sábado, 8 de julho de 2023

Portugal | "A rede de corrupção está instalada na Defesa há anos. E não só" - Ana Gomes

A ex-deputada Ana Gomes lembrou que a "PGR arquivou, alegando prescrição, o caso mais clamoroso que contribuiu para a quase bancarrota do país, em 2010/11", referindo-se ao caso dos submarinos.

A ex-deputada Ana Gomes reagiu, esta sexta-feira, à mais recente polémica que envolve o Governo, nomeadamente o agora ex-secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, que foi constituído arguido por suspeitas de corrupção e participação económica em negócio.

Numa publicação, na rede social Twitter, a antiga candidata presidencial afirmou que "a rede de corrupção está instalada na Defesa há anos", mas também noutros locais, como na Procuradoria-Geral da República (PGR).

"A rede de corrupção está instalada na Defesa há anos. E não só", começou por referir a socialista, acrescentando que "por isso, a PGR arquivou, alegando prescrição, o caso mais clamoroso que contribuiu para a quase bancarrota do país, em 2010/11".

"Dois submarinos por mil milhões, dezenas deles a ir parar a Ricardo Salgado e capangas no BES/Rio Forte…", atirou, referindo-se ao pagamento de 27 milhões de euros à Escom - uma empresa do Banco Espírito Santo - em comissões pela compra de dois submarinos, em 2004.

Cabo Verde | MARCHA CONTESTA A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Centenas de pessoas marcharam neste sábado (08.07), na cidade de Assomada, no município de Santa Catarina, ilha de Santiago, apelando ao fim da violência contra as mulheres e feminicídio.

A marcha sob o lema "Fim da violência contra as mulheres! Basta de feminicídio!", que percorreu este sábado (08.07), as principais artérias da cidade de Assomada, contou com a presença da Primeira Dama, Débora Carvalho, deputados nacionais, representantes de várias instituições e sociedade civil.

A iniciativa partiu da câmara municipal de Santa Catarina como forma pacífica de protestar os recorrentes casos de crimes de violência contra mulheres.

Direito à vida não tem género nem sexo

À margem da manifestação, a primeira Dama, Débora Carvalho, defendeu que é necessário um trabalho profundo para gerar a mudança de mentalidades e comportamentos que deve começar na família.

"Esta luta não tem género, não tem idade, é necessário o envolvimento de todos os atores sociais", afirmou a também ativista.

A presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, Jassira Monteiro, que convocou a marcha, mostrou-se satisfeita com o nível de adesão e reconheceu que é necessário dar atenção especial ao interior de Santiago.

"Todos nós temos direito à vida, ninguém pode privar o outro deste direito fundamental", afirmou a autarca.

Segundo os dados avançados pela presidente do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade do género, Marisa Carvalho, nos últimos dois meses houve o aumento de casos. Só na ilha de Santiago, contam-se quatro casos de violência contra as mulheres com desfecho trágico, que estão a ser investigados como feminicídio.

"O que nos tem preocupado são os recentes casos de feminicídio seguidos de suicídio dos agressores", começou por dizer.

Marisa Carvalho realça ainda a necessidade de "investigar a fundo as motivações e fazer um trabalho de prevenção", alertando ainda que os "recursos do instituto são escassos."

Uma luta das mulheres e dos homens

Na marcha também estiveram presentes homens, que mostraram que são parte importante nesta luta e que o exemplo deve começar em casa.

Os presentes percorreram alguns bairros da cidade de Assomada, no interior de Santa Catarina. Pausaram em frente ao mercado municipal, em homenagem a Sandra Semedo, jovem comerciante de 36 anos, também vítima de feminicídio, que faleceu na passada terça-feira (04.07), após alegadamente ter sido empurrada pelo companheiro do terraço da sua casa.

Uma delegação esteve a representar o Presidente da República que por questões de agenda não pode comparecer ao convite da organização.

Ariana Miranda | Deutsche Welle

Guiné-Bissau: "Há uma intenção de dificultar o próximo Governo" -- Fodé Mané

Está marcada para 27 de julho a tomada de posse dos novos deputados do Parlamento guineense. Mas a data continua a dividir opiniões na Guiné-Bissau.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) marcou a data de posse dos deputados para 27 de julho.  Mas o Parlamento devia entrar em funções uma semana e meia antes, tendo em conta que os resultados eleitorais definitivos foram divulgados a 15 de junho e a lei guineense diz que a tomada de posse deve ser feita até 30 dias depois.

Ao justificar a marcação da data, a CNE alegou que o atual presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, tem uma viagem importante a fazer, entre 16 e 25 de julho.

Mas Carlos Pinto Pereira, advogado da coligação PAI-Terra Ranka, vencedora das eleições, considera que este é um argumento que não procede.

"Se o presidente cessante não foi reeleito, a sua presença é meramente protocolar", observa Carlos Pereira em declarações à DW. "Num país como a Guiné-Bissau, que tem um Parlamento dissolvido há mais de um ano, não faz sentido que uma viagem do presidente cessante seja considerada um motivo para uma marcação tardia da tomada de posse dos novos deputados."

O jurista Fodé Mané também observa que a vida do país não deve depender de interesses individuais. Mas diz não estar surpreso com esta situação. "Desde 2015 para cá, é visível esta sobreposição de interesses pessoais com os interesses do Estado, mesmo que para isso seja necessário pisar as leis", lembra.

ANGOLA NO MUNDO DAS MARAVILHAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mundo está uma maravilha e Angola vive numa mansão de luxo neste universo maravilhoso. De colónia portuguesa saltou a protectorado dos EUA. No tempo em que tudo era vulgar e baço, os bufos eram seres asquerosos, leprosos morais irrecuperáveis. Hoje são jornalistas. Os que vão para a cama com polícias e agentes do Ministério Público estão no topo da escala. Fazem figura nos grandes Media mundiais. Em Angola muitos são criados do Miala. Uma escala mais pequenina mas não se pode querer tudo.

No tempo em que existiam jornalistas entrevistar prisioneiros era um nojo. Os donos podiam paga bem pelo frete mas o entrevistador perdia a consideração da classe. A CNN entrevistou um “prisioneiro russo”, cara resguardada, ambiente tétrico. O “entrevistado” ia dizendo aquilo que os serviços secretos ucranianos o obrigaram a dizer. O “jornalista” perguntava aquilo que os polícias lhe disseram para perguntar. Luísa Rogério tem de cortar a Carteira Profissional aos ximbas. Lembrei-me da madrugada em que andei com o José ZAN Andrade distribuindo panfletos onde eram denunciados os responsáveis pela Voz de Angola por emitirem declarações de guerrilheiros do MPLA feitos prisioneiros. 

No mundo das maravilhas é normal entrevistar prisioneiros. Os entrevistadores são premiados com o reforço de lentilhas no prato. Em Angola já vi entrevistar desgraçados apresentados pela polícia como criminosos, mesmo antes de um Tribunal os condenar e a sentença transitar em julgado. Deve ser por isso que o ministro Mário de Oliveira quer em Angola a CNN. Assim o crime sobe de nível. A TPA em vez de entrevistar uns rapazes que roubam botijas de gás, vai entrevistar os marimbondos do Corredor do Lobito e outros bichos endinheirados.

O chefe da CIA aplaudiu a guerra na Ucrânia porque o conflito vai permitir-lhe recrutar mais espiões. Jornalistas do ocidente alargado já estão todos recrutados. Engolem tudo quanto é propaganda, mesmo a mais acéfala. Os mais ousados vão para “repórteres de guerra”. Ontem um desses heróis foi a Leviv cobrir os efeitos de um bombardeamento. Falou de um prédio atacado por mísseis e de vítimas civis. Mas não disse nada da academia militar ali ao lado, onde estavam “assessores” da OTAN (ou NATO), mercenários e tanques de guerra. Jornalismo à moda da CIA é a marca deste mundo das maravilhas onde Angola ainda balbucia e dá passos incertos, de bebé.

O chefe da CIA, quando se gabou que vai ter mais espiões, garantiu que dirige “um serviço de informação humana”. Antes deste mundo das maravilhas, a CIA matou milhares der civis em Angola, quando organizou a agressão militar no Norte, em 1974/1975, com mercenários, tropas zairenses e o Exército de Libertação de Portugal (ELP) comandando por Santos e Castro. Antes do mundo das maravilhas a CIA ajudou os racistas da África do Sul a sabotar os portos do Lobito e Luanda. As instalações petrolíferas de Cabinda. Operações contra alvos económicos, para Angola ficar sem meios para financiar a Guerra pela Soberania Nacional e Integridade territorial.

Angola | MPLA marca um ano da morte de José Eduardo dos Santos

O partido no poder recordou o antigo Presidente angolano, que morreu há um ano, elogiando o seu contributo e apelando para que os angolanos transformem a data numa "jornada de reflexão".

Numa declaração a propósito do primeiro aniversário da morte do ex-Presidente e presidente emérito do partido, que esteve à frente dos destinos de Angola durante 38 anos, o Bureau Político do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), prestou tributo ao antigo chefe de Estado "por tudo quanto fez pelo engrandecimento do Partido e da Nação"

"Decorrido um ano, Angola e os Angolanos continuam resignados pelo desaparecimento físico de um dos seus melhores filhos, cuja entrega incondicional à causa do povo e o amor à Pátria elevaram-no a categoria de ser uma das individualidades de referência universal, detentor de irrefutáveis índices de verticalidade e dimensão humana", refere o comunicado.

José Eduardo dos Santos morreu em Espanha a 8 de agosto de 2022, aos 79 anos, tendo sido o funeral celebrado em Luanda 20 dias mais tarde após uma disputa sobre a custódia dos restos mortais entre alguns dos seus filhos mais velhos, que vivem fora de Angola e enfrentam a justiça angolana, e a viúva e filhos mais novos, apoiados pelo Estado angolano.

José Eduardo dos Santos viveu os últimos anos de vida em Barcelona, após a subida ao poder do seu sucessor, João Lourenço, e os tribunais angolanos terem avançado com processos contra alguns dos mais próximos colaboradores e familiares do ex-chefe de Estado, incluindo os filhos Isabel dos Santos e José Filomeno dos Santos.

África do Sul vai extraditar ex-ministro moçambicano Manuel Chang para os EUA

O antigo ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang será extraditado para os Estados Unidos da América (EUA) no início desta semana, para responder pelo envolvimento no escândalo das dívidas ocultas, disse hoje fonte oficial à Lusa.

"Sim, podemos confirmar que ele será extraditado para os EUA, esta semana", afirmou à Lusa a porta-voz do comando nacional da Polícia Sul-Africana (SAPS), Athlenda Mathe.

"Ele foi preso na África do Sul, vamos entregá-lo ao FBI esta semana agindo em conformidade com um pedido de extradição", adiantou a porta-voz.

De acordo com a mesma fonte, Manuel Chang, que foi ministro da Economia e Finanças de Moçambique entre 2005 e 2015, será transferido "na segunda-feira ou terça-feira" pelo FBI [Federal Bureau of Investigation], unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, num avião especial, depois de quatro anos e meio detido numa prisão na África do Sul pelo envolvimento no escândalo das dívidas ocultas do Estado moçambicano, calculadas em 2,7 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros).

A extradição de Manuel Chang para os Estados Unidos até 10 de julho foi comunicada às partes pelas autoridades sul-africanas em 30 de junho, segundo uma comunicação do Ministério Público de Joanesburgo a que a Lusa teve acesso.

"O Departamento de Justiça e Desenvolvimento Constitucional foi informado pela Interpol em Pretória, que estão em contacto com o 'US Marshall Service' e que o Sr. Chang será entregue às autoridades dos EUA durante o período de 8 a 10 de julho de 2023. Isso também foi confirmado pela Sra. Lerner do Departamento de Justiça dos Estados Unidos", lê-se na nota consultada pela Lusa.

Às ordens da russofobia: "Zelenska Bandera", nova embaixadora ucraniana em Portugal

Embaixadora da Ucrânia manifesta ao Governo português preocupação com infiltrados pró-russos em associações ucranianas

Maryna Mykhailenko afirma que pode constatar nas primeiras semanas em que esteve em Lisboa que as pessoas deslocadas temporariamente “são bem-vindas” em Portugal e que o Governo partilha da preocupação que tem, ou seja poder haver infiltrados pró-russos em associações ucranianas

A nova embaixadora da Ucrânia em Lisboa afirmou que está atenta à possível existência de elementos pró-russos em associações ucranianas em Portugal e que o Governo português partilha essa preocupação, apesar de limitações legislativas.

Na primeira entrevista desde que foi colocada em Lisboa pelo Presidente da Ucrânia, em fevereiro passado, Maryna Mykhailenko afirmou à agência Lusa que é muito importante que as associações da sua comunidade em Portugal sejam registadas no Alto Comissariado para as Migrações e que este "deveria incluir apenas organizações pró-ucranianas e não pró-russas", num contexto em que o seu país se encontra invadido pelas forças de Moscovo desde 24 de fevereiro do ano passado.

A diplomata não tem indicação de haver associações ucranianas com infiltrações russas, numa referência à polémica que aconteceu no ano passado em Setúbal, quando foi revelado, em plena crise de refugiados, que a organização Edintsvo - Associação dos Imigrantes dos Países de Leste, classificada como ucraniana, era liderada por um casal com ligações ao Kremlin, sendo que a mulher era funcionária do município.

Maryna Mykhailenko disse ter sido informada deste caso pela sua antecessora e que consultou a lista das associações ucranianas em Portugal e chamou-lhe a atenção que uma delas tem designação em língua russa.

"Discutimos esta questão com as autoridades [portuguesas] e elas compreendem o problema, mas a questão é muito complicada porque têm a sua própria legislação sobre o assunto", indicou a diplomata.

Vidas Baratas de Militares Ucranianos em Troca de Veículos Muito Caros da NATO

De acordo com os relatos da frente de combate, os militares ucranianos provavelmente iniciaram outra onda de ofensiva maciça nas linhas de frente do sul.

South Front | # Traduzido em português do Brasil – ver vídeo com comentário (em inglês)

As autoridades locais confirmaram que, na noite de 6 de julho, as forças ucranianas aumentaram drasticamente suas operações em uma ampla frente de até 30 quilômetros na região de Zaporozhie. Na área de Orehov, o Exército ucraniano lançou ataques contra posições russas perto de Nesteryanka e Kopani ao sul e Novofedorovka, Verbovoe ao sudeste. Os ataques são realizados por pequenos grupos de assalto de unidades de reserva que não estavam anteriormente envolvidos em operações. Todos os ataques ucranianos até agora não resultaram em vitórias à custa de pesadas perdas.

A oeste, as unidades ucranianas continuam os ataques constantes perto da aldeia de Pyatikhatki, onde já perderam dezenas de unidades de equipamento militar, sem obter ganhos no terreno.

Lá, o comando ucraniano usa as mesmas táticas de ataques constantes de pequenos grupos de assalto na tentativa de esgotar a defesa russa.

De acordo com relatos locais, até cinco ondas de ataques foram lançadas de Pyatikhatki em direção a Zherebyanki no último dia. Após intensos bombardeios de artilharia, as tropas do 128ésimo A brigada de assalto de montanha do exército ucraniano partiu para a ofensiva. As primeiras quatro ondas foram paradas principalmente por campos minados russos e dispersadas por fogo de artilharia. À noite, começou o quinto e maior assalto. Teria envolvido até 200 combatentes que estavam cobertos pela artilharia ucraniana, mas foram lançados em batalha sem quase nenhum veículo blindado. Grupos de ataque ucranianos foram vistos com antecedência por drones de reconhecimento russos e destruídos pelo fogo russo.

Na região de Kherson, os militares ucranianos já teriam perdido várias centenas de combatentes sob a Ponte Antonovsky, onde ganharam um reduto, mas não conseguiram desenvolver seu sucesso e avanço. O agrupamento ucraniano na margem oriental do rio Dnieper é constantemente bombardeado pela artilharia russa, bem como TOS-1 MLRS utilizando ogivas termobáricas, bombas FAB e até mísseis Iskander.

Apesar das pesadas perdas, o comando militar ucraniano está novamente preparando novas forças para lançá-las sobre posições russas. Depois de meses de operações ofensivas sangrentas e fúteis, Kiev precisa urgentemente mostrar algumas vitórias no campo de batalha para agradar seus patronos ocidentais. Nas últimas semanas, os militares ucranianos têm retirado reservas para as linhas de frente do sul, transferindo-as para mais perto da frente por pequenas partes sob a cobertura da noite. São unidades que não participaram da primeira etapa da ofensiva, incluindo a chamada "Guarda Ofensiva".

As recentes operações de assalto foram realizadas pela infantaria ucraniana sem quase nenhum apoio de veículos blindados, o que sinaliza que, apesar dos grandes suprimentos da Otan, o Exército ucraniano já sofre com a falta de equipamentos militares pesados e está guardando-o para a próxima escalada. Tudo isso enquanto as perdas de mão de obra continuam crescendo.

Ler/Ver em South Front:

Militares dos EUA carecem de recrutas com a maioria dos jovens desqualificados

Macron usa morte de Nahel para impor leis draconianas a cidadãos franceses

"Tomem muito cuidado com os Challenger 2, não os tornem inúteis para a Ucrânia” - RU

Drago Bosnic, analista geopolítico e militar independente | South Front | # Traduzido em português do Brasil

Passaram-se apenas algumas semanas desde que o mundo inteiro viu o descalabro absoluto da tão propalada armadura pesada da OTAN. O evento foi previsto com precisão por vários especialistas e analistas independentes poucos dias antes da contraofensiva. Nesse ponto, tornou-se óbvio que décadas de estreita cooperação entre os antigos militares ucranianos e a OTAN eram efetivamente inúteis. Isso também inclui quase uma década de cooperação muito mais intensa entre a aliança beligerante e a junta neonazista (então recém-instalada), que se concentrou na interoperabilidade e na implementação dos padrões da OTAN.

No entanto, o desempenho das forças do regime de Kiev contra até mesmo as milícias de Donbass recrutadas (embora endurecidas em batalha) dentro do exército russo não só deixou muito a desejar, mas é essencialmente muito pobre em comparação com a enorme quantidade de fundos que a junta neonazista está recebendo. E embora a contraofensiva ainda esteja em andamento, resultando em ganhos em grande parte insignificantes (que ainda estão firmemente sob controle de fogo russo), os resultados para blindados pesados têm sido catastróficos, para dizer o mínimo. A máquina de propaganda dominante inicialmente continuou tentando esconder as horríveis perdas de tanques e veículos blindados de origem da OTAN.

No entanto, as amplas imagens do campo de batalha publicadas por plataformas alternativas (particularmente as do Telegram) tornaram essa tarefa impossível. Como resultado, a entrega de armas, munições e outros equipamentos de fabricação ocidental que antes era liderada por países como EUA, Reino Unido, Polônia, Estados Bálticos, etc. parece estar desacelerando. Embora Londres tenha sido a primeira a prometer blindados pesados e mísseis de longo alcance, bem como baniu munições de urânio empobrecido que podem deixar consequências desastrosas, agora está recuando silenciosamente de seus compromissos de combater a Rússia "até o último ucraniano".

Ou seja, o comando do Reino Unido está agora buscando "garantias" das forças do regime de Kiev que "garantam" que nenhum MBTs (tanques de batalha principais) "Challenger 2" fornecidos pelo Reino Unido seja destruído ou capturado pelos militares russos. Além das ROE (regras de engajamento) efetivamente impossíveis, Londres quer que a junta neonazista siga outros requisitos rígidos que também se aplicam a todos os seus movimentos, mesmo em partes ocidentais da Ucrânia, que fica a centenas de quilômetros da linha de frente. Isso inclui pedidos especiais de armazenamento para evitar ataques de longo alcance, o que efetivamente torna o "Challenger 2" o sistema de armas mais mimado do conflito.

"Imagine o golpe de propaganda de um Challenger 2 capturado e intacto sendo desfilado na Praça Vermelha em Moscou! Não dá para pensar", disse o tenente-coronel britânico Stuart Crawford ao jornal britânico Daily Expresshá alguns meses.

Parece que o Reino Unido está agora a "expressar frustração" com a forma como os seus MBTs estão a ser usados, queixando-se de que as "garantias" dadas pelas forças do regime de Kiev são "simplesmente insuficientes". Com medo de pesadas perdas, como demonstra o desempenho desastroso dos MBTs alemães, há muito considerados os melhores da OTAN, Londres está procurando maneiras de limitar seu uso pelas forças da junta neonazista, a fim de evitar um destino semelhante para seus MBTs premiados. Curiosamente, Washington DC parece estar fazendo exatamente a mesma coisa, pois também tem sido estranhamente silenciosa, um contraste gritante com a promessa anteriormente orgulhosa de enviar seus MBTs M1 "Abrams".

Em janeiro, argumentei que as armaduras pesadas ocidentais, incluindo o britânico "Challenger 2", o americano M1 "Abrams" e o alemão "Leopard 2" simplesmente não são adequados para o regime de Kiev, pois não foram projetados para lutar em tal terreno ou sob tais condições (completa falta de superioridade aérea e extremamente limitado ou mesmo inexistente CAS (apoio aéreo próximo)). O mesmo vale para o veículo blindado de combate (AFV) "Bradley" de fabricação americana e os contratorpedeiros franceses de tanques de rodas AMX-10. Os tanques de fabricação ocidental são famosos por seu tamanho e peso, sendo até 30% maiores e mais pesados do que seus homólogos soviéticos/russos.

Pesando 75 toneladas com módulos de blindagem de combate adicionais, o "Challenger 2" é quase duas vezes mais pesado que o T-64BV ucraniano (38 toneladas), que é o tanque mais usado do regime de Kiev. A extensa experiência soviética da época da Segunda Guerra Mundial e as propriedades pedológicas das áreas ocidentais da ex-URSS levaram a superpotência a construir tanques mais leves, já que veículos mais pesados quase sempre ficavam irremediavelmente presos em um oceano de lama causado pela infame rasputitsa. Evidências de vídeo e fotos mostram até tanques russos e ucranianos ficando atolados, forçando suas tripulações a abandonar os veículos para evitar ATGMs.

E, de fato, mesmo alvos altamente móveis foram retirados pela infantaria armada com ATGMs (mísseis guiados antitanque), como o russo 9K135 "Kornet", tornando a blindagem pesada imóvel um alvo muito mais fácil, mesmo para artilharia que normalmente é usada contra objetos estacionários. Mesmo os APCs (veículos blindados de transporte de pessoal) muito mais leves da era soviética têm problemas para se mover através da lama das estepes, tornando virtualmente impossível realizar manobras off-road para ambos os lados. Por sua vez, isso força as unidades militares a usar estradas, tornando-as alvos mais fáceis para aviões de guerra, drones, artilharia, helicópteros de ataque e a já mencionada infantaria armada ATGM, etc.

Com isso em mente, colocar em campo os tanques de fabricação ocidental muito mais pesados, como o "Challenger 2" (e outros blindados de origem da OTAN) provou ser não apenas militarmente inútil para o regime de Kiev, mas também bastante mortal para inúmeros ucranianos recrutados à força que foram mortos inutilmente durante as recentes operações de contraofensiva contra os militares russos. Com isso em mente, ao negar ou pelo menos adiar o uso de seus MBTs "Challenger 2" na Ucrânia, o Reino Unido pode estar poupando a vida de muitos ucranianos. É claro que isso está sendo feito de forma completamente inadvertida, já que Londres é um dos mais proeminentes defensores da abordagem "até ao último ucraniano".

Ler/Ver em South Front:

Challenger 2 Tanque de Batalha Principal Britânico – Infográficos

Tanques russos T-90M superam Leopard alemão 2, britânico Challenger 2 e americano Abrams: Medvedev

Reino Unido dobrou número de tanques Challenger 2 para a Ucrânia

Bombas de fragmentação aproximam mundo de nova guerra mundial, diz embaixador

O embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, considerou a decisão de enviar bombas de fragmentação para a Ucrânia como mais uma provocação dos EUA que "aproxima a humanidade de uma nova guerra mundial"

Antonov descreveu a ação dos EUA como um "gesto de desespero", mostrando que os EUA "e os seus satélites se aperceberam da sua impotência".

Neste sentido, o representante russo denunciou "a brutalidade e o cinismo" das autoridades norte-americanas ao abordar "a questão do fornecimento de armas letais a Kiev".

O embaixador russo disse que "as provocações dos EUA estão realmente fora de escala" e Washington está "tão obcecado com a ideia de derrotar a Rússia que não se apercebe da gravidade das suas ações".

A interferência da potência ocidental "só causa mais vítimas e prolonga a agonia do regime de Kiev", lê-se num comunicado divulgado pela embaixada russa na plataforma Telegram, na sexta-feira.

A Rússia também denunciou que os Estados Unidos "ignoraram as opiniões negativas dos aliados sobre os perigos do uso indiscriminado de munições de fragmentação", assim como "fecharam os olhos às vítimas civis".

No entanto, Antonov garantiu que o fornecimento de armas ocidentais "não impedirá de forma alguma a realização dos objetivos da operação militar especial destinada a erradicar as ameaças à segurança da Federação Russa, incluindo o nazismo alimentado na Ucrânia".

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