O sismo em Marrocos, mesmo à
nossa porta, traz-nos os habituais alertas sobre a segurança dos edifícios,
sobretudo, dos mais antigos. Os vários especialistas ouvidos sobre o assunto,
mais do que segurança, trazem-nos apreensão sobre o que está feito, ou por
fazer
Crescemos habituados a ouvir a história do terramoto de 1755, da destruição quase total de Lisboa e do processo de reconstrução a partir do zero. Dessa data longínqua até há poucos anos, a vulnerabilidade sísmica não fazia parte das exigências de construção dos edifícios em Portugal e os números constantes de vários relatórios da União Europeia dizem-nos que 40% dos edifícios estão em zonas de risco sísmico e foram construídos sem que essa circunstância tenha sido considerada.
Noutra vertente, foram divulgados ontem novos números do gabinete de estatísticas da UE sobre as condições de aquecimento das casas. Na Europa, 9,3% da população não conseguiu aquecer convenientemente as suas habitações e em Portugal os números são ainda piores e quase duplicam, com 17,5% a viverem em casas geladas no inverno.
Os apoios europeus para melhoria da eficiência energética das casas dificilmente conseguirão ultrapassar este fosso nos anos mais próximos, mas o tema está em cima da mesa e já nos habituamos a esse debate. Mesmo que lentamente, algo parece estar a ser feito. O mesmo não se passa com a segurança das nossas habitações face ao risco sísmico. Essa é uma discussão que permanentemente nos passa ao lado.
Sabemos muito pouco sobre as reais condições da construção em Portugal e, em particular, sobre a segurança da casa em que cada um de nós habita...
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