Manuel Molinos* | Jornal de Notícias | opinião
O espaço mediático do submersível desaparecido junto aos destroços do Titanic, com cinco pessoas a bordo, remete-nos para uma espécie de banalização das tragédias. Inconsciente, mas reveladora de alguma insensibilidade para o drama daqueles que há anos, dia após dia, enfrentam a escolha entre a miséria e a guerra.
É natural que o resgate dos
ocupantes do submarino mereça toda a atenção, tal como aconteceu, por exemplo,
com a saga dos 33 chilenos que ficaram presos numa mina
O Mundo acompanhou estes dramas
com ansiedade, minuto a minuto, e com expetativa. Os “
Essa preocupação, atenção, e até carinho, não é a mesma para com aqueles que fazem viagens longas e perigosas para escapar a conflitos armados, violência, pobreza e aos efeitos tenebrosos das alterações climáticas. Aqueles que procuram tão-só o direito a viver. Que encontram no mar Mediterrâneo a sua última morada, o seu cemitério.
O Dia Mundial do Refugiado foi assinalado pelas Nações Unidas na terça-feira. Sem pompa ou circunstância. Entre portas ou fora delas.
Estes cidadãos, com os mesmos direitos do que qualquer um de nós, não abandonam as suas casas à procura de luxo, nem de bons salários, nem de boas habitações, nem de bom tempo. Procuram sobreviver. Como os mineiros, como Rayan, como os ocupantes do submarino perdido.
O tema dos refugiados não se pode tornar spam. Eles não são lixo, mesmo que sejam descartáveis para uma grande parte dos governantes.
*Diretor-adjunto
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