Artur Queiroz*, Luanda
A cidade do Cuito estava cercada
pelos criminosos de guerra da UNITA em Junho de
Enquanto milhares de civis eram
bombardeados e ficavam com os corpos destroçados, morriam de fome ou por falta
de cuidados de saúde, os esbirros da UNITA passeavam-se
O Rui Oliveira clamava vitórias. O Adalberto dizia aos jornalistas portugueses que o “éme-pê-élhiá” estava derrotado. O primeiro-ministro português Cavaco Silva assobiava para o lado. António Guterres, alto dirigente socialista, nem uma palavra. Hoje é secretário-geral da ONU e acaba de anunciar que a Federação Russa está na “Lista da Vergonha” alegadamente porque matou crianças na Ucrânia. Os seus sócios da UNITA nunca entraram na lista da ratazana. E mataram milhares de crianças angolanas que tiveram a desdita de não nascerem num país da OTAN (ou NATO) e não serem brancas, loiras e de olhinhos azuis.
António Guterres (manguço com ninho no altar) em 1995 era primeiro-ministro de Portugal. A rebelião armada de Savimbi estava no auge. Matava civis nas cidades vilas e aldeias. Destruía importantes equipamentos sociais tornando a vida impossível às populações. Milhares de angolanos eram mortos, feridos ou raptados. Sujeitos a terríveis torturas só porque não eram do Galo Negro. No Portugal de Guterres os sicários da UNITA passaram a ter estatuto de “embaixadores”. Guterres era sócio do Savimbi. E ao mesmo tempo secretário-geral do Partido Socialista que se dizia irmão do MPLA. O rato de sacristia está na minha lista dos leprosos morais mais repugnantes. Não vale nada mas sabe-me bem.
As ONG que traficam em Angola queixaram-se à ONU contra legislação que está em apreciação na Assembleia Nacional, já aprovada na generalidade. A queixa seguiu em registo de “carta aberta” assinada por Florindo Chivucute, director executivo da Friends of Angola, com sede em Washington e cantina da CIA. Pensam (erradamente?) que Angola já é um cubico às ordens do Biden e seus traficantes. A “carta” é um insulto e um atentado à soberania nacional. Mas João Lourenço lá sabe o que prometeu ao estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA).
As ONG estão contra a nova lei porque ficam sujeitas a inspecção e controlo. (Que horror!). Porque passam a ter de comunicar às autoridades angolanas competentes, os seus meios de financiamento (um atentado à liberdade!) Devem fazer relatórios mensais, trimestrais, semestrais e anuais sobre as suas actividades (Metediços! A CIA disse-nos que estávamos isentos de prestar contas).
A nova lei (se for aprovada na especialidade) obriga as ONG a declararem a origem dos seus recursos financeiros, enumerar as aquisições de bens importados e adquiridos internamente, apresentar planos de acção anuais e partilhar avaliações das parcerias que estabeleceram. (Terrível! Angola tem de ser a Jamba). O autor da carta diz que assim existe “excessiva interferência do Estado, que afectará a independência e a eficácia financeira e operacional das ONG”. Lá se vai a rentabilidade do negócio!
A nova lei exige que as ONG adquiram bens e equipamentos no Mercado Angolano. Isto admite-se? Querem acabar com a candonga a as sobre facturações! As vigarices. Cada vez se percebe melhor que Angola nunca devia ser um país independente. O estado terrorista mais perigoso do mundo tem de corrigir isto e avassalar o soba de serviço. As ONG passam a ser fiscalizadas pelo Ministério das Finanças. Pode? Não se admite. Também não podem exportar ou revender bens e equipamentos adquiridos ou importados com fundos doados ao Povo Angolano. Horrível! Lá se vai o parasitismo e o dinheiro fácil.
As ONG podem ver as suas actividades suspensas quando praticarem actos que atentem contra a soberania nacional, segurança e integridade da República de Angola (Artigo 32). Também vão à vida“ quando desenvolverem actividades que não estejam em conformidade com o seu objectivo estatutário (Artigo 33). Na carta do amigo americano de Angola dizem que “são argumentos vagos”. Sabem lá eles o que é soberania nacional! Nasceram enrolados, cresceram de cócoras e estão à venda por quem der mais.
O governador da província do Uíge, José Carvalho da Rocha, reivindica uma linha férrea que a partir do Lucala atravesse todo o território até ao couto mineiro do Mavoio. Velho sonho com cem anos! Em 1923, Alves dos Reis criou a empresa do Caminho-de-Ferro de Ambaca para levar o comboio, então um meio de transporte revolucionário, ao Congo Português.
O sonhador meteu-se em vigarices, burlas e marimbondices. O projecto ficou no papel mas o comboio chegou ao Lucala. Depois derivou para Malange. O Norte precisa mesmo de comboios. Sei que é difícil porque o terreno não ajuda. Mas também era difícil construir o ramal do Golungo Alto e ele existe. Entre Lucala e Bungo, a norte do Negage, não há dificuldades. Do Bungo em diante há problemas a superar entre Mucaba e a Damba mas já está aberta a estrada. O caminho-de-ferro pode seguir o mesmo percurso paralelamente. Levem o comboio malandro ao Norte!
Mas deixem-se de fantasias. Ouvi alguém com muitas responsabilidades dizer que a província do Uíge volta a ter hegemonia na produção de café se existirem investimentos. Tanta ignorância! O café comercial mais valioso só se dá em mata fechada. Robusta. Caturra. Cazengo. Ambriz. Para produzir é necessária mão-de-obra escrava. Os bailundos acabaram! Nada de culturas agrícolas que exigem escravos. Angola é um país independente. O Ferreira Lima já não manda. Já não tem milícias para matar negros. Querem o regresso dos contratados? Querem as rusgas dos sipaios aos jovens das sanzalas? Tenham juízo e deixem o café para os países com escravatura. Ou produzam café arábica que só precisa de máquinas mas vale pouco.
*Jornalista
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