Artur Queiroz*, Luanda
Acomodados no Jornalismo é crime sem perdão. Os serventuários do poder podem acomodar afilhadas e afilhados nos cemitérios, daí não vem mal ao mundo. Nas comissões multissectoriais ficam bem. Ganham muito, produzem nada e fazem banga. Ou na maioria dos Ministérios. Mais ajudante incompetente menos ajudante incapaz tanto faz ao Titular do Poder Executivo. O ministro dos Transportes já nos brindou com o metro de superfície em Luanda e agora está a trabalhar no teleférico urbano da capital. Nós com salários rastejantes mas voando alto, por cima do governador Homem. Um luxo.
A Redacção Única, centrada em Lisboa e noutros antros de propaganda contra Angola, insiste nos ataques aos Media do sector empresarial do Estado. Puro engano. Não conseguem defender a sua casa, quanto mais o MPLA, o Titular do Poder Executivo e Presidente da República. Debitam a propaganda primária de uns quantos ministérios e ficam por aí. Não têm peito para mais. Nem sabedoria. Muito menos ciência. Porque insistem em enxamear as Redacções com acomodadas e acomodados, sem ofício nem oficina. Para dar lugar a chusmas de incompetentes correm com as e os profissionais. Atiram para oi lixo com os cabelos brancos da experiência, do saber fazer de olhos fechados.
Hoje a censura tem a forma de bombardeamento informativo. Os donos das autoestradas da comunicação disparam milhares de fragmentos de informação e os destinatários ficam aturdidos. Não apanham uma. Embrulham tudo em entretenimento, “jornalismo investigativo” e sensacionalismo barato. A informação que conta esmaga-se contra esses rochedos de alienação. Somos os nossos próprios censores. Já não soltamos um grito de revolta, um pio de protesto. Nada. Aceitamos as manobras fascistas, nazis e neocolonialistas como se fossem da casa. Nossa família!
Deixem os Media públicos
Um General da Força Aérea Nacional, fardado e apresentado como segundo comandante daquele ramo das Forças Armadas Angolanas concedeu umas entrevista ao canal Girassol. O repórter coitado é ignorante. Não sabe que os membros das Forças Armadas têm regras específicas de conduta. Não podem fazer política nem nada parecido. Mas fez a entrevista ao General fardado e apresentado como membro da sociedade castrense. No canal deve haver um editor. Coitado é ignorante. Não sabe o óbvio ululante e editou a entrevista biográfica. O canal tem um director. Coitadinho, é acomodado, não sabe o que faz. Até que alguém descobriu que o entrevistado fez política, algo que lhe está vedado.
Face a esta realidade a entrevista do biografado não foi para o ar. Não é censura! Foi para proteger o entrevistado. Proteger a sociedade castrense que é o melhor que temos. Porque em rigor aquele entrevista é um pronunciamento militar. Um golpe de estado com lágrimas, que qualquer um de nós verte pelos milhões de angolanas e angolanos que passam mal.
A Redacção Única apressou-se a dizer que “o MPLA censurou a entrevista”. Se o partido teve alguma coisa a ver com isto, foi para proteger os jornalistas, o entrevistado e a sociedade castrense angolana que merece o máximo respeito e consideração.
Nada de confusões. Subscrevo tudo o que foi dito pelo General biografado. Tudo. Mas eu não estou sujeito a um regulamento de disciplina militar. Não sou comandante da Força Aérea. Não estou sujeito ao código de justiça militar. Sou um paisano irremediável. Não contem comigo para fazer parte de uma instituição em que andam todos vestidos da mesma maneira. Como repórter dou tudo para defender a Pátria Angolana. Os nossos órgãos de soberania e seus titulares. Mas criticando sempre que for preciso.
O jornalista Julian Assange foi hoje libertado da prisão de alta segurança em Londres, ao fim de cinco anos. No ocidente alargado os jornalistas são tratados como párias. Em situações extremas levam com o rótulo de criminosos. Basta incomodarem o estado terrorista mais perigoso do mundo e seus vassalos. O fundador do WikiLeaks foi vítima de uma armadilha montada pelas autoridades judiciárias do Reino Unido e da Suécia. Para não ser preso refugiou-se na Embaixada do Equador em Londres, onde esteve sete anos. Por ser Jornalista cumpriu 12 anos de prisão, cinco dos quais numa cadeia de alta segurança!
Assange foi preso pelo MPLA? A penitenciária de segurança máxima Belmarsh fica em Luanda? Entre milhares de jornalistas em todo o mundo, apenas uma minoria, algumas dezenas, denunciaram este crime contra a Liberdade de Imprensa. Este bárbaro ataque aos Direitos Humanos. Os britânicos não estiveram com meias medidas e meteram Assange numa prisão só para bandidos perigosos!
Os “democratas” que governam os países da União Europeia estiveram em silêncio cúmplice, durante 12 anos, até hoje. Nem um se pronunciou sobre a libertação do jornalista Julian Assange. Os simpatizantes de jornalistas, a criadagem dos donos, silêncio. Como se hoje não fosse um grande dia para o Jornalismo e a Liberdade de Imprensa.
Em Portugal existe um jornal chamado “Público”. Como ninguém lê aquela porcaria dizem que é “de referência”. Sobre a libertação de Julian Assange escrevem isto: “O denunciante aceitou declarar-se culpado de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais, num acordo com a justiça dos EUA, e já saiu da prisão”. Um Jornalista que revelou a verdadeira face do estado terrorista mais perigoso do nundo é apresentado por esse papelito inútil como “o denunciante”.
Assim vai o Jornalismo. O MPLA tem alguma coisa a ver com este descalabro? Não tem. Desde a sua existência que abraçou a Liberdade de Imprensa. Em 1974 lutou ao lado dos Jornalistas Angolanos pela Liberdade de Imprensa. Alguns profissionais que lutaram nessa trincheira ainda estão vivos. Têm o dever de fender o MPLA de mentiras e calúnias.
Depois da Independência Nacional o MPLA também promoveu falsos profissionais, oportunistas e acomodados. Mas desse lixo não reza a História. Ainda que cause muitos danos ao fabuloso Jornalismo Angolano, que nasceu há 180 anos! Temos passado e memória.
* Jornalista
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