Um jovem britânico de 28 anos foi preso em março sob suspeita de violar a Lei de Segredos Oficiais do Reino Unido. Ele recebeu fiança até o início de outubro. Mas até agora, nenhuma acusação foi apresentada, sugerindo falta de provas concretas. No contexto da generalização da segurança nacional no Reino Unido, este seria normalmente um caso menor. Contudo, em Setembro, este caso, juntamente com outro semelhante, foi divulgado como “actividades de espionagem chinesas”, causando uma agitação significativa na política e na opinião pública britânicas.
Global Times* | editorial | # Traduzido em português do Brasil
Hoje, o Parlamento do Reino Unido
está em turbulência sobre a questão da “espionagem chinesa” – o
primeiro-ministro está a ser “interrogado” lá, vários ministros são forçados a
fazer declarações e a pessoa envolvida tem de emitir declarações negando as acusações. No
entanto, nada disto pode impedir os deputados de questionarem o governo como se
estivessem numa missão, perguntando: “A China é realmente uma ameaça?” Na
verdade, não é bem uma “pergunta” porque eles já têm uma resposta
pré-determinada. Quem dá esta resposta é considerado um “aliado”, mas
qualquer um que diga algo diferente pode muito bem ser acusado de ser um
“espião”.
A razão pela qual este jovem se tornou o foco é principalmente porque ele é
considerado diretor do Grupo de Pesquisa parlamentar da China, possuindo um
passe parlamentar, e já trabalhou na China por um tempo. Este jovem,
suspeito de ser um “espião chinês”, emitiu um comunicado afirmando que é
“completamente inocente”, mas é evidente que algumas pessoas no Reino Unido já
apressaram o julgamento, considerando-o “culpado”. Curiosamente, nos seus
esforços para provar a sua inocência, o jovem mencionou que passou a sua
carreira até à data “tentando educar os outros sobre o desafio e as ameaças
apresentadas pelo Partido Comunista Chinês”. Isto foi confirmado pelos
meios de comunicação britânicos, mas algumas pessoas especialmente
"observadoras" encontraram nas suas observações o que consideram ser
tendências subtis pró-China.
Os acontecimentos de Março, no entanto, intensificaram-se em Setembro. A
comunicação social britânica também tomou conhecimento de que isto está a
acontecer numa altura em que o Reino Unido procura reparar a sua relação com o
governo chinês. O secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido,
James Cleverly, tinha acabado de visitar a China no final de Agosto,
tornando-se no mais alto funcionário do governo do Reino Unido a visitar a
China em anos. De certa forma, esta situação lembra um pouco o “incidente
do balão China-EUA” que ocorreu em Fevereiro deste ano.
O caso desta vez mostra claramente que a realidade é completamente diferente daquela que os políticos britânicos e as agências de inteligência têm alardeado como “espiões chineses em todo o lado”. É precisamente devido à falta de provas que estão desesperados e dando grande importância a um caso que não resiste ao escrutínio jurídico.
O governo Sunak vê obviamente os danos que o pensamento extremo em relação à China trouxe ao Reino Unido e pretende recalibrar a relação entre a China e o Reino Unido. Contudo, o ambiente político britânico distorcido limitou enormemente o espaço e a extensão em que esta recalibração pode ser feita. Isto inclui uma coordenação profunda com a estratégia dos EUA, contradições internas e disputas dentro do Reino Unido, e acomodação e utilização intencionais da atmosfera anti-China já estabelecida. Deve dizer-se que estes factores se entrelaçaram e se tornaram obstáculos que não podem ser ignorados no caminho de avanço das relações China-Reino Unido, e fizeram as pessoas verem quão assustadora é a atmosfera política distorcida que desgasta a racionalidade.
*Foto tirada em 18 de agosto de 2021 mostra as Casas do Parlamento em Londres, Grã-Bretanha. Foto: Xinhua
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