Artur Queiroz*, Luanda
Os livros duram milénios salvo se arderem nas fogueiras da História que vão de Alexandria à Jamba. Acabo de perder um livro intitulado “A CIA Contra Angola” escrito por John Stokwell, norte-americano, capitão fuzileiro, oficial da instituição, que cresceu no Congo Belga (República Democrática do Congo). A obra foi traduzida e publicada em Portugal pela Ulmeiro, dirigida pelo meu queridíssimo amigo José Antunes Ribeiro.
Sim, tive influência na sua publicação. Nessa altura as feridas no meu coração ainda sangravam, agora só doem. Vi nas estradas, picadas, cidades, vilas e aldeias do Norte de Angola milhares de mortos. Alguns tinham nos rostos as marcas do terror. Para nunca mais os esquecermos. O livro tinha que sair num país cujos políticos colaboraram na agressão e nos massacres.
John Stokwell saiu da CIA porque percebeu que as guerras sujas da organização, a prazo, punham em perigo a segurança dos EUA. Vai acontecer. Estranhamente um dos países mais agredidos, Angola, agora abraça os que mataram milhares de angolanos. Os que fizeram tudo para que Angola em vez de ser um país independente, fosse um protectorado. Tantos mortos, tanta dor, tantos sacrifícios depois, o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) conseguiu, graças ao Presidente João Lourenço e seus sequazes.
Querem saber como actuava John Sotockell? Leiam: “Uma das funções da CIA é colher informação e passá-la para o Presidente da República e os legisladores. Mas existem outras funções. Uma delas é realizar guerras secretas, as operações especiais. Outra função é disseminar propaganda, influenciar as mentes das pessoas. Essa é uma das maiores funções da CIA. Infelizmente, ela confunde-se com a colecta de informação. Contactamos jornalistas e damos-lhes informações verdadeiras, mas eles também nos informam. Depois de estabelecida a relação passamos a dar-lhes notícias falsas. Uma em cada cinco são falsas”.
Outra forma de recrutar jornalistas é “pelas suas vulnerabilidades humanas” e esse é o recrutamento clássico: “Fazemos desses jornalistas nossos agentes e assim controlamos melhor o que eles fazem. A esses dizemos para publicarem o material em determinada data. E eles publicam”. John Stockwell revelou que em 1975, ano do pico da guerra da CIA contra Angola, “tínhamos 400 jornalistas nos EUA, incluindo alguns dos maiores nomes do Jornalismo Norte-Americano, introduzindo conscientemente notícias falsas nos Media”.
John Stockwell dá um exemplo: “Na Guerra da Angola, que eu ajudei a gerir, um terço dos meus funcionários só fazia propaganda. Ironicamente, chamamos a isso, operações especiais. Mas dentro da CIA. Porque fora, essa actividade significa a parte violenta do trabalho. Eu tinha propagandistas em todo o mundo, principalmente em Londres, Paris, Lisboa, Kinshasa e Lusaka. Nós escrevíamos histórias falsas e publicávamos no jornal Zambia Times. Daí enviávamos esse material para jornalistas que constavam da nossa folha de pagamentos na Europa. Eles plantavam essas notícias falsas nos Media”.
Uma ressalva! John Stockwell revelou que “os jornalistas da Reuters e da AFP e os editores não estavam dispostos a colaborar. Mas os nossos jornalistas na Europa ainda estavam. Nós criámos dúzias de notícias sobre atrocidades cubanas, violadores cubanos! Num caso conseguimos divulgar a notícia de que violadores cubanos foram capturados e julgados pelas suas vítimas. Enviámos fotografias para todos os jornais dos EUA mostrando a execução dos cubanos por aquelas mulheres que supostamente eram suas vítimas. Tudo falso”.O antigo oficial da CIA acrescentou: “Nós não sabíamos de atrocidades dos cubanos. Era pura propaganda para criar a ilusão de que os comunistas comem bebês ao pequeno-almoço. Enquanto realizávamos a operação angolana e injectávamos essas notícias no mundo e na imprensa dos EUA. Bill Colby (director da CIA) dizia no Congresso, que a organização fazia tudo para que isso não atingisse os EUA. No mesmo dia que deu o testemunho, plantámos notícias falsas sobre Angola no Washington Post, através de um jornalista francês”.
O Presidente João Lourenço vai fazer as mini férias do fim-de-ano nas Ilhas Seychelles. Na aeronave “A” da sua comitiva viaja toda a família, as escoltas, o seu director de gabinete e pessoal de apoio, inclusive uma educadora de infância. Não sei quem viaja na aeronave “B” nem nas restantes letras do abecedário. Mas o chefe Miala sabe tudo. Um avião é só para ele.
As férias do Presidente da República, titular do Poder Executivo, Comandante em Chefe são mais do que merecidas. Que se divirta e repouse. Os desafios até final do mandato são mais do que muitos e o meu desejo mais profundo é que leve o barco a bom porto porque as tormentas vão ser cada vez mais violentas, até 2027. Não vou cair no populismo fácil e comentar mais do que isto. Boas férias, camarada presidente!
A ministra das Finanças, Vera Daves, foi à província do Moxico “avaliar o desempenho do sector financeiro na região e interagir com os agentes económicos locais”. Foi acompanhada “por uma comitiva integrada por altos dirigentes do Ministério das Finanças, das entidades tuteladas e contactou o sector empresarial da província.” A senhora diz que quer “melhorar a qualidade de vida das populações”. Esta viagem e esta comitiva, sim, são pornográficas. A ministra das Finanças anda a torrar dinheiro para mostrar os penteados e os óculos a condizer com a toalete. Dona Vera faça o seu trabalho e deixe-se de truques. É bem paga para isso.
O embaixador de Israel em Angola, Shimon Solomon, pediu na cidade do Lubango “solidariedade e orações às igrejas para o povo israelita”. Segundo o Jornal de Angola “condenou os massacres protagonizados pelo HAMAS que causam vítimas inocentes e indefesas, sobretudo crianças, mulheres e velhos. Precisamos das orações da Igreja Evangélica Sinodal de Angola para serem solidários com o povo de Israel”. Disse estas aldrabices após a visita efectuada à sede da IESA no município de Caluquembe.
Estão a ver a técnica da CIA? Plantam notícias falsas para ocultar a realidade! Os nazis de Israel mataram desde o dia 7 de Outubro até hoje 21.000 palestinos. Milhares de crianças e Mamãs. E Israel é a potência ocupante da Palestina. Os ocupados têm o direito a lutar pela sua libertação conm todas as armas que possam. Israel ocupa ilegalmente a Palestina, pela força das armas. Israel não respeita as resoluções da ONU. Israel, segundo o Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, é um estado terrorista, sargento de outro estado terrorista, os EUA.
* Jornalista
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