sexta-feira, 14 de julho de 2023

A GUERRA COM A RÚSSIA ESTÁ A SER PREPARADA PELOS EUA/NATO DESDE 2014

STOLTENBERG ADMITE QUE A OTAN COMEÇOU A PREPARAR A UCRÂNIA PARA A GUERRA COM A RÚSSIA DESDE 2014

França completará o treinamento de 7.000 soldados ucranianos até ao final do ano

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, admitiu que a aliança preparou a Ucrânia para a guerra com a Rússia desde 2014. Ao mesmo tempo, o ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, anunciou em 12 de julho que os militares franceses já treinaram 5.200 soldados ucranianos e planejam treinar um total de 7.000 soldados até o final do ano.

Ahmed Adel* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

"O apoio da França à Ucrânia não está enfraquecendo. [...] Quase 5.200 soldados ucranianos já foram treinados pela França, incluindo 1.600 na Polônia. Serão quase 7.000 até o final do ano", tuitou Lecornu.

De acordo com Lecornu, as tropas ucranianas estão aprendendo a operar o equipamento militar francês transferido para elas e praticar táticas de combate modernas, como formar batalhões que possam manobrar como uma unidade tática coerente.

Enquanto isso, o governo britânico anunciou que mais de 19.000 soldados ucranianos foram treinados no país nos últimos seis meses e que a Ucrânia pode esperar mais apoio material.

"Nos últimos seis meses, o Reino Unido também expandiu seu programa de treinamento militar para recrutas ucranianos. Este programa treinou mais de 19.000 soldados até o momento e o treinamento para pilotos ucranianos no Reino Unido começará neste verão", disse o governo britânico em um comunicado.

O Reino Unido, por meio da Otan, também planeja estabelecer um centro de reabilitação médica "para apoiar a recuperação e o retorno de soldados às linhas de defesa da Ucrânia após serem feridos em combate".

"[O primeiro-ministro britânico anunciou uma] nova grande parcela de apoio à Ucrânia, incluindo milhares de cartuchos adicionais de munição Challenger 2, mais de 70 veículos de combate e logística e um pacote de apoio de 50 milhões de libras para reparo de equipamentos", acrescentou o comunicado.

Embora esses anúncios sejam revelações recentes, o treinamento da Otan dos militares ucranianos não é novo. Stoltenberg disse que a Aliança começou a apoiar os militares ucranianos muito antes do início da guerra.

"Saúdo o apoio militar que os Aliados têm prestado há meses, na verdade a partir de 2014", disse Jens Stoltenberg numa conferência de imprensa após o primeiro dia da cimeira da Aliança.

O chefe da Otan já havia confessado que os preparativos militares ocidentais começaram há nove anos.

"Desde 2014 [...] A OTAN implementou o maior reforço da nossa defesa colectiva numa geração. Com, pela primeira vez na nossa história, tropas prontas para o combate na parte oriental da Aliança, com maior prontidão, com mais exercícios e também com mais gastos com defesa", disse em 24 de maio. "Então, quando o presidente Putin lançou sua invasão de pleno direito no ano passado, estávamos preparados."

Numa declaração conjunta após o primeiro dia da cimeira em Vilnius, os líderes da NATO declararam que o aprofundamento da parceria entre a China e a Rússia é contrário aos valores e interesses da aliança.

Por sua vez, o presidente russo, Dmitry Peskov, disse, antes de se referir à Otan como uma aliança de "natureza agressiva", que as relações Moscou-Pequim "nunca foram direcionadas contra países terceiros ou alianças de forma alguma"

"Não é uma aliança que foi concebida, criada e construída com o objetivo de garantir estabilidade e segurança. É uma aliança ofensiva. É uma aliança que gera instabilidade e agressão", disse Peskov sobre a Otan.

Durante o primeiro dia da cúpula da Otan, os países-membros concordaram em aproximar a Ucrânia da aliança. No entanto, as disposições concretas propostas para alcançar este objectivo desiludiram a Ucrânia. Não foi à toa em grandes veículos, como o New York Times, que Zelensky criticou a atitude da Otan.

Zelensky lamentou em um tuíte a "incerteza" e a "fraqueza" da Otan antes mesmo do início da cúpula. "Parece que não há disposição nem para convidar a Ucrânia para a Otan nem para torná-la membro da Aliança", acrescentou o tuíte.

Considerando a humilhação que Zelensky sofreu por ter sido fotografado isolado e sozinho na cúpula da Otan enquanto os líderes membros conversavam entre si, o regime de Kiev deveria ter percebido que eles estão sendo usados como nada mais do que peões em uma tentativa agora fracassada de enfraquecer e conter a Rússia.

É evidente que a NATO está a fazer tudo o que está ao seu alcance para apoiar a Ucrânia, sem usar as forças armadas convencionais dos Estados-membros, e continuará com essa política até pelo menos ao final de 2023, como demonstram os anúncios franceses e britânicos.

No entanto, apesar desse apoio da França e do Reino Unido, Zelensky classificou a política de admissão mais ampla da Otan como "absurda", levando até o secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, a destacar que Kiev não expressa "gratidão" suficiente pelo apoio que recebe. No entanto, esta humilhação constante e a destruição completa das suas forças armadas e económicas não foram suficientes para que o regime de Kiev percebesse que não passa de um substituto dispensável para a NATO.

* Pesquisador de geopolítica e economia política baseado no Cairo

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