido de ter autorizado uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis na sua saída de administradora da TAP, foi uma audição parlamentar de Christine Ourmières-Widener que o fez procurar uma mensagem esquecida na sua memória e no seu telemóvel. E perceber que, afinal, tinha dado o ok ao valor. E, em consequência da recuperação da sua memória, o seu secretário de Estado Hugo Mendes também recuperou a memória que ainda não estava bem desperta no primeiro depoimento que fez à Inspeção Geral de Finanças e que teve de alterar.

Esta terça-feira, Christine Ourmières-Widener volta ao Parlamento, agora no âmbito da comissão parlamentar de inquérito (CPI) e ninguém sabe que mais memórias poderá ela despertar. É a terceira audição desta CPI que, como já escreveu o Diogo Cavaleiro, tem mais de política do que de aviação. Uma comissão proposta pelo Bloco de Esquerda, que o PS viabilizou apertado pela crise política que levou à saída de Pedro Nuno Santos do Governo, e em que o PSD aposta para desgastar outro ministro e eventual candidato à sucessão de António Costa no PS: Fernando Medina, o ministro das Finanças, ilibado pela IGF, até porque nem sequer estava no Governo na altura da saída de Alexandra Reis da TAP, mas que a convidou para sua secretária de Estado do Tesouro.

Ontem, o líder social-democrata, Luís Montenegro, ao ministro das Finanças que tome uma posição sobre a permanência ou não do diretor financeiro da companhia aérea, que acusa de ter mentido na sua audição na comissão de inquérito. E mentir numa comissão de inquérito é como mentir em tribunal.

A audição da agora presidente demitida da TAP é a terceira e será imediatamente seguida, já amanhã, pela inquirição a Alexandra Reis. Será a primeira vez que vamos ouvir, de viva voz, as explicações de ex-administradora da TAP, ex-presidente da NAV e ex-secretária de Estado do Tesouro. Hão-se seguir-se as audições dos responsáveis políticos: Hugo Mendes, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ex-ministro e há muito candidato a candidato à liderança do PS, ambição que tem sofrido vários golpes no âmbito deste caso, mas que ainda não terá desaparecido. A imagem pública do ex-ministro levou um grande rasgão e também a sua imagem dentro do PS levaram um grande rasgão com este caso, mas Pedro Nuno Santos acredita que não está politicamente morto, pelo que a comissão de inquérito pode servir para se tentar reabilitar ou pode ainda piorar mais a sua imagem política. Já Medina, que nem estava no Governo quando aconteceu a negociação da saída de Alexandra Reis, tem no futuro da TAP uma das tarefas que podem determinar o seu desempenho nas Finanças.

A documentação que as várias partes – quem ainda tenta não perder tudo, quem tenta não perder nada e quem não tem nada a perder – têm feito chegar à comissão e aos jornalistas mostram como há uma luta política subjacente à procura de responsabilidades na transportadora aérea. E pode ser a memória de quem não tem nada a perder, Christine Ourmières-Widener, a despertar ainda mais documentos ou depoimentos esquecidos.

Outras notícias

- Em Nova Iorque há uma grande expectativa e uma operação policial especial a aguardar a presença de Donald Trump num tribunal onde vai ouvir as acusações de que é alvo.

- A Finlândia, que hoje se torna membro da NATO, está em fase de mudança política. O partido da primeira-ministra Sanna Marin até aumentou os lugares no Parlamento, mas foi só o terceiro mais votado e os seus parceiros de maioria perderam votos.

- Um comboio descarrilou entre Haia e Amsterdão, causando pelo menos um morto e 30 feridos.

- O Presidente da República acolheu nos jardins da sua residência oficial uma escultura de contestação. O autor da obra explica ao Expresso porque é que escolheu Belém e não São Bento para colocar o seu “Manguito”.

- O submarino Arpão parte hoje para a sua missão mais longa e a sargento Oliveira e o cabo Figueiredo contam como lidam com as saudades da família

Frases

“Temos as portas abertas à imigração, mas não fica ninguém no país sem verificação de segurança”

Paulo Viseu Pinheiro, secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, em entrevista ao DN

“Estamos a sentir necessidade de ajuste à nova vaga de refugiados”

Susana Gouveia, do Observatório do Trauma, em entrevista ao Público

O que ando a ler

A começar a Semana Santa, lancei-me na empreitada das 800 páginas de “Jerusalém, a biografia”, de Simon Sebag Montefiore. Ainda vou nas primeiras páginas desta edição revista e aumentada sobre a cidade que é capital de dois povos e central para três religiões. Quando fui a Jerusalém, em 2013, a guia nos acompanhava, nascida em Portugal, dizia que muitos turistas, em qualquer monumento, perguntam muitas vezes “é o original” e ela responde com outra pergunta: “Original de quê?” Construída e destruída ao longo dos séculos, Jerusalém tem 3000 anos de história para contar e esta, como anuncia a contracapa, é a história “de como Jerusalém se tornou Jerusalém, a única cidade que existe duas vezes: no céu e na terra”.

Podcasts a não perder

Aqui ficam as sugestões da nossa equipa de podcasts

O político Ventura versus o estudante André: quantas contradições? Na semana em que aconteceu o duplo homicídio no Centro Ismaelita de Lisboa, André Ventura voltou a contrariar o texto com o qual adquiriu o título de Professor Doutor. Oiça o 4º episódio do podcast Entre Deus e o Diabo e descubra as duas faces da moeda do Ventura que já foi André.

Tenha um bom dia, uma Feliz Páscoa e mantenha-se sempre informado com o seu Expresso.

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