domingo, 7 de maio de 2023

FACA NAS MÃOS DO LOUCO E A COROA DO REI – Artur Queiroz


 Artur Queiroz*, Luanda

O rei dos escravocratas e piratas hoje é senhor do ocidente alargado e outros mundos submissos. Foi ao senhor Ferreira, o ferreiro do Negage, para lhe serrar as protuberâncias cabeçais. Depois voou até uma abadia de Londres e enfiaram-lhe na cabeça cerrada uma coroa que pertenceu a Santo Eduardo, padroeiro e confessor dos piratas e negreiros. Está salva a civilização dos supremacistas brancos. O colonialismo continua. De ti li e continuarei a ler, Paulina Chiziane. Se um dia fechar o teu livro é porque morri. 

O Chefe do Departamento de Estado anunciou em Washington que estão levantadas as sanções contra bancos russos para chegarem a bom porto negócios de petróleo e seus derivados. Os bancos norte-americanos continuam a falir. A máquina de fotocopiar dólares está prestes a ser encaixotada. Nas transacções internacionais vão surgir outras moedas mais fiáveis. Papel sujo já nem interessa ao rei dos escravocratas e piratas. 

A Redacção Única que domina o ocidente alargado e seus protectorados impingiu a coroação do cabeçudo cerrado urbi et orbi. Andei de canal em canal televisivo e só dava coroação. Parei na TPA Notícias. Mais do mesmo. Se isto não é censura digam-me o que é censura. Se isto é pluralismo digam-me o que é pensamento único. Se não é colonialismo digam-me o que é submissão, ocupação e destruição dos mosaicos culturais que dão dignidade aos Povos. Claro que carreguei no botão de desligar.

Um amigo enviou-me este naco de lixo produzido pelo revisor Rui Ramos: “Quando eu comecei a trabalhar no Jornal de Angola, imediatamente dois estrangeiros expatriados puseram a circular na redacção que eu tinha sido porteiro no jornal Expresso, outro espalhou que eu varria o lixo. Os meus novos colegas angolanos vinham-me contar e eu ria, ria, ria, nunca respondi porque o nível mercenário daqueles expatriados não me afectava”. Também publicou a ficha técnica de um “suplemento” (publicidade redigida) produzido pela empresa de Pinto Balsemão, onde o aracnídeo recebeu até se reformar e regressar a Angola, para abanar a árvore das patacas como um colono retardatário. E conseguiu!

O revisor publicou a “ficha técnica” para provar que era mais do que isso. Pura manobra de diversão. Ele tem que publicar a carteira profissional porque em Portugal ninguém pode exercer a profissão de jornalista sem essa habilitação. Se mostrar a dita cuja, deixo de lhe chamar revisor do Balsemão. Não vai mostrar porque nunca teve. Eu tenho. Sou jornalista com a carteira número 148.

O revisor também nunca teve carteira profissional de jornalista em Angola no período de transição. Eu era o presidente do Sindicato dos Jornalistas e sei quem eram os colegas de profissão. Emitimos 118 carteiras profissionais. Os jovens que entraram na profissão em 1974 não tinham tempo suficiente para obterem o título. O garatujista não tinha condições para obter a carteira porque não trabalhava para qualquer órgão de comunicação social angolano. Rascunhava umas garatujas no boletim da Liga Africana mas isso não chegava. Depois foi para o DIP do MPLA.

Nas reuniões do Departamento de Organização de Massas (DOM) a Sita Vales bichanava ao ouvido do Nito Alves: Atenção aos esquerdistas! Cuidado com os esquerdistas! Temos de combater os esquerdistas! No DIP o revisor Rui Ramos exigia que os camaradas fizessem autocrítica por tudo e por nada. Éramos todos burgueses desprezíveis e ele, o educador da classe operária. Até o António Cardoso teve que fazer autocrítica por ter bebido um copinho com uma menina de vida desprevenida no bar do hotel em Nakuru. E ele autocriticou-se.

 O maoista desalmado ajudou a fundar a Organização Comunista de Angola (OCA) e partiu para o golpismo. Os “ocas” queriam derrubar o MPLA e fuzilar todos os que tinham “desvios” burgueses. Acabou preso e deportado para Cabinda. Depois foi perdoado e partiu para Portugal onde a comunidade maoista o acomodou como empregado de Pinto Balsemão até se reformar. Regressou a Angola e viveu no Hotel Tivoli à custa do MPLA durante meses e meses. Por fim entrou no Jornal de Angola onde fui o seu chefe. Sou mesmo vítima do imperialismo!

Como foi admitido no Jornal de Angola não vou revelar. Jamais tornarei público qualquer processo que diga respeito à Empresa Edições Novembro enquanto a servi. Mas como o revisor aracnídeo Rui Ramos escreveu que “quando eu comecei a trabalhar no Jornal de Angola, imediatamente dois estrangeiros expatriados puseram a circular na redacção que eu tinha sido porteiro no jornal Expresso, outro espalhou que eu varria o lixo” sou obrigado a desmentir o intriguista. Ele foi integrado no “copy-desk”. E nesse serviço não trabalhavam “dois estrangeiros expatriados”. 

O serviço integrava o Gabinete de Formação Permanente por isso foi contratada em Portugal uma jornalista sénior, Guiomar Belo Marques. As e os jornalistas do Jornal de Angola desse tempo sabem que se tratava de uma profissional de altíssimo nível, que muito nos ajudou na formação profissional e a aumentar a qualidade na redacção e edição. Ela rescindiu o contrato com a empresa porque se recusou a fazer o trabalho de Rui Ramos. Esta “expatriada estrangeira” sabia infinitamente mais do que ele, trabalhava infinitamente mais do que ele (em rigor não fazia nada) e ganhava o mesmo.

No quer tocava a regalias, o revisor aracnídeo ficava muito acima de Guiomar Belo Marques. A empresa deu-lhe um carro e motorista particular. Tudo porque foi declarado antigo combatente por ter sido preso em Lisboa no processo do padre Joaquim Pinto de Andrade e no processo da OCA, em Luanda. Naquele tempo teve direito a motorista porque não sabia conduzir. Mas tal como de revisor passou a “jornalista”, não me admiro nada que já seja campeão da Fórmula Um. Vou repetir: no “Copy-Desk” só trabalhavam angolanos, excepto Guiomar Belo Marques. O revisor continua a mentir desalmadamente.

No seu “post” ele usa a mesma linguagem de quem me atacava no Ckub K e no Semanário Angolense. Os atacantes são os mesmos que tantos anos depois puseram a circular um texto anónimo contra a direcção do Jornal de Angola e a administração da Empresa Edições Novembro. Aprendeu rapidamente as técnicas da UNITA não fosse ele um dos felizes turistas da Jamba. Também é por isso que tem uma pensão de antigo combatente. Colaborou activamente com o lóbi do Galo Negro em Portugal.

Os que me chamam estrangeiro e expatriado não são originais. Não me surpreendem. Aprendi há muitos anos que somos expatriados e estrangeiros, quando descemos os morros de Dala Tando e passamos aas praias do Ambriz. Sou expatriado e estrangeiro em Lisboa, no Porto, em Paris, Roma ou Bruxelas. E em Luanda também. Tenho imensa pena, porque Angola nunca mais vai para a frente enquanto prevalecer a mentalidade Angola é Luanda e o resto é paisagem. 

Nós somos atraídos pela majestade Cultural do Reino do Congo. Vivemos olhos nos olhos, coração no coração. Não olhamos para a pele. Somos parte do fabuloso Mosaico Cultural Angolano. Se me chamassem estrangeiro e expatriado na Kapopa do Negage morria de desgosto. Se me chamassem estrangeiro e expatriado no Cangundo, Catumbo, Dambi, Encoje, Uíge, Bembe, todo o Vale do Loge, Songo, Bungo, Mucaba, toda a serra da Kananga, perdia o gosto de viver e de escrever. 

Um dia o latoeiro meu vizinho, na Kapopa, que cuidava do seu neto, o meu amigo Maninho, pediu-nos para irmos ao senhor Luís Ferreira comprar carne de caça porque ia sair festa. Esperava visitas de longe. Desembrulhou duas notas da ponta de um pano e deu-nos o dinheiro. O caçador vendeu-nos uma kasexa esfolada. Chegaram as visitas e saiu muita comida regada com maruvo de bordão.

Quando as visitas partiram ele explicou o porquê da festa: Os viajantes são sagrados. Trazem novidades. Com eles rejuvenescemos. Revivemos. Por isso temos de tratá-los bem. 

Enquanto em Angola não aprendermos esta lição, vamos ficar sempre nas mãos de oportunistas desonestos como o revisor Rui Ramos.

O Mais Velho Tuma, meu mestre e meu papá, ensinou-me isto quando eu era criança: Kana vana mbele ko lawu, kitukidu ‘mvondi. Se deres uma faca a um louco, viras assassino. É isso. Quem fez do revisor Rui Tramos “jornalista” está a esfaquear o Jornalismo Angolano.

O rei dos escravocratas e piratas hoje é senhor do ocidente alargado e outros mundos submissos. Foi ao senhor Ferreira, o ferreiro do Negage, para lhe serrar as protuberâncias cabeçais. Depois voou até uma abadia de Londres e enfiaram-lhe na cabeça cerrada uma coroa que pertenceu a Santo Eduardo, padroeiro e confessor dos piratas e negreiros. Está salva a civilização dos supremacistas brancos. O colonialismo continua. De ti li e continuarei a ler, Paulina Chiziane. Se um dia fechar o teu livro é porque morri. 

O Chefe do Departamento de Estado anunciou em Washington que estão levantadas as sanções contra bancos russos para chegarem a bom porto negócios de petróleo e seus derivados. Os bancos norte-americanos continuam a falir. A máquina de fotocopiar dólares está prestes a ser encaixotada. Nas transacções internacionais vão surgir outras moedas mais fiáveis. Papel sujo já nem interessa ao rei dos escravocratas e piratas. 

A Redacção Única que domina o ocidente alargado e seus protectorados impingiu a coroação do cabeçudo cerrado urbi et orbi. Andei de canal em canal televisivo e só dava coroação. Parei na TPA Notícias. Mais do mesmo. Se isto não é censura digam-me o que é censura. Se isto é pluralismo digam-me o que é pensamento único. Se não é colonialismo digam-me o que é submissão, ocupação e destruição dos mosaicos culturais que dão dignidade aos Povos. Claro que carreguei no botão de desligar.

Um amigo enviou-me este naco de lixo produzido pelo revisor Rui Ramos: “Quando eu comecei a trabalhar no Jornal de Angola, imediatamente dois estrangeiros expatriados puseram a circular na redacção que eu tinha sido porteiro no jornal Expresso, outro espalhou que eu varria o lixo. Os meus novos colegas angolanos vinham-me contar e eu ria, ria, ria, nunca respondi porque o nível mercenário daqueles expatriados não me afectava”. Também publicou a ficha técnica de um “suplemento” (publicidade redigida) produzido pela empresa de Pinto Balsemão, onde o aracnídeo recebeu até se reformar e regressar a Angola, para abanar a árvore das patacas como um colono retardatário. E conseguiu!

O revisor publicou a “ficha técnica” para provar que era mais do que isso. Pura manobra de diversão. Ele tem que publicar a carteira profissional porque em Portugal ninguém pode exercer a profissão de jornalista sem essa habilitação. Se mostrar a dita cuja, deixo de lhe chamar revisor do Balsemão. Não vai mostrar porque nunca teve. Eu tenho. Sou jornalista com a carteira número 148.

O revisor também nunca teve carteira profissional de jornalista em Angola no período de transição. Eu era o presidente do Sindicato dos Jornalistas e sei quem eram os colegas de profissão. Emitimos 118 carteiras profissionais. Os jovens que entraram na profissão em 1974 não tinham tempo suficiente para obterem o título. O garatujista não tinha condições para obter a carteira porque não trabalhava para qualquer órgão de comunicação social angolano. Rascunhava umas garatujas no boletim da Liga Africana mas isso não chegava. Depois foi para o DIP do MPLA.

Nas reuniões do Departamento de Organização de Massas (DOM) a Sita Vales bichanava ao ouvido do Nito Alves: Atenção aos esquerdistas! Cuidado com os esquerdistas! Temos de combater os esquerdistas! No DIP o revisor Rui Ramos exigia que os camaradas fizessem autocrítica por tudo e por nada. Éramos todos burgueses desprezíveis e ele, o educador da classe operária. Até o António Cardoso teve que fazer autocrítica por ter bebido um copinho com uma menina de vida desprevenida no bar do hotel em Nakuru. E ele autocriticou-se.

 O maoista desalmado ajudou a fundar a Organização Comunista de Angola (OCA) e partiu para o golpismo. Os “ocas” queriam derrubar o MPLA e fuzilar todos os que tinham “desvios” burgueses. Acabou preso e deportado para Cabinda. Depois foi perdoado e partiu para Portugal onde a comunidade maoista o acomodou como empregado de Pinto Balsemão até se reformar. Regressou a Angola e viveu no Hotel Tivoli à custa do MPLA durante meses e meses. Por fim entrou no Jornal de Angola onde fui o seu chefe. Sou mesmo vítima do imperialismo!

Como foi admitido no Jornal de Angola não vou revelar. Jamais tornarei público qualquer processo que diga respeito à Empresa Edições Novembro enquanto a servi. Mas como o revisor aracnídeo Rui Ramos escreveu que “quando eu comecei a trabalhar no Jornal de Angola, imediatamente dois estrangeiros expatriados puseram a circular na redacção que eu tinha sido porteiro no jornal Expresso, outro espalhou que eu varria o lixo” sou obrigado a desmentir o intriguista. Ele foi integrado no “copy-desk”. E nesse serviço não trabalhavam “dois estrangeiros expatriados”. 

O serviço integrava o Gabinete de Formação Permanente por isso foi contratada em Portugal uma jornalista sénior, Guiomar Belo Marques. As e os jornalistas do Jornal de Angola desse tempo sabem que se tratava de uma profissional de altíssimo nível, que muito nos ajudou na formação profissional e a aumentar a qualidade na redacção e edição. Ela rescindiu o contrato com a empresa porque se recusou a fazer o trabalho de Rui Ramos. Esta “expatriada estrangeira” sabia infinitamente mais do que ele, trabalhava infinitamente mais do que ele (em rigor não fazia nada) e ganhava o mesmo.

 No quer tocava a regalias, o revisor aracnídeo ficava muito acima de Guiomar Belo Marques. A empresa deu-lhe um carro e motorista particular. Tudo porque foi declarado antigo combatente por ter sido preso em Lisboa no processo do padre Joaquim Pinto de Andrade e no processo da OCA, em Luanda. Naquele tempo teve direito a motorista porque não sabia conduzir. Mas tal como de revisor passou a “jornalista”, não me admiro nada que já seja campeão da Fórmula Um. Vou repetir: no “Copy-Desk” só trabalhavam angolanos, excepto Guiomar Belo Marques. O revisor continua a mentir desalmadamente.

No seu “post” ele usa a mesma linguagem de quem me atacava no Ckub K e no Semanário Angolense. Os atacantes são os mesmos que tantos anos depois puseram a circular um texto anónimo contra a direcção do Jornal de Angola e a administração da Empresa Edições Novembro. Aprendeu rapidamente as técnicas da UNITA não fosse ele um dos felizes turistas da Jamba. Também é por isso que tem uma pensão de antigo combatente. Colaborou activamente com o lóbi do Galo Negro em Portugal.

Os que me chamam estrangeiro e expatriado não são originais. Não me surpreendem. Aprendi há muitos anos que somos expatriados e estrangeiros, quando descemos os morros de Dala Tando e passamos as praias do Ambriz. Sou expatriado e estrangeiro em Lisboa, no Porto, em Paris, Roma ou Bruxelas. E em Luanda também. Tenho imensa pena, porque Angola nunca mais vai para a frente enquanto prevalecer a mentalidade Angola é Luanda e o resto é paisagem. 

Nós somos atraídos pela majestade Cultural do Reino do Congo. Vivemos olhos nos olhos, coração no coração. Não olhamos para a pele. Somos parte do fabuloso Mosaico Cultural Angolano. Se me chamassem estrangeiro e expatriado na Kapopa do Negage morria de desgosto. Se me chamassem estrangeiro e expatriado no Cangundo, Catumbo, Dambi, Encoje, Uíge, Bembe, todo o Vale do Loge, Songo, Bungo, Mucaba, toda a serra da Kananga, perdia o gosto de viver e de escrever. 

Um dia o latoeiro meu vizinho, na Kapopa, que cuidava do seu neto, o meu amigo Maninho, pediu-nos para irmos ao senhor Luís Ferreira comprar carne de caça porque ia sair festa. Esperava visitas de longe. Desembrulhou duas notas da ponta de um pano e deu-nos o dinheiro. O caçador vendeu-nos uma kasexa esfolada. Chegaram as visitas e saiu muita comida regada com maruvo de bordão.

Quando as visitas partiram ele explicou o porquê da festa: Os viajantes são sagrados. Trazem novidades. Com eles rejuvenescemos. Revivemos. Por isso temos de tratá-los bem. 

Enquanto em Angola não aprendermos esta lição, vamos ficar sempre nas mãos de oportunistas desonestos como o revisor Rui Ramos.

O Mais Velho Tuma, meu mestre e meu papá, ensinou-me isto quando eu era criança: Kana vana mbele ko lawu, kitukidu ‘mvondi. Se deres uma faca a um louco, viras assassino. É isso. Quem fez do revisor Rui Tramos “jornalista” está a esfaquear o Jornalismo Angolano.

*Jornalistas

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