domingo, 12 de fevereiro de 2023

Livros censurados: Removidos já 19 milhões de livros de bibliotecas ucranianas

Ao anunciar uma reunião com órgãos competentes, Yevheniya Kravchuk, presidente da sub-comissão da Política de Informação e de Integração Europeia da Verkhovna Rada (Parlamento-ndT) ucraniana, declarou que 19 milhões de livros haviam já sido retirados das bibliotecas ucranianas em Novembro passado.

Destes cerca de 11 milhões foram esmagados porque assinados por autores russos de todas as épocas.

Este programa, que começou em Junho de 2022, visa destruir 100 milhões de livros ligados à cultura russa [1]. Isto é, no entanto, apenas um começo.

Trata-se do mais vasto programa de censura desde a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, vários Chefes de Estado e de Governo pronunciaram-se por uma adesão da Ucrânia à União Europeia « o mais rápido possível ».

Voltairenet.org | Tradução Alva

Na imagem: Yevheniya Kravchuk, a censora oficial nomeada por Zelensky para a destruição de milhões de livros de autores russos e de outros considerados inconvenientes para o estado “democrático” da Ucrânia.

Nota:

[1O Governo Zelensky manda destruir 100 milhões de livros”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 18 de Junho de 2022.

DEFENDER “ESTA” EUROPA, PARA NOSSO AZAR

Hugo Dionísio [*]

Na reunião que levou este súbito multimilionário, agora 50% mais rico do que no início do conflito que opõe a NATO à Federação Russa, de acordo com os últimos Pandora Papers, foi possível ouvi-lo afirmar que “é esta Europa que defendemos no campo de batalha”.

Perante o regozijo, do batalhão composto por funcionários, capatazes e outros quadros intermédios do aparato político-corporativo que compõe a cúpula de poder da UE, encabeçado pela sua zelosa CEO Úrsula Von Der “Lata”; o comediante sem graça proferiu o seu vulgar discurso, como sempre, carregado de chavões propagandísticos, tão mais vazios quanto mais cheios estão os seus bolsos, com o papel execrável que desempenha.

Confrontado com a insuficiência de recursos e apoios para fazer face à sua defesa “desta” Europa, o comediante lá vai assumindo uma tónica catastrofista que não joga, minimamente, com o tom triunfalista, de quem dizia, em Setembro passado, que não perderia mais um metro quadrado que fosse, para o inimigo.

Em passo acelerado para completar a destruição do terceiro exército que a NATO lhe coloca ao dispor (o 1º foi logo no primeiro mês; o 2º foi no verão passado; o terceiro está a ir agora), e insistir na chacina de centenas de milhares, às mãos de um exército que decidiu provocar e combater; o comediante promovido a presidente, pelos poderes oligárquicos pró-ocidentais, desdobra-se em reuniões pedindo tudo o que dispare qualquer coisa, velho ou novo, funcionando ou não.

Lembro que a derrota do exército privado que tem ao seu dispor, montado com o dinheiro dos impostos dos europeus e americanos, longe de ser inesperada, era há muito anunciada. Só uma avaliação arrogante, auto-indulgente, imbecil e realizada por gente seguidista sequiosa de agradar aos seus chefes, poderia levar alguém a pensar que a FR é um país susceptível de se deixar vencer no campo de batalha. Tal como os EUA ou a RPC, a FR é um daqueles colossos orgulhosos da sua pátria e história, que prefere perder milhões dos seus filhos a sucumbir a um qualquer poder estrangeiro. A história demonstra-o à saciedade.

Foram e são muitos o que o disseram desde o início, foram e são muitos, os que hoje o passaram a assumir, foram e são muitos os que disseram que a retirada de Kharkov, não era uma derrota da FR, era o início do fim do exército da NATO na Ucrânia. A retirada táctica de Kherson, apresentada aqui como vitória, para além das dezenas de milhares de soldados mortos, que se esmagaram, em vagas sucessivas, contra o muro defensivo então montado, representou o ponto em que, o lutador, assenta bem os pés no chão, para passar ao assalto final. Na imprensa corporativa quase ninguém o constatou…

Zelensky | SNIFAR COCAÍNA EM PÚBLICO!

Este é o indivíduo que tenciona manter a guerra "até o último ucraniano".   Quão forte deve ser a sua dependência da cocaína para snifá-la em público!

Resistir.info – 12 Fevereiro 2022

 

Portugal | GRANDE BARRACADA

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

A adjunta da actual ministra do Trabalho propôs uma autêntica acção revolucionária: ocupação da Ponte 25 de abril. A razão? Protesto pelo direito à habitação. Portanto, pertence ao governo mas não encontra melhor alternativa do que insurgir-se contra o governo, contra si própria. Que visionária! Eis uma vanguardista! Agora, só falta António Costa organizar uma manifestação contra o primeiro-ministro de Portugal.

"Não sei quantos quilómetros tem a ponte, mas devem ser bués!", declarou na TV Inês Franco Alexandre, que também propôs um patrocinador das tendas para montar e abancar no tabuleiro que une as duas margens do Tejo. Por isso mesmo se auto-proclama empreendedora - com as barraquinhas solucionava a escassez de casas e ainda os engafarramentos. Uma breve consulta às suas redes sociais confirma a craveira. Dá, por exemplo, webinares sobre "a importância de gerir relações de forma estratégica".

Enfim, em plena crise de habitação, a respectiva política deste governo é mesmo fazer de uma casa para um jovem ou para um trabalhador uma quimera e um escárnio. Talvez por isso tenha escolhido para titular da pasta alguém que nunca fez nada da vida além de assessoria parlamentar. Na área da educação.

Vejamos: os preços da habitação estão proibitivos. Para quem consegue, a aquisição de casa na capital representa um esforço de dois terços dos rendimentos. Noutros pontos do país o cenário não é muito diferente.

Em 2022, esses valores aumentaram ao maior ritmo destas três últimas décadas e só vão piorar com a crescente procura internacional - de particulares, de fundos imobiliários e de turismo. Esta demanda já duplicou e também vai continuar a subir. Lisboa já é uma cidade europeia recordista em AL por 100 mil habitantes. Agora, o peso da procura estrangeira chega a 12% a nível nacional, mas duplica em Lisboa e no Porto. Portanto, há escassez porque quase dois milhões estão em Alojamento Local, segunda habitação ou, simplesmente, desabitadas.

Impressionante. O mercado já estava desregrado mas o Estado só contribuiu para a especulação, concedendo benesses tributárias aos fundos de investimento imobiliário, a residentes não habituais e nómadas digitais com rendimentos elevados, que também inflacionam os valores das casas. Portanto, se forem vistos gold ou reformados estrangeiros endinheirados carregadinhos de borlas fiscais, há casas. Se forem professores, enfermeiros, funcionários, estudantes portugueses, chupam no dedo e Costa promove a facilitação dos despejos e da cessação de contratos de arrendamento. Já para não falar dos escravos amontoados nos quartos sobrelotados das camas quentes. Como é que isto será possível compatibilizar com a oferta de serviços essenciais?!

Urge responder a esta perigosa injustiça.

Dar incentivos a mais construção não chega, porque os não privados apostarão em fogos acessíveis e o desenvolvimento do prime/luxo só agudizará o problema. Importa travar a especulação imobiliária, recuperar devolutos, reforçar a oferta pública de habitação (em Portugal representa apenas 2% ) e até considerar o controlo do preço máximo das rendas, que já existe em cerca de metade dos 27 países da UE.

Já um acampamento precário suspenso a mil metros de altitude com quase 3 km de comprimento talvez seja um pouco megalómano, não acha Sr.ª Adjunta?

*Psicóloga clínica.
Escreve de acordo com a antiga ortografia
.

Portugal tornou-se "um grande prestador de serviços para quem tem capital" - entrevista

TIAGO MOTA SARAIVA: PORTUGAL TORNOU-SE “UM GRANDE PRESTADOR DE SERVIÇOS PARA QUEM TEM CAPITAL"

Para o arquiteto o processo de gentrificação em curso é "contrário à sustentabilidade da cidade" de Lisboa e o interesse público deve prevalecer sobre a acumulação de propriedade, para que deixemos de estar “constantemente a perder pessoas e espaços”.

João Biscaia | Setenta eQuatro – entrevista

Um incêndio num rés-do-chão da Mouraria, ao início da noite do passado dia 4, matou duas pessoas, feriu 14 e desalojou 22. As vítimas mortais eram de nacionalidade indiana e todos os desalojados são imigrantes. Noticiou-se que a tragédia que abalou os vizinhos da Rua do Terreirinho descobria, finalmente, as condições insalubres em que vivem as populações imigrantes que habitam o bairro.

Mais do que isso, afirmou num tweet Augusto Santos Silva, este incêndio e as suas consequências devem servir para “sacudir as consciências”. “A habitação digna é um direito de todos”, rematou o presidente da Assembleia da República. A jornalista Sofia Cristino, do Jornal de Notícias, descobriu que há quem pague €150 por mês, na Rua do Benformoso, por um colchão onde dormir.

Para Tiago Mota Saraiva, a indignidade das condições habitacionais por todo o país é clara como a água —  e há vários anos. “Sabemos que há perto de 70 mil fogos declarados como estando em carência habitacional”, lembra o arquiteto, mas “se começarmos a colocar nas contas as situações de grave carência térmica podemos subir para os 500 mil”. São números que nos levam até 1974 e ao rescaldo da queda do fascismo, em que as periferias das grandes cidades eram compostas por bairros de barracas.

Ao contrário desses anos, em que se realojaram milhares de famílias em habitações dignas, “hoje estamos a tentar não viver pior”. Entre a inflação nas rendas, o mercado negro do arrendamento, os despejos ilegais e o aumento das taxas de juro nos créditos à habitação, a crise parece só poder agravar-se. 

Ainda assim, Mota Saraiva acredita que há soluções. Entre a construção de habitação pública, habitação privada cooperativa e sem fins lucrativos, há, também, “maneiras de mobilizar habitação privada devoluta, ou sem utilização, para dar casa a quem precisa”. O que, descansa o também urbanista, não significa a perda do direito à propriedade privada. 

O arquiteto frisa a necessidade de repensar a maneira como se constrói habitação, privilegiando os espaços comuns, e como se planeia a cidade, reforçando as redes de vizinhança. Para Tiago Mota Saraiva, o “processo de gentrificação é contrário à sustentabilidade da cidade” e o interesse público deve prevalecer sobre a acumulação de propriedade, para que deixemos de estar “constantemente a perder pessoas e espaços”.

Portugal | NÃO GOVERNAM PARA NÓS

O ministro da Economia destaca o «muito bom» desempenho num ano em que cresceram as desigualdades e o poder de compra caiu a pique, graças ao brutal aumento do custo de vida. Foi «muito bom»... para os mesmos de sempre.

AbrilAbril | editorial

Coincidiu. Enquanto Costa e Silva se regozijava a debitar números, milhares de trabalhadores, reformados e pensionistas davam corpo a uma manifestação rumo à Assembleia da República, em Lisboa. Outros milhares fizeram-no, ontem também, um pouco por todo o País. Nas ruas, o sentimento (a CGTP apelidou-o de Indignação) é de revolta face ao rumo que a vida toma, com cada vez maiores dificuldades para chegar ao fim do mês, conseguir pagar um tecto, alimentar a família ou ter tempo para estar com ela, graças aos horários desregulados, e devido aos salários que a inflação vai comendo. Tendência que Governo e patrões se recusam a contrariar, como hoje se confirma de novo com a aprovação das alterações laborais da chamada agenda do trabalho digno. 

Na Assembleia, o ministro da Economia voltou a falar do «maior aumento de sempre» do salário mínimo, como se ele tivesse sido capaz de acompanhar o aumento do custo de vida ou permitisse tirar trabalhadores da pobreza. Não permite. Vangloriou-se com o crescimento do PIB em 6,7% – «Desde 1987 que o País não atingia uma marca desta dimensão». Mas há também quase 40 anos que os portugueses não pagavam tanto pelos bens de consumo essenciais e ontem ouviram-se testemunhos de reformados que já só conseguem fazer uma refeição por dia, muitas famílias com filhos que enganam a fome para os alimentar.

De que serve o crescimento da economia e dos indicadores que importam a Bruxelas, se quem cá vive não tem para comer? Ou se o nível de investimento público vem decrescendo? De que serve o facto de as exportações terem passado 50% do PIB, se quem cria o que exportamos tem salários à beira do salário mínimo? Costa e Silva reconheceu que a escalada da inflação (que o Governo se recusou contrariar) afectou o rendimento das famílias e das empresas, e disse-o como se de uma inevitabilidade se tratasse. Ao mesmo tempo, falou dos valores recorde que atingiram sectores, como o do turismo, e que graças à exploração e precariedade em que mantêm os seus trabalhadores contribuem para este estado de coisas. 

Os «sinais positivos» de que fala o ministro da Economia e do Mar reportam-se aos mesmos de sempre e não chegam a quem verdadeiramente cria a riqueza. Vejam-se os lucros escandalosos da banca, que nem por isso deixa de asfixiar o direito das famílias à habitação enquanto vai engordando os seus accionistas.

Não vale a pena insistirem com argumentos, como o da guerra, porque a realidade desmente qualquer retórica. A riqueza existe, só não é bem distribuída. E quando um governante vai ao Parlamento atestar esta realidade, fica claro que não governa para o povo.  

Imagem:Tiago Petinga  / Agência Lusa

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