Paulo Baldaia | TSF | opinião
O país que somos é tão desigual como os países que a maioria socialista e as oposições pintaram ontem no Parlamento. Não é sequer uma questão de encontrar a bissetriz de realidades tão diferentes como as que foram apresentadas. Não se trata de escurecer as tintas do rosa apresentado por António Costa ou dar cor ao país sombrio apresentado pelas oposições. Ninguém estava a mentir. Ninguém precisou sequer de fazer grandes torturas aos números para eles dizerem o que acabou por ser dito. Os dois mundos que ontem conviveram no interior do Parlamento também existem cá fora.
António Costa quis garantir que os portugueses estão melhor e que o país está a melhorar mas, como em todas as crises, as famílias de menores rendimentos demoram sempre muito mais tempo a chegar a este país que melhora. Sim há portugueses que estão melhor, são os que verdadeiramente nunca estiveram mal, porque fazem parte de uma minoria que tem rendimentos tão altos que nenhuma crise é capaz de os deixar mal.
Não significa que o país como um todo não esteja a recuperar bem da pandemia, da guerra, da inflação. Não é sequer pelo crescimento macro-económico dos melhores da Europa, ainda assim pífio para aquilo que o país precisa. É, sobretudo, pela capacidade de manter níveis de emprego muito elevados, porque é isso que dá paz social. Mas falta fazer o resto, acrescentar qualidade a esse emprego. Trabalho precário e mal pago não dá futuro a nenhum país, nem tira a geração mais qualificada de sempre do atoleiro onde a metemos, não criando condições para que possam escolher o que querem fazer com a sua vida. Se nem com a sua própria casa podem sonhar, o que temos nós para lhes dizer? Desculpem, estávamos demasiado ocupados a fazer de conta que sabíamos o que estávamos a fazer.
Sem comentários:
Enviar um comentário