domingo, 25 de junho de 2023

Angola | AS LIÇÕES DE MIHAELA E RAFAEL E RAFAEL – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Festival Ngeya, no Luena, mostra mosaicos culturais preciosos, únicos, marcas distintivas do Povo Angolano. A TPA cobriu o acontecimento. O repórter despediu-se dizendo que o seu canal é o único que apresenta a cultura como ela é. A menina no estúdio sublinhou a publicidade comparativa que é tão proibida como a informação subliminar. Ninguém pode publicitar um produto comprando-o com outros. Dizer que o meu canal é o melhor de todos atropela as mais básicas regras da ética. Sabem porquê?  

Com uma décima parte do dinheiro que o Estado despeja na estação pública de televisão, eu fazia um canal a sério e a partir daí só mesmo o pessoal da TPA consumia aquela porcaria. Mudava todo o mundo para o meu canal. Nem o Ernesto Bartolomeu engolia a produção do seu centro.

O Presidente Lula da Silva foi a Paris partir tudo. Deixem-se desses truques das alterações climáticas. Em primeiro lugar falemos de igualdade. De que serve termos um bom clima se milhões de seres humanos morrem diariamente de fome? O FMI é lixo! O Banco Mundial e lixo! A ONU é lixo! Não podemos aceitar o império do dólar. A Argentina compra produtos ao Brasil e tem de pagar em dólares. O Brasil compra produtos à Argentina e é obrigado a pagar em dólares. Acabou a mama. Vamos usar as nossas moedas nas transacções comerciais.

Já estão a perceber por que razão os esbirros do Pita Grós lá do sítio fizeram acusações falsas contra Lula da Silva e o meteram na cadeia. Quando sair da Presidência do Brasil vai levar prisão perpétua. Se o estado terrorista mais perigoso do mundo não o matar antes. Vamos ver o que vai dar a revolta mundial dos pobres contra o ocidente alargado. 

Um amigo de longa data mandou uma mensagem que me deixou muito triste e desiludido. Diz ele que sou um fanático na defesa do MPLA. Sendo ele um homem inteligente e lúcido, só posso concluir que tenho falhado em toda a linha. Faço críticas justas à direcção do MPLA e depois um camarada que me conhece bem diz que sou fanaticamente do MPLA. A opinião é sagradamente livre. Eu dou a vida pela liberdade de expressão, mesmo dos que optaram pelo banditismo político e mediático.

Como convencer as pessoas próximas que não sou fanático na defesa do MPLA? Tarefa difícil mas que a deputada da UNITA Mihaela Webba e o condecorado de João Lourenço, Rafael Marques, tornaram facílima. Obrigado a ambos pelas lições que me deram num momento de grande aperto.

Sim, sou fanático na defesa de Angola e do Povo Angolano. Estive, estou e estarei sempre pronto a dar a vida pela Pátria Angolana. Isto não é fanatismo. É amor. É hombridade. Porque só estando totalmente disponível, consigo pagar uma ínfima parte do que devo a Angola e aos angolanos. O MPLA é mesmo o povo e o povo é mesmo do MPLA. Mas uma parte significativa (incluindo eu) está zangada com o Executivo e seu titular. Estamos revoltados. Mostramos que somos bons alunos do MPLA. Porque foi o MPLA que nos ensinou a lutar contra quem ponha em causa a Pátria Angolana.

Os fantoches ao serviço do George Soros e outros bandidos internacionais não são um perigo para a democracia angolana. São um perigo para a existência de Angola como estado soberano e sem amputações territoriais. O estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) nunca desistiu de fazer do nosso país pelo menos três países. Um para a FLEC, outro para a UNITA e outro do que sobrar. Rafael Marques foi à sua capital, Lisboa, dizer isso com todas as letras. É uma espécie de vendedor ambulante às ordens dos destruidores de Angola. 

A grande lição foi-nos dada pela deputada da UNITA Mihaela Webba. Os sicários do Galo Negro ficaram em fúria porque no dia 17 de Junho pouco mais conseguiram do que vandalismo e arruaça. O programa era mesmo fazer cair o poder na rua. Falharam. E como sempre, fazem-se de vítimas quando falham. Foi assim em 1975, em 1992 e em 2002. 

A deputada Mihaela usou da palavra na Assembleia Nacional e referiu-se ao Chefe de Estado “digam ao vosso chefe”. Quando a presidente das Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, exigiu que respeitasse os titulares dos órgãos de soberania, insistiu. Mais uma vez foi repreendida. Ainda estava na arruaça e na destruição de bens públicos.

 Finalmente Webba comportou-se com decência e usou a expressão Titular do Poder Executivo e Presidente da República. A grande lição veio depois. A deputada da UNITA emitiu um comunicado onde explica por que razão respeitou a Assembleia Nacional e os outros órgãos de soberania:

“Só alterei a minha comunicação para não ser mais interrompida pelos subordinados do Presidente do MPLA, porque o meu tempo se estava a esgotar”. E depois regressou ao discurso próprio do banditismo político: “O Sr. João Lourenço não é meu Chefe, porque primeiro não sou militante do MPLA, segundo não estou no Parlamento por vontade dele e terceiro não sou sua auxiliar no Executivo (…) Ele enquanto PR é órgão de soberania e eu sou titular de outro órgão de soberania, a Assembleia Nacional, não havendo subordinação entre os órgãos de soberania, de acordo com a doutrina”

Perceberam? Como não há “subordinação entre órgãos de soberania”, a Mihaela pode destratar, ofender, faltar ao respeito, portar-se na Casa da Democracia como os seus colegas da UNITA se comportaram (vandalismo e arruaça) infiltrados nas manifestações de 17 de Junho. 

Eu não ando de Lexus. Não tenho as mordomias da deputada Miahela. Não recebo fortunas por mês do Estado. Nunca votei na UNITA. Não recebo ordens do Adalberto nem vou para a cama com ele. Com ela também não. Portanto, posso dizer que a deputada Miahela é puta do harém do Adalberto. Não foi ela nem a UNITA que me compraram o teclado do computador. Sou eu que pago as contas da energia e telecomunicações. Não devo nada ao banditismo político. Mas digam à puta Miahela que eu estou muito grato à lição que acaba de nos dar.

A UNITA deu um golpe de estado militar no Huambo, Moxico, Cunene, Cuando Cubango e partes de outras províncias, no ano de 1975, ao serviço dos racistas de Pretória. Era o biombo da agressão estrangeira. Como Acordo de Bicesse foi esquecida e enterrada a alta traição. A UNITA regressou à guerra quando perdeu as eleições no ano de 1992. Em 2002, o Presidente José Eduardo dos Santos mandou salvar os sicários da UNITA, sobreviventes. Mandou dar-lhes banho e catar-lhes os piolhos. Tratou-os como gente e fez de alguns, generais das FAA. Tudo em nome da unidade e reconciliação nacional.

José Eduardo dos Santos cometeu um erro gravíssimo por excesso de humanismo e bondade. Partiu do princípio que os sicários da UNITA abandonavam a via dos crimes de guerra. Que não mais disparavam contra o regime democrático. Iam dar o seu contributo à reconstrução do que destruíram.

Impossível. Miahela Webba, Gato, Uambu, Numa ou Adalberto revelam algo terrível. A UNITA é contra a existência de Angola. A UNITA jamais se integrará na República de Angola. O sonho dos sicários da UNITA é destruir Angola. 

A direcção da UNITA quer retalhar Angola. Para ganhar as eleições em Cabinda, vendeu a província ao estado terrorista mais perigoso do mundo e seus aliados. A UNITA jamais aceitará Angola independente porque nasceu exactamente para ser um grupo armado do colonialismo contra a Independência Nacional.

A direcção da UNITA jamais aceitará Angola independente e com o actual mapa. Por isso é radicalmente contra as eleições democráticas. Só assim se justifica desconsiderarem e desqualificarem as instituições que organizam as eleições. Querem as eleições autárquicas porque assim invocam centenas de fraudes, tantas, quantas derrotas averbarem! Em 2022 a UNITA ganhou as eleições na capital. Na mais importante praça eleitoral. Ganhou em Cabinda e no Zaire. Mesmo assim disse que houve fraude! Nenhum sicário da UNITA explica por que razão quem fez as fraudes os deixou ganhar em Luanda, onde o MPLA fez tudo para ganhar!

A UNITA vai ser sempre uma organização ao serviço de quem quer dominar Angola. Quem quer destruir Angola. Quem quer ocupar Angola. Obrigado pela lição, Miahela Webba, a puta favorita do Adalberto. Desde já garanto que não farei qualquer comunicado mostrando o meu arrependimento por ser ofensivo com a senhora deputada. Porque estou simplesmente a imitá-la. Eu nestas coisas gosto de seguir os bons exemplos.

*Jornalista

Imagem: Dança da cultura angolana - em Jornal de Angola

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